Resenhas - Pesado

Mayara 13/01/2022

Pesado mesmo
Eu não tenho palavras pra escrever algo digno desse livro.

Se tornou um dos meus favoritos, é por histórias como esta que eu assino a TAG ?

Leitura incrível.

Amanda 20/02/2022

?Uma memória, uma confissão, uma catarse.?
Leitura simples e bem fluída.
Os relatos do autor me fez pensar (e repensar) em vários pontos da minha própria vida.
Até que ponto somos livres?
O que realmente é a liberdade?
Qual é o impacto que minhas relações tem na minha vida?
Simplesmente indico super a leitura!

Mari Pereira 06/02/2022

É um bom livro. Leitura ágil, escrita que envolve. Boas sacadas em algumas cenas. E mesmo com esse título, o livro possui alívios cômicos muito bem-vindos.
Gostei da forma que o autor fez um uso tão inteligente da semântica das palavras, e também como mobilizou algumas categorias de memória por meio dos silêncios e dos não ditos.
Mas, em geral, a narrativa me pareceu um pouco roteirizada demais. Reflexões e elaborações profundas sobre si apareceriam às vezes como conselhos fáceis de um companheiro de quarto, ou num bilhete amassado.
E me incomodou o fato da história que mesmo com seus percalços e dificuldades, seguir essa estrutura narrativa tão linear e monótona, apesar do caos que pretendia narrar. Assim, senti como que um descompasso entre a forma e o conteúdo.
Acredito que isso fez com que o livro, mesmo sendo bom, não me arrebatasse...

Helena Dias 07/01/2022

Um título real! (DLL22: Um livro com narração em primeira pessoa)
Esse livro chegou para mim através da TAG deste mês, dizendo ser uma referência para quem escreve autoficção. Não sei como será para as próximas pessoas que lerem essa obra, mas para mim a ficção passou longe daqui.

A história é narrada no formato de cartas do protagonista para a sua mãe. Através delas, acompanhamos a vida e questionamentos de um garoto preto e gordo desde a infância até a vida adulta. Temas como racismo, abuso, misoginia, gênero e corpo e etc. são abordados de uma maneira crua, sem qualquer preparação para o que esta por vir.

A realidade da população preta nos EUA é jogada na nossa cara de forma brutal. Somos levados por caminhos tortuosos entre relações tóxicas, vícios, mentiras, sentimentos, a busca por aceitação, a tentativa de se encaixar dentro de uma padrão...

O enredo por completo é uma crítica profunda e autêntica, que desenterra o que há de mais PESADO dentro de nós.

Pedro Sucupira 15/02/2022

2022 LIVRO 8 – Pesado, por Kiese Laymon
Um livro autobiográfico onde Kiese Laymon relata episódios da sua infância, adolescência e juventude. O título, pesado, faz alusão tanto ao peso do protagonista, que aos 12 anos já pesava mais de 100 kg e a partir daí vive em um ciclo infinito de autopunição que varia entre comer excessivamente em um extremo e passar fome praticando exercícios à exaustão no outro, e aos relatos intensos e perigosos cheios de violência e racismo que Kiese teve que conviver durante toda vida.

Apesar da escrita fluida e fácil de interpretar, esse não é um livro agradável e fácil de ler por efeito do seu conteúdo. Parecia que uma aura de angústia me envolvia sempre que retomava a leitura. Vários parágrafos se transformaram em gatilhos que me deixaram ansioso e triste, revelando traumas sofridos e causados. Por ser uma pessoa que por muito tempo não questionei comportamentos e pensamentos, propagando todos os preconceitos estruturais existentes, com toda certeza, esse é um livro que me fez refletir.

Há tudo isso, você acrescenta os relatos tão carregados de injustiça, em que jovens brancos ricos são absolvidos em situações que levaram negros a cumprir condenações de mais de trinta anos na prisão, que te causam uma revolta e desgosto tão grandes que a vontade que eu tinha era de vomitar.

Resumindo, um livro lindo, intenso, dilacerante, devastador, um soco no estômago, aquela chamada para acordarmos e nos autoquestionarmos. Totalmente necessário.

#pesado #kieselaymon #literaturaafroamericana #livro #escritoresnegros #literaturanegra #taglivros #tagcuradoria

Gigio 26/01/2022

Pesado, contudo, brilhante
Essa obra é um soco no estômago. Joga na sua cara a realidade nem sempre visível, pois ou está disfarçada, ou nossa miopia cultural não nos deixa enxergá-la.
De modo honesto e cru, Kiese nos mostra como os afrodescendentes inseridos em ambientes racistas, e aqui consigo ver paralelos com outras minorias em ambientes também preconceituosos, precisam dedicar-se em dobro, trabalhar em dobro, lutar em dobro, alcançar o dobro, serem excelentes o dobro, com apenas a metade das ferramentas, oportunidades e recursos, para receberem uma parte apenas do que os brancos recebem.
Kiese não usou metáforas para disfarçar as suas fraquezas, não embelezou a sua batalha. Não há perfeição. Nossa vida é feita de erros e acertos. Às vezes superamos a dificuldade no primeiro tombo, em outras são necessários muitos tombos para evoluir. Mesmo quando acreditamos ter superado, podemos voltar a cair.
Essa é uma daquelas obras para releitura. Impossível apreender tudo em uma única leitura.

Margô 28/05/2022

A dor de ser negro pesa...
A priori não considero Pesado um soco no estômago. É uma cacetada bem dada em uma história com rastro de sangue que até hoje povoa o Sul dos EUA. Veio na hora certa!
VIDAS NEGRAS IMPORTAM!
Um livro de memórias de um rapaz negro bem sucedido, que apresenta as dificuldades em crescer em um lar destroçado, sendo espancado impiedosamente, com pai ausente, e em passar pelo funil da discriminação, conseguir estudar, entrar na Universidade, e não se comportar como uma vaca de presépio... É um retado!

É isso que vi no livro Pesado. Gostei muito de acompanhar uma trajetória de uma criança que cresce apanhando dentro e fora de casa. Gostei da superação. Do amor que este menino- homem cultivou...nem sei de onde ele resgatou a semente!
De uma mãe abusiva, mas que o mundo da leitura e escrita, um faz um filho amoroso. Ele é um ser único!!

O PESADO, fica leve diante do que li das memórias de Conceição Evaristo, do Hibisco Roxo de Chimamanda, de Baratas de Escolastique, e de uma série de falas negras que lá ou cá ( EUA ou Brasil) não se diferem quando o assunto é segregação, RACISMO.
Boa obra. Bom escritor.
Eu leria outra obra dele.
Preciso dizer mais alguma coisa!?

Saudações Literárias!

Wagner269 22/01/2022

P E S A D O
https://link.medium.com/CDM3Ri4O1mb

P E S A D O ? Klese Laymon

Pesado é um livro sobre pessoas que andam por aí em carne viva, e sentem que a todo instante as pessoas metem a mão nessa carne viva. Não. Pesado é sobre a história de como os negros andam por aí em carne viva e não querem que os brancos metam a mão nessa carne viva. É um livro sobre como quem é negro, precisa necessariamente ser duas vezes mais excelente e duas vezes mais cuidadoso e ser duas vezes mais excelente do que os brancos vai conseguir metade do que eles conseguem.
Mas como você vai ser duas vezes melhor, se você tem que lutar doze rounds com asma e bronquite? - (Mano Brown e Criolo)
Kie é um menino pesado, um adulto pesado. E mesmo quando ele não é pesado, o peso ainda tá lá. Mesmo quando ele perde quase uma centena de quilos, o peso ainda tá lá. Marcado nas suas estrias negras, na sua pele negra, nas suas mãos negras, na sua voz negra. Na história dos abusos sofridos pelos negros, alguns relatados durante o livro, sofrido ou não por ele. O peso de Kie, é o peso de toda uma história de segregação, de discriminação, de terror psicológico, de doenças do coração e diabetes. De trabalho suado, de ganhar menos que os brancos, fazendo o mesmo trabalho.
A mãe de Kie, a quem ele se dirige nas 285 páginas, é uma mulher negra que entende que a única forma de conseguir não ser somente uma mulher negra que o homem branco faz dela o que quer, é se tornando pelo menos duas vezes mais excelente, e por isso ela precisa ter um filho que seja duas vezes mais excelente, e Kie sofre isso na pele, na violência que sofre enquanto menino.
Em dado momento você pensa, ?ei, cara, você já pensou toda essa merda que você ta passando e imagina tua mãe, que passou todas essas merdas e ainda estava te criando?.
E aí, no meu caso não teve como não fazer a transferência pra minha vida, não sou um menino grande do sul dos EUA, mas sou um menino descendente de negros do extremo sul de SP. Então eu li, como se aplicasse o antigo mertiolate ? aquele que ardia -, de uma vez!, sem pestanejar, devorando como Kie devorava os bolos red Velvet, ou correndo como ele corria os 9km de manhã e de noite!
Era melhor Kiese Laymon ter escrito uma mentira. Mas ele decidiu escrever sobre a memoria que a mãe, a avó e ele desejavam esquecer. Ainda que o Kie tente se justificar, a vida se dobra porque é pesada demais pra carregar sozinho

PS: O livro não deixa por baixo a curadoria de Alice Walker!, o autor deve estar muito feliz com isso, já que A Cor Purpura é citada no livro e na entrevista que ele dá para a TAG, ele diz que é o seu livro favorito.
Mais de uma vez me vi querendo saber o que pensa e o que passou a mãe de Kie. Claro que conhecemos um pouco dela através da visão dele, mas queria a percepção dela. Queria saber como ela conseguiu lidar com tanta coisa!

Rick Shandler 06/06/2022

Pesado - Kiese Laymon
Pesado é um relato autobiográfico cuja intensidade faz jus ao nome. Kiese expõe suas chagas jamais curadas e divide conosco suas dores, mostrando o quão difícil é ser negro e gordo numa sociedade que insiste em o avalizar pelo seu corpo.

O livro é uma confissão dolorida direcionada a sua mãe. Kiese e sua mãe construíram uma relação muito conturbada, onde há sim amor e carinho, mas há também muito abuso. Muito sofrimento. De todas as escolhas acertadas de Kiese Laymon nesse livro, a de escrevê-lo direcionado a sua mãe foi a mais acertada. Sua relação com a mãe é emblemática e define muito toda a problemática que o livro discute.

A mãe de Kiese é uma intelectual que dedica a vida a combater o racismo que tanto a maltratou. Tamanhas as cicatrizes deixadas pelo racismo em sua mãe que ela educa Kiese não pra viver, mas para sobreviver. Desde a infância Kiese é pressionado a dar o seu melhor, a ser melhor que seus pares brancos. Temer a polícia, não correr a noite na rua e cuidar a pronúncia de cada palavra.

Kiese é ensinado a aceitar que ele, por ser negro, estará sempre em desvantagem. Por isso para qualquer sucesso terá que se empenhar muito mais. Se ser negro já é uma desvantagem, ser gordo não é uma opção. Aos olhos de sua mãe, Kiese não pode se dar ao luxo de ter em seu corpo mais uma marca que o deixe pra trás. E assim sua mãe cria o ambiente ansiogênico que estará por trás de todo o desenvolvimento de Kiese.

Essa relação é cruel. Ler seu relato é um soco no estômago porque infelizmente não dá pra dizer que sua mãe esteja de todo errada. Vemos Kiese passar por situações horríveis relacionadas a sua cor e ao seu peso, como quando ele é expulso da faculdade ou quando desenvolve bulimia. No entanto, o terrorismo psicológico feito com Kiese por si só já é uma abuso tremendo assim como o racismo e a gordofobia. É compreensível que sua mãe queira defender o filho, mas a forma que ela faz é devastadora e nem um pouco benéfica. E é isso que machuca, quando vemos a opressão tornar o oprimido um opressor, mesmo que de forma inconsciente.

Pesado é um relato dolorido. Uma leitura nem de longe prazerosa, mas muito necessária.

Letícia 08/01/2022

Dilacerante
Completamente dobrada e cobrada por essa história.
Saio extasiada com o peso de viver em um país que também não está pronto pra discutir nada do que é dito aqui.

inasantos 19/02/2022

Pesado. Título perfeito.
Racismo estrutural, gordofobia, relações familiares... Tudo isso em memórias escritas na forma de "carta" para sua mãe.
O que me chamou atenção foi a banalidade com que o autor relatar tudo isso. Eu fiquei em choque, mas é como se para ele fosse banal mesmo. Triste, pesado.

Kelly.duarte 09/02/2022

Gostei do livro, porém achei raso, queria mais aprofundamento nos acontecimentos, que pra mim por muitas vezes ficaram corridos e sem muito significado! Mas entendo que o livro foi escrito como uma espécie de talvez um relato, ou carta para a mãe, porém achei cansativo e arrastado, não funcionou pra mim! Já li livros melhores sobre o tema, que me consientizaram muito mais, e fora que o relacionamento dele com a mãe é extremamente doentio e nada saudável e ele parece ver como se não fosse, isso me incomodou bastante ao longo da leitura!

Uiny 09/03/2022

O livro tem um ritmo e tema bem associado ao seu título, pesado. Falar de racismo nunca é fácil. Falar de racismo, gordofobia, vícios, relacionamento parental, abusos de poder, injustiça, etc., é mais difícil ainda. O Kiese Laymon nos entregou uma obra-prima para laboratório de como o negro ainda é tratado nos EUA, de como anos e anos de luta ainda se fazem necessários.

Apesar de ter vários momentos deste livro que identifico na nossa realidade (negros em sociedade) de forma muito transparente, tem momentos que ainda assim me machucaram demais. Um deles é a professora dizer que um aluno é repugnante por seu cheiro (P93), o que mostra o quão racista essa pessoa era e como ela é - infelizmente- comum. Quantos negros já não escutaram frases como “cheiro de negrinho”, “cabelo de negrinho”, “vestido como negrinho”, sempre de forma pejorativa e humilhante. Mas por que deveria ser?

Interessante ressaltar que muitos dos cenários do livro são acadêmicos, justamente pelo empenho do Kie na educação e o ambiente que sua mãe se insere e o leva. Assim, vemos muitos educadores desqualificados em lidar com o negro, a história negra, a herança de um povo que teve sua identidade roubada e ainda assim sofre como se fosse sempre o algoz da situação que lhe foi imposta.

A forma como Kie tenta emergir das profundezas o tempo todo e a mãe meio que puxa ele de volta é sufocante. Tive a sensação que ele lutava pra nada todos os dias de sua vida, desde a infância. Uma mãe abusiva, violenta… focada num perfeccionismo que ao mesmo tempo que sinto como exagerado, sinto como necessário. Sim, dá pra entender os motivos dela e ainda concordar parcialmente, afinal o negro nunca pode ser apenas bom, ele tem que ser o melhor para ocupar uma posição mediana.

Ler Kie me lembrou muito o Fred Hampton. A forma como ainda vejo algumas mídias caracterizar a luta dele como vandalismo, como um líder revolto que queria apenas causar bagunça… não tenho palavras para descrever meus sentimentos em relação a isso. Hampton morreu em 69 e Laymon nasceu apenas 5 anos depois e viveu nesse EUA que o Hampton queria mudar. Ele escreveu esse livro narrando como sofreu racismo em todas as esferas da sua vida, em todos os momentos que buscava fazer qualquer coisa. O cruzamento dessas duas vidas aconteceu na minha cabeça de forma natural, são dois homens que agora eu admiro que falaram sobre o que passavam num país racista.

Tal qual o Brasil também o é!

Algumas citações que me marcaram muito:
“Você disse que eu realmente precisava pensar sobre a diferença entre amar alguém e amar como essa pessoa fazia eu me sentir” (P118)
“Sempre vão existir cicatrizes por dentro e por fora do meu corpo, nos lugares em que você me machucou. Sempre vão existir cicatrizes por dentro e por fora do seu corpo, nos lugares em que eu te machuquei. Você e eu não temos nada e temos tudo do que nos envergonharmos, mas eu não sinto mais vergonha deste corpo negro pesado que você ajudou a criar. Eu sei que nosso belos e danificados corpos negros são os nossos pontos de inflexão” (P282)

Capítulos extremamente marcantes:
Precariedade e Convicções

Gilberto.Junior 21/01/2022

Sincero, sensível e pesado
Kiese Laymon escreve de forma clara e sincera suas memórias desde a infância, destacando momentos de sua vida como pessoa negra e obesa. O preconceito racial, a violência sexual, a gordofobia, as relações familiares abusivas, são temas desse livro que nos faz refletir sobre a necessidade de sempre continuarmos lutando contra esses tipos de violências que marcam a vida de muitas pessoas em todo mundo, principalmente as pessoas negras.

ekundera 13/01/2022

?Eles queriam ser amados, inspirados, protegidos e ouvidos?
Através de situações que resgatam momentos da sua vida, o autor vai nos mostrando suas difíceis relações familiares e os preconceitos enfrentados em suas várias formas. Vindo de um lar escangalhado, o autor é criado por uma mãe muito dura e cheia de problemas. Ao mesmo tempo, ele mostra o quanto a sociedade pode ter o poder de prejudicar pessoas vulneráveis, perpetuando preconceitos e injustiças de forma muito nociva. O livro tem uma narrativa honesta, bem direta e crua, com uma forma que demorei um pouco para me acostumar, principalmente ao usar repetições infinitas em vários momentos.