Vinicius 08/01/2023
Leia, discorde, concorde, sugira, debata
Tinha em mente terminar este livro antes do primeiro turno das eleições de 2022. Atrasei mais de 3 meses... o assunto política me esgotou, e acredito que não só a mim.
No momento em que escrevo esta resenha passamos pela primeira semana do governo Lula 3, uma lufada de esperança após anos de notícias caóticas e retrocessos em diversas áreas. Porém, isso não me faz um apoiador cego deste governo, nem me tira o direito de fazer críticas a ele. Assim deveria ser uma democracia saudável.
Mas em tempos de polarização, em que mal conseguimos ouvir alguém que pensa diferente, o quanto estamos inclinados e expor e ouvir ideias, propostas, criar soluções? O quanto nosso debate se tornou passional e nossos argumentos apelativos? O quanto nosso medo resgatou nossas reações límbicas mais primitivas?
Ciro, neste contexto, virou alvo dos dois lados em que se dividiu o país. Dos motivos que enxergo, ele não possuía o apelo de uma figura heroica populista e nem estava disposto a conchavos e alianças que o fariam entrar em contradição com seus ideais. Teimoso que é, não soube jogar o Game of Thrones. Errado não estava, mas deu no que deu.
Tudo isso para dizer que pouco discutimos nos últimos anos sobre uma saída para a crise em que nos encontramos. As propostas trazidas no livro são factíveis e diversas. Envolvem reformas tributárias, previdenciárias e o ponto-chave do livro, como focarmos no desenvolvimento de nossa indústria e economia para que ganhemos mais autonomia no cenário mundial.
A todo momento Ciro afirma que as ideias não possuem uma rigidez, ao contrário, convida a sociedade para que as propostas sejam discutidas e amadurecidas. Um Projeto construído por diversas mãos.
Alguns questionamentos que me fiz: se é para o benefício da maioria da população que exista uma taxação maior para grandes fortunas e heranças, que o país não pague grande parte do seu PIB em forma de juros para um grupo pequeno de rentistas e que investimentos em áreas estratégicas turbinem nossa indústria, por que isso não aconteceu até agora? A quem nossos congresistas respondem? Quem manda no país?
Me parece que mexer nesse vespeiro dos donos do dinheiro e do poder será um dos problemas do atual governo. O outro será como articular reformas num congresso dominado pelo toma lá da cá do Centrão. O Brasil não é para amadores. Acompanhemos essa nova temporada do House of Cards tupiniquim.