Djeison.Hoerlle 04/02/2022
Eu não posso dizer que eu esperava algo excepcional, afinal embora a figura do Alexandre Callari seja, a nível pessoal, uma grande fonte de inspiração para mim, muito por conta de toda a sua resiliência, no quesito autoral, não enxergo muitas qualidades que eu tenha algum tipo de apreço. Eu li sem compromisso.
Em poucas páginas, no entanto, me surpreendi ao me perceber realmente envolvido pelo enredo de Arena. O roteiro tem cada peça em seu devido lugar, e esforça-se para construir uma base bem sólida para os três personagens de maior ênfase, sustentando todos os acontecimentos do roteiro de forma crível.
Há ainda um charme de filme noir na arte de nanquim aquarelado usada por Alan Patrick que parece trazer uma cara de filme antigo, lembrando até mesmo Touro Indomável, muito devido à temática.
Há alguns aspectos que me incomodaram, como de praxe. Visualmente, talvez, o fato do Alan simplesmente não desenhar narizes femininos. Mas o que pesou mais é a personalidade genérica (ou a ausência de uma) no protagonista, Rômulo. A transição de sua personalidade carrancuda e quieta parece quase que uma reação instantânea à chegada de Ana em sua vida, o que denota ou uma falta de tato narrstivo nesta progressão, ou uma gadice escancarada, o que sinceramente, nem é um problema tão grande.
Isso porque mesmo que se assemelhando muito mais em sua entonação a um clássico oitentista de Hollywood do que a esses tantos quadrinhos que propõem um mergulho na psique de personagens (que em muitos casos sequer temos tempo para nos interessar), Arena é inegavelmente cativante, a ponto de cativar até mesmo eu, que passo longe desses materiais que fedem a testosterona. Não somente uma história de massaveio com personagens humanizados, mas uma história de humanos com traumas, desilusões e sonhos. E ok, de massaveio também.
Recomendo, uma ótima leitura!