spoiler visualizarRick Shandler 07/03/2024
Max e os Felinos - Moacyr Scliar
Um barco à deriva no oceano. Dois passageiros, um jovem imigrante e uma fera felina. Estamos falando de ?As aventuras de Pi?? Não. Estamos falando de Max e os Felinos, obra de Moacyr Scliar que ?inspirou? o best-seller de Yann Martel que teve também grande sucesso nos cinemas.
Quando A vida de Pi tornou-se um best-seller as aparências com a obra de Scliar foram notadas. Levantou-se a polêmica de plágio, mas o próprio Scliar tratou de negar. Obviamente, a cena do jovem na embarcação com um fera é idêntica. Mas, tirando este ?pequeno detalhe?, estamos falando de obras completamente diferentes, cada uma excelente em sua forma.
Superado este impasse inicial, podemos falar do livro. Max e os Felinos é um curto romance que trata da eterna batalha do homem contra seus medos, aqui representados por feras felinas. A vida de Max é permeada por medos e traumas. Alemão e judeu, ele foge ainda jovem da Alemanha nazista para o Rio Grande do Sul, mas algo estranho ocorre em sua trajetória: em cada uma das passagens mais difíceis da sua vida ele é confrontado por um felino. Essa é, inclusive, a divisão do livro. São três partes, o tigre sobre o armário, o jaguar no escaler e a onça no morro.
A primeira parte do livro, o tigre sobre o armário, trata da adolescência de Max na Alemanha. Nesta fase, entre todos os medos comuns nesta transição para a vida adulta, destaca-se o temor vindo do autoritarismo de seu pai, representado pelo tigre à espreita em sua loja. A segunda parte do livro é a da polêmica ?inspiração?. O jaguar no escaler se passa durante a vinda de Max para o Brasil. Max é perseguido pelo regime nazista e acaba fugindo para o Brasil. Em sua fuga acaba tornando-se um náufrago em um pequeno escaler junto a um jaguar. Aqui o jaguar representa todo o terror do nazismo. Por fim, temos a onça no morro, quando Max já está no Brasil, mas ainda sofre com todas as dificuldades da adaptação.
Plágio ou não, Max e os felinos é um livro impactante. Scliar mostra mais uma vez o poder de sua escrita (já visto aqui em O centauro no Jardim), criando tenras alegorias capazes de nos deixar perdidos em pensamentos. Tem que ler.