Brunna Brasil 23/12/2021
“O trabalho não nos dignifica; ele nos corrompe. O trabalho não nos faz livres; ele nos aprisiona."
Vou resumir a essência e minha sensação durante a leitura sem dar spoilers, mas saiba de antemão que esse resumo nem de longe cobre a experiência total que o conto trás. Digo isso porque apesar do disclaimer no início do conto (“obra de ficção, qualquer coincidência é só coincidência mesmo, etc”), é impossível não traçar paralelos com a realidade (o que toda boa ficção faz conosco, diga-se de passagem).
2112 é o último dos setores do “Sistema” e, até onde seus trabalhadores sabem, o pior deles para se viver. Teoricamente cada setor acima deles é melhor que o anterior em termos de qualidade de vida e recursos de trabalho, mas como nunca ninguém que saiu voltou para contar, não há certeza alguma sobre isso.
Anissa cresceu nesse setor, cujo lema é “ O Sistema é Justo!” e têm como meta juntar os 10 méritos necessários para poder se mudar para o nível 2111. É quando, provavelmente por um erro (no sistema que nunca falha) ela fica desobrigada de trabalhar. É nesse momento que ela decide visitar os outros níveis do Sistema e conhecer de uma vez por todas que diferenças há entre eles e o que a aguarda no lendário nível 0.
A partir daqui eu só posso convidá-lo a acompanhar Anissa em sua jornada ascendente (será mesmo ascendente?) pelo Sistema e seu funcionamento. Mas posso dizer que esse sistema, em muitos sentidos, não é tão diferente do nosso, nem em sua realidade nem nas ilusões que fornece para manter as engrenagens da máquina social girando.
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