Queria Estar Lendo 09/06/2022
Resenha: Os Seis Grous
Os Seis Grous é o primeiro volume de uma duologia de fantasia escrita pela autora Elizabeth Lim. É em partes releitura de um conto de fadas, em partes uma aventura envolvendo magia, maldições e demônios.
Shiori é uma princesa que não está nem um pouco animada com o casamento arranjado com um príncipe do norte. Ela vive no palácio imperial com seus seis irmãos, e tem privilégios até onde consegue encontrar; mas tem responsabilidades, também, que não condizem muito com sua ânsia por liberdade.
Além da vida real, Shiori esconde um segredo que poderia colocá-la em risco: ela tem magia. Suas palavras conseguem encantar coisas, e Shiori criou um passarinho de papel para ser sua companheira - a carismática Kiki.
No dia em que deveria conhecer seu noivo, Shiori foge e acaba caindo no rio, mas é salva pelo aliado mais inesperado: um dragão. A aliança com ele vai além da amizade, e envolve uma pérola encantada que salvou a vida da princesa.
É por seus atos de rebeldia e insubordinação que Shiori não parece se dar muito bem com a madrasta, e é em um desses atos que ela descobre uma verdade terrível sobre Raikama; a descoberta leva à punição, e uma maldição. Shiori é exilada e se torna irreconhecível, e não pode falar uma palavra, ou então um de seus seis irmãos morre. Igualmente amaldiçoados, eles se tornam grous ao amanhecer.
A partir daí, a princesa está por si só para encontrar uma maneira de quebrar essa maldição, salvar seus irmãos e a si mesma.
"Você é você, Shiori. O nó que nos mantém juntos, gostemos ou não."
Os Seis Grous é um YA de fantasia que poderia se passar por infanto-juvenil com muita facilidade. E falo isso de maneira positiva, porque a história é muito querida, com uma ambientação belíssima e uma narrativa gostosa de acompanhar. É um livro bem juvenil, principalmente pela vibe de conto de fadas que ele emana - foi inspirado em Os Seis Cisnes.
A jornada da Shiori envolve amadurecimento, principalmente; da princesa mimada e resmungona para uma sobrevivente. Ela passa por poucas e boas devido à maldição, que a tornou anônima e a proibiu de se comunicar.
Eu queria ter gostado mais dela, mas, minha nossa senhora, desde a Feyre e aquele enigma tosco de Corte de Espinhos e Rosas que eu não leio uma protagonista tão tapada.
E é tapada por conveniência, porque, quando precisa, a Shiori é bem espertinha. Eu aceito ler personagens burros, se eles forem consistentes! Em alguns momentos ela comete os erros mais estapafúrdios possíveis só porque a narrativa precisa, e em outros está bolando planos mirabolantes porque, de novo, a história precisa. É inconstante, e é muito irritante.
Seu desenvolvimento como sobrevivente é ótimo, e ela realmente amadurece da princesa mimada e egoísta para uma pessoa empática e atenciosa - como bons contos de fadas adoram fazer - mas eu não conseguia me importar porque tudo em que pensava era em como ela estava sendo burra e exageradamente ingênua com muita coisa. Uma cena lá no fim me fez jogar o livro longe com um grito, porque foi imperdoável.
O fato de, em todo momento, Shiori dar voltas e voltas e nunca chegar a resposta alguma se torna frustrante. Ela não descobre as coisas, elas são contadas. E isso é preguiçoso demais, porque ela tinha a chance de se tornar independente e de desenvolver raciocínio lógico durante a maldição, mas não. Continua metendo os pés pelas mãos em situações absurdas.
Os coadjuvantes, muito mais interessantes e racionais que ela, me ganharam. Raikama, sua madrasta, é um mistério bem-vindo; tudo sobre ela é um segredo, principalmente a motivação para a sua maldição. Ela é simplesmente uma madrasta má, ou tem algo mais que queira?
Takkan, o misterioso ex-noivo da Shiori, quando aparece, é surpreendente. Eu gostei de todas as cenas com ele, e de como ele tinha um coração de ouro. O tipo de personagem querido e apaixonante que consegue fazer até mesmo as cenas com a toupeira da princesa serem emocionantes.
Toda a questão com a maldição é muito legal, mas achei a resolução dela um pouco... Apressada demais? Pelo tamanho da treta e o quanto ela tomou do livro, era só aquilo? E o modo com que foi resolvido, também, apressado demais. Caberia facilmente umas vinte páginas a mais ali naquele final; menos da enrolação do meio do livro envolvendo uma rede sendo tecida, e mais disso.
Os Seis Grous é sim um livro muito legal, e com certeza é uma indicação minha pra quem tá começando a ler o gênero. Eu queria ter amado o tanto que amei nas primeiras 100 páginas, mas acabou perdendo um pouco de mim com a protagonista.
O fim deixa um gancho legal para a sequência, e eu tô ansiosa pra conferir o que a autora vai abordar porque é a parte mais legal dessa fantasia criada aqui, e a que mais ficou no mistério. Só vou com menos sede ao pote porque já sei o que esperar da personagem principal.
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