Dhiego Morais 13/04/2022Uma bomba (e é sobre isso)#liemderryresenhas | Órbita de Inverno | Everina Maxwell | @editorasuma | Space Opera Queer | 360p
? Hoje é dia de polêmica (insira sonoplastia do Programa do Ratinho aqui) ?. Vamos falar da bomba que se tornou essa leitura?
Com a proposta de ser uma inovadora Space Opera Queer, um ? Sci-fi representativo ?, um épico espacial recheado de intrigas interplanetárias, de tecnologias alienígenas e de aventuras divertidas e romances inesquecíveis e sexies, Everina Maxwell literalmente promete tudo e não entrega quase nada.
Iskat é um planeta pertencente a um vasto império de colônias planetárias governados pela figura de uma Imperadora (Imperatriz?) e que segue um trato galáctico denominado de "A Resolução", assinado a cada 20 anos +/-. Com a morte do príncipe consorte Taam, de Iskat, casado há pouco com o Conde de Thea, o Império corre risco de não ter a Resolução validada pelo Auditor, se for percebida qualquer instabilidade diplomática.
Em busca de mascarar a situação, a Imperadora ordena que seu neto (um de muitos), príncipe Kiem, se case com Jainan, Conde de Thea.
E é aqui que tudo é executado muito mal.
A proposta de um romance sexy e apaixonante entre Kiem e Jainan não ocorre. Os dois passam muito tempo se evitando (ah, isso é romance slow burn ? ? mal executado), se afundam em CENTENAS de pedidos de desculpa (é irritante) e ensaiam diálogos sofríveis. Não há química nenhuma entre eles.
Ah, e o Sci-fi? Mal existe. Star Wars é mais Sci-fi do que esse livro. A autora não desenvolve o império/universo que criou, nem se preocupa em criar um cenário, uma ecologia, flora e fauna, nem amplia a diversidade de raças e povos dos planetas aos leitores ? que ficam só imaginando.
Há um plot de mistério (um noir), uma tentativa de criar um suspense sobre a morte de Taam, mas que só é abordado de verdade por volta de 75% do livro. E o plot é horroroso (com direito a abordar violência doméstica sem qualquer cuidado, só para chocar o leitor e tentar dar profundidade a uma das personagens).
O único ponto positivo se dá por uma inovação no uso de uma linguagem neutra e uma preocupação em criar uma sociedade na qual gênero não é um tabu.
Há representatividade não-binária e gênero fluído, por exemplo.
Eu queria muito, muito mesmo ter amado esse livro. Tinha tudo para de fato ser um épico espacial Queer, mas a autora não soube executar nada do que se propôs. Faltaram diálogos mais naturais, com discussões importantes e mais aprofundadas; faltou MUITO um desenvolvimento das protagonistas, Kiem e Jainan, um cuidado no desenrolar do relacionamento entre os dois, na formação de uma química, de um desejo ascendente; faltou uma maturidade na criação do cenário, do universo de sua Space Opera, que mal teve atenção; faltou TRAMA; faltou o desenvolvimento da política interplanetária, dos motivos, das consequências, da história (não, não há política e a parca tentativa é digna de centavos); faltaram diálogos, raças, cultura, uma vez que a diversidade mais se dá em maior parte só nas questões de gênero; faltou ser ÉPICO, ser SCI-FI, ser ROMÂNTICO, ter SUSPENSE.
Infelizmente o romance de estréia de Everina, que pode ser considerado um livro único, não se sustenta sem o esforço do leitor, ignorando cada falha.
? Dito isso, minha nota é: 1/5 ?, uma bomba.
"Ah, então você não recomenda rs?". Surpreendente, sim, recomendo. Cada um se conecta de alguma forma com cada livro. Eu posso ter detestado, mas nada impede que você ame cada momento do livro. E tá tudo bem também.
? Se você já leu esse livro, comente aqui embaixo!