Projeto Nacional

Projeto Nacional Ciro Gomes




Resenhas - Projeto Nacional


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edu basílio 28/07/2020

projeto coerente -- APESAR DE A LINGUAGEM AINDA SE CONECTAR POUCO COM O CIDADÃO COMUM

precisa-se, com urgência, de um projeto de nação que resgate a autoestima do povo brasileiro e traga-lhe de volta sua dignidade. as rédeas da nação estão entregues hoje a um projeto personificado por alguém sem preparo, talento ou carisma e, ainda pior, com fortes indícios de transtornos de personalidade que o fazem PRÓ-MORTE: morte literal e morte metafórica. morte da educação, da cultura, da inclusão social. morte das florestas, dos povos indígenas. morte por mais armas, por afrouxamento de regras de trânsito. morte por covid-19.

face a tanta MORTE permeando (de forma já indelével) as páginas que esses anos virarão nos livros sérios de História, qualquer projeto que evoque e enalteça a VIDA já traz alento. e a leitura deste livro me trouxe um pouco disso. não importa que quem o tenha escrito seja ciro gomes, porque não se trata aqui de fazer propaganda político-partidária, nem culto de personalidade.

trata-se, sim, primeiro, de analisar com fatos e com lógica a série de conjunturas e escolhas históricas que nos pôs em uma situação tão ruim. e após esboçar esse muito breve resumo histórico, o autor apresenta e explica propostas de ações concretas que visam trazer a melhora geral que todos precisamos e merecemos nas próximas décadas. um projeto de nação que a mim, que não tenho grande conhecimento nem de ciências políticas e nem de econômicas, pareceu salutar e digno de consideração:
- um novo sistema previdenciário misto, auto-sustentável sem ser excludente.
- um novo modelo de tributação simplificado, progressivo e não cumulativo.
- a valorização do setor agropecuário, indiscutivelmente um dos pilares de nossa economia.
- o estímulo ao alastramento de um parque industrial sustentável e compatível com o século XXI.
- o investimento em pesquisa científica, vista como instrumento de empoderamento do país.
- o investimento no acesso à educação e na modernização das práticas pedagógicas, em todos os níveis.
todas essas propostas pressupõem um modelo sóbrio de Estado como promotor e catalisador do desenvolvimento, com papel equilibrado, sem "keynesianismo versus neoliberalismo".

para mim, pessoalmente, esta leitura trouxe de volta alguma esperança, mesmo que ainda muito tímida, de que ser brasileiro pode, sim, voltar a se tornar motivo de satisfação. de que todos nós, em particular as dezenas de milhões de compatriotas que (sobre)vivem em condições miseráveis e desumanas, podemos recuperar nossa autoestima e nossa dignidade.

MAS: como não raro ocorre no discurso dos progressistas de hoje, a linguagem do livro ainda é frequentemente técnica e mesmo um pouco academicista (por mais que tenha sido notório, sim, o esforço do autor tentando atenuar isso). e os progressistas precisam encontrar uma forma de transmitir às pessoas do brasilzão, EM UMA LINGUAGEM QUE ELAS ENTENDAM SEM ESFORÇO, a essência de projetos belos como o esboçado neste livro, pois só assim conseguirão se reconectar com elas... de outra forma, os tweets curtos, a meia dúzia de chavões eficazes e a linguagem de "gente-como-a-gente-talquei" da extrema direita radical continuará conquistando o senso de identificação (e o voto!) do comum dos cidadãos.

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um desabafo "pós-resenha" :
eu me sinto enjoado, bem de saco cheio mesmo, da dicotomia idiota que permeia quase toda tentativa de diálogo no brasil: é um eterno fla-flu, tudo ou é preto ou é branco; as tonalidades de cinza deixaram de existir. se você não apoia as psicoses e psicopatias do bolsonaro, "conclui-se" que você endeusa o PT, e vice-versa. isso precisa muito acabar!
é urgente que se unam todos aqueles que têm interesse em tornar esta nação um lugar feliz e sereno para quem vive dentro dela, bem como um nome respeitável para quem o ouve de fora, pois atualmente, ela não é nem uma coisa e nem outra: somos infelizes, maltratados, tensos e alvo de escárnio (infelizmente justificado) do resto do planeta.
é necessário que as classes políticas deixem as picuinhas partidárias de lado por um tempo para resgatar a democracia -- e nisso ciro gomes pecou gravemente, por omissão, em 2018!
é necessário acima de tudo que o povo seja efetivamente esclarecido, que continue desejando mudança, mas para melhor, e não mudança cega e irrefletida, ao ponto de entregar de novo o comando do país a lunáticos arrogantes.

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Ronald 28/07/2020minha estante
Curti bastante essa leitura também, Edu!


edu basílio 28/07/2020minha estante
traz propostas bastante coerentes, né, Ronald. :-)


Eduardo 28/07/2020minha estante
Eita, Du! Que baita resenha! Fiquei com vontade de ler. Me sinto assim também diante do inferno que o Brasil virou. Inferno mesmo, com o diabo e toda a corja (sendo aqui implícito de forma explícita haha).


edu basílio 28/07/2020minha estante
ah, duzito. adorei seu comentário! haters (and robots) gonna hate, azar deles. aproveitei a resenha para, além de exprimir minha simpatia pelo projeto apresentado no livro, também dar uma desabafada geral sobre esse inferno de tosquice (com toda sua hierarquia: dos poucos capetas-mores, aos diabinhos lambe-botas, até o oceano infinito de almas penadas sofrendo).




Fabio Shiva 20/09/2022

o dever da esperança diante da pandemia do ressentimento
Ler este livro me fez sonhar com dias mais luminosos para o Brasil – e, por extensão, para o mundo. Nesse futuro mais esclarecido (que acredito que não esteja tão distante), o povo elege seus representantes não a partir de identificações pessoais baseadas em emoções primitivas, mas a partir da análise racional de projetos de governo. Nesse futuro de meus sonhos, as pessoas votam em projetos, não em personalidades. E ao final de cada mandato os governantes eleitos devem prestar contas dos projetos que foram apresentados, mostrando ao povo o quanto foi cumprido ou não e porque.

Como produtor cultural, estou acostumado a inscrever projetos em editais públicos. E em todos os projetos que realizei com o dinheiro público tive que prestar contas de tudo o que foi feito. Penso que nossa sociedade será imensamente beneficiada se cada político eleito tiver essa mesma obrigação de qualquer produtor cultural, dando satisfação ao povo de cada promessa feita durante a campanha.

O que nos traz ao conturbado cenário das eleições de 2022. Dois fatores me chamaram mais a atenção em meio ao clima de tensão e hostilidade generalizada:

1) Todos (ou quase todos) estão absolutamente convencidos de que estão “do lado certo”. Independente de que lado seja esse, o lado que cada um escolheu é tido como o único certo – e 100% certo. A isso se chama “monopólio da virtude”, expressão refinada que oculta terríveis perigos: se acredito que estou do lado do Bem e da Verdade absolutos, qualquer pessoa que discorde de mim será não apenas minha inimiga, mas inimiga do Bem e da Verdade e, portanto, deve ser reduzida ao silêncio por quaisquer meios necessários. Isso evoca logo outra expressão tristemente banalizada: “ódio do bem”…

2) Nessa guerra do Bem absoluto contra o Mal absoluto (com cada lado acreditando estar “do lado do Bem”), a primeira vítima a tombar é a verdade. Tenho testemunhado com crescente estarrecimento jornalistas e figuras públicas, amigos e parentes, conhecidos e desconhecidos afirmando, postando e compartilhando coisas que certamente sabem que não são verdadeiras, unicamente porque possuem poder destrutivo para causar um bom estrago “no outro lado”. As Fake News são tão nocivas porque contam com tantos cumplices conscientes em sua propagação. Quando a verdade sai de cena, tudo o que sobra é uma sangrenta batalha de narrativas.

Considerando esses dois fatores em conjunto, detectamos com pesar, no Brasil (e no mundo) de hoje, um acirrado fanatismo de parte a parte, que se torna ainda mais grave pelo progressivo e voluntário descolamento da realidade. Quando pensamos que os políticos refletem e representam os valores do povo, é de dar calafrios imaginar o tamanho do problema em que continuamos nos metendo a cada eleição.

Como costuma acontecer, felizmente, a solução pode estar embutida no próprio problema. E o problema maior, no caso, é que as pessoas estão condicionadas a votar com o fígado e não com o cérebro. O ano de 2022 é apenas o exacerbamento do que acontece desde sempre: as eleições são decididas pelas emoções. E a emoção que mais está presente nos corações e mentes dos brasileiros hoje, ao que tudo indica, é o ressentimento.

O bolsonarismo, que tomou de assalto as urnas do país em 2018, é uma força bruta e cega que se alimenta quase que exclusivamente do ressentimento. Quando compreendemos isso, fica um pouco mais fácil elucidar tantas insanidades e absurdos em nome de Deus, pátria, família etc. A grande tragédia de nosso momento atual, ao meu ver, é que esses quase quatro anos sob essa toxicidade bolsonarista acabaram contaminando também os não-bolsonaristas com a aflitiva enfermidade do ressentimento.

Penso se tratar de uma autêntica pandemia, talvez não menos grave que a da Covid. No Brasil, a “Pandemia do Ressentimento” atingiu primeiro as pessoas mais vulneráveis, que sofriam de outras sérias comorbidades como a homofobia, o racismo, o elitismo e o machismo. Com o passar do tempo, contudo, como não foram tomadas as medidas necessárias para a erradicação da doença, o vírus do ressentimento foi se espalhando até nas comunidades mais saudáveis.

Gostaria de estar exagerando. Temo não estar sendo drástico o suficiente. Com muita tristeza, vim observando amigos e familiares queridos, que hoje adotam a religião (só consigo concebê-la nesse sentido) do lulopetismo, adotando as mesmas atitudes de intolerância e arrogância que antes eram o imediato sinal identificador do bolsonarista arraigado.

Bolsonaro é um infortúnio sem limites para o mundo. Dentre outras tantas tragédias, cito que 400 mil brasileiros (no mínimo) morreram sem necessidade, unicamente por conta de seu negacionismo anti-vida. Dizendo isso de outra forma, de cada 11 pessoas que morreram de Covid no Brasil, 8 estariam vivas hoje, se não fosse pelo governo Bolsonaro. Isso é um crime hediondo, no qual têm responsabilidade todos que votaram em Bolsonaro e especialmente aqueles que continuam apoiando seu desgoverno até hoje. Mesmo que consigam escapar da justiça humana, certamente não escaparão de uma justiça mais elevada, essa sim infalível.

Está claro que Bolsonaro é o mal. Contudo será mesmo Lula o bem? Parte do ressentimento que alimenta o bolsonarismo não se deve a motivos espúrios (homofobia, racismo, elitismo etc.), mas à imensa decepção provocada pelos escândalos de corrupção do PT e, sobretudo, com a grave crise financeira que estourou na mão de Dilma, mas foi orquestrada durante o governo de Lula. Se Lula não tivesse errado tanto, e decepcionado tanto, Bolsonaro não teria se fortalecido tanto com o ressentimento nacional e continuaria sendo apenas um inexpressivo deputado do baixo clero.

Entre Lula e Bolsonaro, mil vezes Lula, é claro. Contudo temo por nosso Brasil nos próximos anos, quando (espero de todo coração estar enganado) Lula entregar mais decepção para um povo que já sofreu tanto e que foi levado a acreditar que seu governo será algo como a segunda vinda de Cristo. Sobretudo porque o grande mal do bolsonarismo são os bolsonaristas, e eles continuarão aí, “acumulando raiva e rancor”, e (espero de todo coração estar enganado) mais empoderados do que nunca, pois estarão isentos da penosa obrigação de justificar as barbaridades do governo Bolsonaro, com as duas mãos livres para jogar pedras no telhado dos outros… Temo que só estejamos alimentando o retorno do bolsonarismo em 2026 ao eleger Lula em outubro.

Enquanto isso, em meio a essa lastimável “briga de foice no escuro”, lá estava Ciro Gomes, apresentando um projeto robusto, complexo, bem elaborado, para ser conhecido por todos, para ser debatido e enriquecido pelo debate, para ser posto em prática e aperfeiçoado pela experiência. Se hoje boa parte dos brasileiros ainda não está interessada em um projeto de desenvolvimento, mas em disputas movidas pelo ressentimento, que isso não seja motivo de tristeza, nem de rebeldia, mas de esperança: esse lindo projeto já existe. E um dia, se Deus quiser, será colocado em prática. Para mim, isso basta.

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2022/09/o-dever-da-esperanca-diante-da-pandemia.html



site: https://www.facebook.com/sincronicidio
DANILÃO1505 21/09/2022minha estante
Parabéns, ótimo livro

Livro de Artista

Resenha de Artista!


Fabio Shiva 21/09/2022minha estante
Valeu, Danilo!




Lucas 22/06/2020

Uma proposta para o país

Não preciso concordar com tudo o que é apontado no livro para reconhecer que se trata de um excelente trabalho de pesquisa e análise da política brasileira. O autor resgata o nosso passado tentando explicar os motivos que nos levaram ao ponto onde estamos hoje (econômica e socialmente).

Após esse diagnóstico, Ciro oferece uma proposta de projeto para país com objetivos claros que englobam as áreas da economia, saúde, educação, segurança e meio ambiente.

Todos os dados e informações apresentadas no livro possuem referências e links que nos permitem aprofundar ainda mais nos assuntos tratados.

A leitura é bastante agradável e existem várias notas de rodapé explicando conceitos mais complexos, caso o leitor julgue necessário. Recomendo muito a leitura.
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Jon 28/04/2022

Esperança! Excelente experiência literária, valeu demais.
Um livro com um ótimo conteúdo, uma excelente contribuição, muito enriquecedor. Nossa nação acumula problemas crônicos que afetam o desenvolvimento nacional e a qualidade de vida da população, além de comprometerem o futuro do brasileiro. Estes problemas são complexos e precisam ser resolvidos com urgência, para tal, é preciso um projeto viável, com planejamento e compromisso, estratégias inteligentes, transparência e habilidade politica. O autor desenvolve o conteúdo do livro dentro desta perspectiva, trazendo fatos históricos acerca de assuntos relevantes para o país, suas visões politicas pessoais e apresentando suas soluções para os problemas mencionados, com destaque para os setores econômico e social.

Foi muito coeso na maior parte do livro, e tem razão em muita coisa. Não concordei com alguns aspectos do discurso dele e nem de algumas soluções que ele colocou, mas, sem problema, entendo que faz parte do debate politico (saudável e democrático), está muito claro que o cara não está acomodado, pelo contrário, está insatisfeito, assim como milhões de brasileiros, porém, está arregaçando as mangas, quebrando a cabeça em busca de caminhos menos tortuosos para o nosso futuro.

Foi uma ótima experiência literária, despertou em mim um intenso sentimento de esperança para continuar firme e forte na luta por um país decente, próspero e menos desigual. Parabéns ao autor, muito dedicado e conhecedor, com uma posição forte e serena sobre muitos assuntos relevantes e que com muita seriedade e pés no chão, apresentou um conjunto de soluções viáveis, sem "pirotecnia" ou discursos populistas. Recomendo fortemente esta leitura.
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Lista de Livros 10/06/2022

Lista de Livros: Projeto Nacional: o dever da esperança, de Ciro Gomes
Parte I:

“Ao contrário do que a propaganda do regime militar alegava, o governo Jango e seu projeto nacional contavam com amplo apoio popular. Pesquisa Ibope de março de 1964 revela que, se pudesse se candidatar no ano seguinte, Jango teria mais da metade das intenções de voto na maioria das capitais pesquisadas. Mesmo em São Paulo, tradicional reduto antigetulista, o governo Jango contava com 45% de avaliações de bom e ótimo. Só 16% o consideravam ruim ou péssimo. Havia amplo apoio nas capitais às medidas anunciadas no comício da Central do Brasil, às “reformas de base”, como reforma agrária, reforma urbana, o voto dos analfabetos, a aposentadoria rural, a função social da propriedade, o dispositivo legal da medida provisória e o monopólio do Estado em setores estratégicos da economia, que começaria com a encampação de refinarias estrangeiras.
Mas mais uma vez os interesses dos norte-americanos, inconformados com a Lei da Remessa de Lucros e a encampação de refinarias, em conluio com a direita brasileira e com parte das Forças Armadas, montaram um golpe de Estado no país com farto investimento em propaganda, apoio militar e subornos generalizados. E o país perdeu sua cambaleante e incipiente democracia. Vinte e quatro anos depois, com o fim do regime militar e a promulgação da Constituição de 1988, praticamente toda a agenda das reformas de base se tornaria parte de nossa Carta Magna. Embora algumas dessas reformas nunca tenham saído do papel, como a agrária, fica ridículo hoje pensar que o voto do analfabeto ou a aposentadoria rural pudessem ter sido consideradas parte de uma agenda comunista, como alegado na propaganda do golpe de 1964.”
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Mais do blog Lista de Livros em:
https://listadelivros-doney.blogspot.com/2022/05/projeto-nacional-o-dever-da-esperanca.html

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Parte II:

“Ainda gostaria de lembrar que a destruição econômica do país não é causada por esses desvios éticos, mas sim por nossa desindustrialização e escoamento de nossos recursos para os juros da dívida interna. Apesar do terrível impacto moral na sociedade, razão pela qual o combate à corrupção não deve ter tréguas, seu impacto no orçamento nacional é extremamente limitado, ao contrário do que a imprensa faz parecer. Mesmo porque a corrupção leva predominantemente um percentual dos recursos para investimento do Estado, e em 2017 os investimentos federais foram previstos em 1,4% do orçamento. Enquanto isso, perdemos quase 10% deles no pagamento de uma das taxas de juros mais altas do mundo. A corrupção, sendo uma distorção gravíssima porque destrói a confiança da população no sistema, não é a causa de nosso atraso econômico. Essa é uma narrativa falsa imposta por aqueles que não querem mudar o modelo que fracassa inapelavelmente desde os anos 1980, e que poderia ser perfeitamente chamado de corrupção institucionalizada, pois é o sequestro do Estado e de suas energias por uma minoria de poderosos barões do sistema financeiro. O aumento da corrupção é só mais um sintoma de nossa degradação como sociedade e da percepção generalizada de injustiça e impunidade.”
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Mais em:
https://listadelivros-doney.blogspot.com/2022/05/projeto-nacional-o-dever-da-esperanca_22.html

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Parte III:

“(...) Todas essas políticas aqui esboçadas não darão certo sem a estrutura geral que abordei em itens anteriores: uma taxa de juros reais mais baixa que a rentabilidade média dos negócios, a recuperação da capacidade de investimento do Estado, a manutenção de uma taxa de câmbio realista, que evite o populismo fácil do consumo de importados e dê segurança para os novos investimentos e, finalmente, uma forte coordenação entre governo, empreendedores e uma academia dedicada a produzir os avanços tecnológicos necessários para a criação de novos setores industriais nacionais.”
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“Defendo convictamente que a principal habilidade a ser desenvolvida pela educação no mundo atual é a capacidade de aprender a aprender e de lidar criticamente com o excesso de informações. Num mundo com tecnologias em permanente mudança, o brasileiro do presente e do futuro precisa ter uma capacidade adaptativa que só o pensamento crítico genuíno, fonte de todo o conhecimento humano, pode dar. Não existe mais lugar no mundo para o professor reprodutor de fórmulas e informações, simplesmente porque um volume incomensurável de informações está à distância de um clique. O professor, no entanto, retém seu papel fundamental de tutor de um aluno perdido num mar de dados sem saber como avaliá-los ou relacioná-los, de interlocutor individual capaz de identificar e intervir em dificuldades particulares de aprendizado, mostrando ao aluno a falha particular de pensamento que o impede de dominar determinado conteúdo ou habilidade. Enfim, cabe ao professor sempre ajudar a desenvolver no aluno o genuíno espírito crítico que, bem longe de ser a doutrinação ideológica que muitas vezes o termo esconde, é exatamente seu inverso: ensinar a abordar o mesmo problema ou conteúdo de pontos de vista diferentes.”
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Mais em:
https://listadelivros-doney.blogspot.com/2022/05/projeto-nacional-o-dever-da-esperanca_34.html

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Parte IV:

“A CRISE DA ESQUERDA CONTEMPORÂNEA

Vivemos hoje um quadro de profunda crise capitalista em que o neoliberalismo fracassou rotundamente e a desigualdade volta a avançar no Ocidente. Diante dessa crise cultural profunda, a esquerda ocidental patina e vê parte de seus espaços perdida para a extrema direita.

Diante do imenso fracasso das políticas que têm diminuído o papel do Estado sem planejamento estratégico algum, esperando que o espontaneísmo do mercado seja o motor do desenvolvimento enquanto paga taxas de juros mais altas que o rendimento médio dos negócios, a retórica neoliberal sempre rejeita a responsabilidade pelas consequências nefastas de suas políticas (veja o colapso que aconteceu na Argentina neoliberal de Mauricio Macri) dizendo que não deixaram dar a dose suficiente de seu remédio. Ou seja, eles sempre alegam que tudo deu errado porque não destruíram o Estado o bastante. Durante os governos neoliberais só a estagnação ou a catástrofe tem vez. A culpa, o neoliberalismo coloca na suposta “gastança” dos governos anteriores, e quando finalmente sai do poder e o país volta a se desenvolver, ele diz que o crescimento foi por causa de seu “ajuste” ou “modernização”.

Mas se o remédio é bom, ou a situação melhora ou o ritmo da piora tem que diminuir. A crença de que tudo tem que piorar muito antes de melhorar não é nada senão misticismo importado para a economia.

Este é o grande paradoxo do liberalismo econômico que precisamos expor: a suposta liberdade individual irrestrita afeta severamente a liberdade da maioria dos indivíduos. A médio prazo, o liberalismo econômico colapsa o liberalismo político, porque ele tira da maior parte da sociedade as condições materiais necessárias para exercer a liberdade. Liberdade absoluta é a lei da selva, portanto, a lei do mais forte. E o ideal do liberalismo político clássico nunca foi garantir a liberdade absoluta, porque isso é o oposto da vida em sociedade, e sim a maior quantidade de liberdade possível para todos os cidadãos igualmente. Deixo a você, caro leitor, a conclusão dessa reflexão.”
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arlete.augusto.1 10/09/2021

Há um projeto para o Brasil!
Faço minhas as palavras de Ciro Gomes: ?? não permita nunca que alguém o faça sentir vergonha de ter esperança em seu próprio país?. Li com calma o projeto para um país que tenhamos orgulho é isso me deu alento pra continuar a acreditar que há esperança. No momento de caos que estamos vivendo, estou me empenhando em entender de onde viemos e buscando um projeto de governo que nos permita crescer como povo e como nação. Encontrei isso neste livro.
Wesley - @quemleganhamais 10/09/2021minha estante
??????




Tiago Souza 02/09/2021

Para Refletir
Eu diria que é um livro muito interessante para se refletir sobre nosso país, independente da opção política. Ciro mostra uma visão ampla do Brasil em relação a nossa história política, e com isso propõe soluções para um plano nacional.
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Vinicius 08/01/2023

Leia, discorde, concorde, sugira, debata
Tinha em mente terminar este livro antes do primeiro turno das eleições de 2022. Atrasei mais de 3 meses... o assunto política me esgotou, e acredito que não só a mim.

No momento em que escrevo esta resenha passamos pela primeira semana do governo Lula 3, uma lufada de esperança após anos de notícias caóticas e retrocessos em diversas áreas. Porém, isso não me faz um apoiador cego deste governo, nem me tira o direito de fazer críticas a ele. Assim deveria ser uma democracia saudável.

Mas em tempos de polarização, em que mal conseguimos ouvir alguém que pensa diferente, o quanto estamos inclinados e expor e ouvir ideias, propostas, criar soluções? O quanto nosso debate se tornou passional e nossos argumentos apelativos? O quanto nosso medo resgatou nossas reações límbicas mais primitivas?

Ciro, neste contexto, virou alvo dos dois lados em que se dividiu o país. Dos motivos que enxergo, ele não possuía o apelo de uma figura heroica populista e nem estava disposto a conchavos e alianças que o fariam entrar em contradição com seus ideais. Teimoso que é, não soube jogar o Game of Thrones. Errado não estava, mas deu no que deu.

Tudo isso para dizer que pouco discutimos nos últimos anos sobre uma saída para a crise em que nos encontramos. As propostas trazidas no livro são factíveis e diversas. Envolvem reformas tributárias, previdenciárias e o ponto-chave do livro, como focarmos no desenvolvimento de nossa indústria e economia para que ganhemos mais autonomia no cenário mundial.

A todo momento Ciro afirma que as ideias não possuem uma rigidez, ao contrário, convida a sociedade para que as propostas sejam discutidas e amadurecidas. Um Projeto construído por diversas mãos.

Alguns questionamentos que me fiz: se é para o benefício da maioria da população que exista uma taxação maior para grandes fortunas e heranças, que o país não pague grande parte do seu PIB em forma de juros para um grupo pequeno de rentistas e que investimentos em áreas estratégicas turbinem nossa indústria, por que isso não aconteceu até agora? A quem nossos congresistas respondem? Quem manda no país?

Me parece que mexer nesse vespeiro dos donos do dinheiro e do poder será um dos problemas do atual governo. O outro será como articular reformas num congresso dominado pelo toma lá da cá do Centrão. O Brasil não é para amadores. Acompanhemos essa nova temporada do House of Cards tupiniquim.
edu basílio 08/01/2023minha estante
cirúrgica resenha, excelente como de hábito com suas análises, vini :-)
a "(...) lufada de esperança após anos de notícias caóticas e retrocessos em diversas áreas (...)" já está me dando um alívio -- inclusive FÍSICO -- tão grande que por ora já está bom. ufa.


Vinicius 08/01/2023minha estante
Sim! O alívio é até físico mesmo :)
Mas que em breve a gente não se contente com apenas isso ?




Arthur 27/02/2022

Social democracia e desenvolvimento industrial
Como iniciar essa resenha? Bom, primeiramente fui eleitor de Ciro Gomes em 2018 por considerar que era condição sine qua non para o processo democrático que a sua candidatura saísse forte daquele pleito. O motivo: Ciro acrescenta muito ao debate, mesmo não sendo a via mais forte. E é aí onde eu quero chegar. De fato, hoje, quem mais fala de um projeto de país entre os pré-candidatos a presidência é ele, coisa que faz questão de enfatizar algumas vezes durante o livro. O projeto em questão perpassa, basicamente, por fortalecer a indústria nacional. Modelo baseado nos países da Europa Ocidental e da Ásia (Tigres Asiáticos, principalmente). Seria a partir do fortalecimento da produção industrial nacional - seja a partir do capital estatal ou privado - que viriam as demais reformas necessárias ao país. A maior parte delas descrita no livro. Aqui uma ressalva: embora cite as influências do seu pensamento em relação à educação, enquanto professor senti um pouco de falta de detalhes sobre a citada reforma educacional.
Ciro é também, fora as candidaturas mais radicais de esquerda, o único a falar abertamente em revogação das "reformas da morte" (teto de gastos e reforma trabalhista). Ok, e quais os problemas do projeto? Basicamente, qual seria a base social para enfrentar o rentismo e o lobby presentes na vida pública do país? Não nego a habilidade política de Ciro Gomes, no entanto, não imagino - até então - que ele tenha essa base.
E por que não dei 5 estrelas para o livro? As vezes achei que Ciro incorre um pouco no personalismo, que ele mesmo critica (com razão). Mas admito que pode ser apenas uma impressão.
No geral, é uma boa leitura acessível e necessária para os brasileiros, independente da posição política. É inegável que Ciro Gomes agrega muito ao debate nacional.
raquelrocha 02/03/2022minha estante
Confesso que tenho curiosidade para ler esse livro, porém tenho muito receio. Não gosto da abordagem de Ciro em vários assuntos, e muito menos o partido dele. Depois de sua resenha pode ser que eu tente ler.


Arthur 02/03/2022minha estante
Oi, Raquel. Te entendo perfeitamente. Nos últimos anos Ciro (e o PDT, pobre Brizola) tem me incomodado também. Mas mesmo assim, do ponto de vista das ideias, eu penso que ele é fundamental ao debate nacional. E justamente por isso penso que conhecer o projeto dele é interessante. Acho que vale a pena dar uma chance.




Bruno Palmeiras 09/07/2021

ótima analise politica e econômica do brasil atual
Ciro faz um ótima analise politica e econômica do brasil atual, com dados históricos mostrando como damos mais importância para coisas menos relevantes, como a corrupção (importante combate la, mas não se o foco principal como nos fazem crer), ao invés de focamos em problemas muitos mais sérios como uma divida não auditada e obscura, os juros exorbitantes dessa divida , a sonegação/evasão fiscal e a previdência do alto escalão do funcionalismo publico e militares.
pontos negativos: Ciro faz uma defesa, velada, de períodos econômicos da ditadura (apesar de deixar claro q não adianta ter um economia forte sem liberdade) e uma defesa clara de Getúlio, um ditador.
outro ponto que discordo do Ciro no livro: nacionalismo, mas ai como e uma opinião pessoal não muda minha analise ao livro. e claro, ele em um forte viés autoritário q para mim passa longe doq defendo como sociedade.
Thárin 09/07/2021minha estante
Ótima resenha!




Vidal 16/04/2022

Quem dera esse projeto saísse do papel
Vendo esse livro a gente vê que de fato falta um projeto para o Brasil, aqui os governos assumem e deixa a vida levar, vão resolvendo ou tentando resolver os problemas conforme eles aparecem, projeto não existe, se existe é so voltado a vida pessoal de quem governa e seus amigos.
O livro mostra em números e com exemplos o que pode ser feito, principalmente no que tange a educação e a diminuição da desigualdade social.
Porem isso vai ser difícil de acontecer no Brasil, fui lendo o livro e fiquei com sentimento sabe de impotência de ver que temos tudo pra mudar mas não vamos mudar.
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Jéssica 25/07/2021

Otimista
Ciro Gomes faz um diagnóstico indignado da situação do país e propõe uma série de medidas para solucionar os problemas.

O texto é objetivo e fluido, próprio de alguém que já refletiu muito sobre os temas abordados e tem a convicção de que suas propostas são eficazes.

Isso torna o texto bem convincente e, em alguns pontos, ganha um tom de autopromoção, que deve ser lido com cautela, pois o autor é candidato recorrente nas eleições presidenciais.

Vale dizer também que o autor é declaradamente de centro esquerda, bem como é filiado ao PDT, herdeiro do pensamento de Getúlio Vargas.

Então, por mais que a linguagem seja clara, acredito ser necessário ter certa noção de história, economia, direito e geopolítica, para que possa ser feita uma leitura crítica.

De toda sorte, é refrescante ler uma análise do País que se propõe a ir além da polaridade sufocante que predomina o debate político atual.
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João Pedro 30/07/2020

Cartas na mesa
Que o Brasil gosta mais de pessoas do que de projetos, já pudemos perceber em séculos de experiência.

Tentando furar essa bolha, Ciro surge com uma ideia que deveria pegar para todos os políticos, partidos e ideologias: popularizar e democratizar seus projetos.

Com clareza e apresentação de termos básicos e suas fontes, Ciro Gomes apresenta sucintamente, porém de forma direta, o seu projeto de governo, expondo sua interpretação do país que fomos, somos e queremos ser.

Para opositores, recomendo a leitura para que saibam o que estão criticando. Apoiadores, leiam para conhecerem e saberem defender a proposta apresentada. Para quem não o conhece, uma ótima e simples porta de entrada.
edu basílio 31/07/2020minha estante
excelente resenha ! sucinta e de uma precisão de ourives =)




Alef 29/04/2021

Um projeto nacional
Este livro apresenta a proposta do autor para um projeto de desenvolvimento nacional. Pela centro-esquerda, o autor tem a proposta educacional em seu devido lugar: em alta importância. Além disso, seu projeto de taxar grandes fortunas e promover as classes sociais mais desfavorecidas para fora da extrema pobreza é também outro ponto central do que é posto.

No mais, sob o ponto de vista internacional, Ciro tem uma visão lúcida sobre o papel do Brasil no mundo.

Trata-se de um projeto de aparência factível e pano de fundo utópico, no ótimo sentido de utopia. Em suma, o projeto põe na mesa, no mínimo, uma situação que outros candidatos terão que, por um lado, resolver, em se tratando dos problemas propostos; e, por outro, refutar (possivelmente) as soluções que Ciro coloca, e ambas são tarefas árduas.
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Jhow 20/11/2021

Um debate necessário
Faz um diagnóstico com referências sobre os problemas do Brasil de maneira imparcial. Discute e propõe soluções para os problemas diagnosticados, nesse caso, adicionando sua opinião particular. Por fim, faz apelo ao leitor para deixar de lado seu viés e manter a esperança num futuro melhor para o país.

Independente de sua identidade política, este livro deve ser lido. É o único político proeminente no espectro político das últimas duas décadas que apresenta um projeto documentado. Eu discordo de parte das soluções, mas identifiquei sinceridade e legítima boa intenção em suas palavras finais.
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