De Noche, Bajo El Puente de Piedra

De Noche, Bajo El Puente de Piedra Leo Perutz




Resenhas - De Noche, Bajo El Puente de Piedra


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Henrique Fendrich 05/12/2021

Muito se elogia a literatura judaica, mas a verdade é que pouco se lê a literatura judaica. Há livros maravilhosos publicados no Brasil de contos escritos originalmente em ídiche ou hebraico, mas eles são desconhecidos do grande público e até de quem gosta de ler. Encontrei agora outro excelente livro de contos judaicos, esse escrito em alemão e com tradução para o espanhol: “De noche, bajo el puente de piedra”, de Leo Perutz.

O livro é composto por 15 contos cuja narrativa se passa em Praga entre os anos de 1589 e 1621. Trata-se, portanto, de contos com uma base histórica, à qual o autor aplica a sua ficção. Embora funcionem de maneira independente, os contos estão interligados e ganham significado conforme a leitura avança. O principal núcleo da obra envolve o imperador Rodolfo II, a judia Ester, por quem se apaixonou, e o marido dela, o judeu Mordejai Meisl, rico comerciante a quem o próprio imperador precisou pedir ajuda.

Leo Perutz é um narrador exemplar (entre aqueles que lhe elogiaram está gente como o Borges). Ele cria uma atmosfera muito envolvente e com personagens bem significativos. Um dos destaques é o conto “La estrella de Wallenstein”, em que o próprio Kepler é um dos personagens. Nessa trama há conspiração, traição, romance, de tudo um pouco. Excelente também é a história de “El alquimista olvidado”. Um alquimista compromete a própria cabeça com o imperador Rodolfo II, dizendo que até tal data conseguiria transformar objetos em ouro. Como não consegue, ele resolve se esconder. Acontece que o imperador nem se lembrava mais do alquimista: já havia conseguido com o judeu Meisl uma forma bem mais segura de obter ouro.

Na atmosfera criada pelo autor, há espaço também para os eventos “sobrenaturais”, nos quais se sobressai o conto em que um judeu consegue entender o que conversam dois cachorros na prisão e também um em que os mortos se reúnem no ano-novo para anunciar quais os vivos “mudariam de condição” no decorrer daquele ano. Por acaso, dois pobres comediantes judeus ouviram tal assembleia e o nome de um deles foi pronunciado...

No mais, dramas variados envolvendo os judeus de Praga, bem como o imperador Rodolfo II e suas superstições e esquisitices. As histórias não estão em ordem cronológica, mas seguem até um pouco depois da Batalha da Montanha Branca, que acabou com a independência da Boêmia.

Livro e escritor excepcionais, da excepcional literatura judaica.
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