A rua

A rua Ann Petry




Resenhas - A rua


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Pablo Paz 23/11/2021

Estou lendo
Marquei como lido devido a outra edição (em espanhol), mas a desta editora merece ser divulgada e já adquiri um exemplar. Esse livro, publicado em 1946, está em pré-venda, e é uma daquelas obras em que temas que hoje nos aparecem como novos já foram tratados há pelo menos duas gerações, como a dupla jornada feminina e a experiência da maternidade como mãe solteira.

Dois ótimos motivos para lê-lo: pelos temas entrelaçados (é interseccionalidade que fala?) e pela qualidade da obra. O estilo e a proposta literária da autora se sustentam e valem por si mesmos. Biscoito-fino!

site: https://carambaia.com.br/a-rua-ann-petry?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=pre-venda&utm_content=a-rua
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Pandora 25/07/2022

Eu acho que uma narrativa que amorna em determinados trechos não constitui um problema - caso o todo compense -, mas acredito que as primeiras páginas têm que nos fisgar. Ann Petry começa esta narrativa nos apresentando à personagem principal do livro, a rua do título, e a autora é tão convincente que me senti lá, numa noite de ventania no Harlem dos anos 40, papéis e poeira pelos ares e sujeira entrando nos olhos e se enroscando pelas pernas, dificultando os movimentos.

Ann Petry me conquistou ali. E foi mais além.

Naquela rua estava Lutie Johnson, que procurava um apartamento com aluguel barato para onde pudesse se mudar com seu filho Bub, de oito anos, fugindo da casa do pai e de sua recente namorada, uma desocupada que Lutie julgava ser uma péssima influência para o filho. Ela não tinha ilusões quanto ao tipo de lugar pelo qual poderia pagar: pequeno, sujo, caindo aos pedaços e com uma vizinhança encrenqueira, mas pensava que seria melhor do que a casa do pai e um passo no caminho de uma vida mais próspera, pois além da admiração por Benjamin Franklin, ela aprendera quando trabalhara como empregada para os Chandler, que “qualquer um poderia enriquecer se quisesse, se trabalhasse duro o suficiente e planejasse bem”. O tal “sonho americano”.

Porém Lutie é mulher. É negra. É jovem e bonita. E não tenciona viver às expensas de homem nenhum. Na “rua”, ela vai percebendo que o sonho americano é para todos. Menos alguns.

Esta narrativa é sobre as tentativas de Lutie de seguir em frente e prosperar, porém sentindo que a rua a puxa para trás; mas é também sobre muitas outras coisas: racismo, pobreza, desigualdade, sexismo, poder, decadência.
É sobre Lutie, mas também sobre Jones, a sra. Hedges, Junto, Boots e Min; sobre como chegaram até ali onde suas vidas se cruzaram. E sobre Bub e seu futuro incerto naquela rua que os classificava. Que os segregava. Que também os desumanizava.

E o final? Gente, eu não estava preparada para isso.

Notas;
1. A rua foi o primeiro romance de uma autora negra a superar a marca de 1 milhão de exemplares vendidos nos Estados Unidos (vendeu 1,5 milhão de cópias).
2. Com ele, Ann Petry ganhou o prêmio Houghton Mifflin de escritora iniciante.
3. Junto (junta) - no livro o nome do personagem branco e bem sucedido - é um termo que teve origem na política inglesa do final do séc. XVII e início do XVIII, levado para os Estados Unidos por Benjamin Franklin, que fundou um clube na Filadélfia com esse nome. Criado a partir dos cafés ingleses que ele conhecia bem e que se tornaram centro de disseminação de ideias iluministas, o Junto de Franklin era formado por aspirantes a artesãos e comerciantes, que promoviam discussões e leituras objetivando que seus membros “melhorassem a si mesmos enquanto melhoravam a comunidade”.
4. Ann Petry era formada em Farmácia, assim como seu pai. Sua tia foi a primeira mulher farmacêutica em Connecticut. Após o casamento, mudou-se para Nova York e trabalhou como jornalista e escritora, estudou escrita criativa e trabalhou num projeto extraclasse no Harlem.

Fontes: Carambaia, Wikipédia e HMH.
Naty__ 25/07/2022minha estante
Já estou adicionando aqui na lista, De ?


Pandora 25/07/2022minha estante
Nat, vale a pena. Muito bom!


Naty__ 25/07/2022minha estante
Eu adoro suas dicas. Sempre adiciono na lista haha. Obrigada ??




Eguadapoesia 29/08/2023

Você engole a rua ou a rua te engole?
"A Rua" (título original "The Street") é um romance escrito por Ann Petry, lançado em 1946. A história se passa no Harlem, bairro de Nova York, durante os anos 1940, e retrata a vida difícil e as lutas enfrentadas por uma jovem mulher chamada Lutie Johnson. Ela é uma mãe solteira que se muda para a cidade com o objetivo de proporcionar uma vida melhor para seu filho Bub.

Ao longo do livro, Petry explora temas como raça, gênero, pobreza e as limitações impostas às mulheres negras na sociedade da época. Lutie enfrenta desafios ao tentar encontrar um lugar seguro para viver e um emprego que a sustente, enquanto lida com a discriminação e a exploração.

O enredo destaca a vida precária dos moradores da rua em que Lutie reside e como ela é afetada por suas interações com diferentes personagens, incluindo o senhorio ganancioso e homens que a assediam.

"A Rua" é um retrato realista e impactante da vida urbana e das injustiças sociais enfrentadas pela comunidade negra nos Estados Unidos naquela época.
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Conça 05/11/2023

Minhas impressões, opiniões e sentimentos?
Nota 4.0

ANN PETRY (1908-1997), romancista, contista e autora de livros infantis, foi uma das autoras americanas mais eminentes.
Ann iniciou seus estudos na área de farmacologia e, em 1934, recebeu seu diploma pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Connecticut. Trabalhou como farmacêutica registrada em Old Saybrook e em Lyme, e durante essa época escreveu uma série de contos. Quando se casou com George David Petry em 1938, o curso de sua vida mudou. Eles moravam na cidade de Nova York, e Ann foi trabalhar para o Amsterdam News, no Harlem. Em 1941, passou a cobrir as últimas notícias e a editar a seção dedicada às mulheres no People's Voice, no Harlem.

O livro define a temática sobre o racismo, sexismo, pobreza e a fragilidade humana. Minha primeira impressão foi a força emblemática dessa narrativa.

Um romance profundo e envolvente, apesar de repetitivo. Talvez seja um recurso da autora para enfatizar o psicológico dos personagens.

Ao ler essa obra tive a oportunidade de aprofundar nessa cultura das mulheres negras e pobres dos Estados Unidos, e, ao mesmo tempo, perceber o quanto ela concatena com a realidade de outras culturas. Impossível não fazer uma correlação com a história de tantas mulheres negras e pobre do Brasil.

O coração pulsante de A rua é Lutie Johnson, uma mãe solteira de um menino de 8 anos de idade. No fundo uma mulher tradicional, Lutie se casou com seu amado, antecipando algumas dificuldades, mas, no geral, ela esperava viver uma vida feliz e respeitável. No entanto, a realidade se intrometeu nesse sonho.
A união não pôde suportar as tensões diárias do casamento atreladas aos desafios financeiros causados pelo racismo pernicioso e à pressão para o único trabalho possível para Lutie como empregada doméstica. Ele trai; ela vai embora. Desanimada, mas não derrotada, Lutie segue inspirada por Benjamin Franklin, convencida de que "qualquer um poderia enriquecer se quisesse, se trabalhasse duro o suficiente e se planejasse bem".

Um narrador observador que tem conhecimento dos dramas psicológicos de cada personagem conduz a narrativa com fluidez e simplicidade, fazendo com que o leitor, a cada página esteja mais atento aos seus sentimentos e suas atitudes irracionais.

Personagens complexos e individualistas, extremamente egocêntricos que maltratam, tiram vantagens de pouco valor com os seus, dando um novo curso a vida alheia sem o menor remorso. Seria, portanto, uma justificativa para sobreviver nessa selva?

As impressões, opiniões e sentimentos após a conclusão dessa leitura são inúmeros, e, na maioria, todos negativos. Uma sensação de desconforto, de repetição de sofrimento da minha raça, de questionamentos psicológicos e filosóficos. Qual o sentido da vida? Por que o outro consegue infligir tanto sofrimento aos seus? Por que somos subjugados por esse sistema?
Enfim, são muitas perguntas sem resposta?

Recomendo a obra para todos os tipos de leitores e de qualquer classe social para que se aproximem nem que seja um pouquinho da realidade invisível que insistimos em negar.
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