Fábulas do tempo e da eternidade

Fábulas do tempo e da eternidade Cristina Lasaitis




Resenhas - Fábulas do Tempo e da Eternidade


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Carol Vidal 02/08/2023

Contos bem diversos
É uma coletânea bem interessante, que mostra a versatilidade da escrita da autora ao mesmo tempo em que apresenta uma unidade temática. Achei legal como alguns contos fazem referência a outros que vieram antes.
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Christiane 22/04/2021

Favorito!!!
Que livro!!! Estou muito feliz de ter encontrado esse livro e conhecido essas histórias!

Fábulas do tempo e da eternidade de Cristina Lasaitis é um livro de contos de ficção científica (alguns tendem pra fantasia). E desde o primeiro conto já fiquei encantada com a escrita da autora... Alguns contos foram mais impactantes, mas no geral gostei de todos. A maioria com o tema tempo como pano de fundo.

1. Além do Invisível - ficção científica, realidade virtual que lembra Matrix, com um romance (?)
2. As Asas do Inca - fantasia, fiquei bem impactada por esse conto
3. Nascidos das Profundezas - ficção científica, meio distopia
4. Revés Alquímico - adorei esse conto! Singelo, verdadeiro.
5. Assassinando o tempo - ficção científica!!! Adorei esse conto! Bastante elementos científicos e com um final incrível!
6. A outra metade - poético, triste, lindo, meio estranho...
7. Viagem além do absoluto - esse é bem maluco! Ficção científica bem doideira...
8. De onde viemos, para onde vamos - outro conto meio maluquinho (rsrs)
9. Irmãos siameses - muito triste, não é bem Ficção científica, nem fantasia. Muito bom. Me fez pensar muito sobre o ser humano
10. Caçadores de Anjos - uma história sobre anjos bem diferente
11. Os parênteses da eternidade - esse conto tem conexão com outro. É bem Ficção científica, muito lindo, emocionante!
12. Meia-noite - esse tem inteligente artificial, realidade virtual, muito interessante!

site: https://www.instagram.com/p/CH3w7XIDKeN/?utm_source=ig_web_copy_link
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Davenir - Diário de Anarres 06/01/2021

Uma pérola da FC brasileira
"Fábulas do Tempo e da Eternidade" (2008) é um dos melhores livros de contos que a Ficção Científica do Brasil já produziu. Cristina Lasatis, aborda o tempo de maneira universal com histórias carregadas de emoção, fazendo histórias simples em viagens profundas. O tempo e a Eternidade, é o conceito que percorre toda a obra e mostra seres humanos lidando com a morte. Cristina tem um domínio apurado da linguagem, algo não tão comum num gênero que sempre focou mais em imaginação e enredo, e mesmo esses elementos não faltam na obra. Suas histórias abordam o tempo sem apelar para o óbvio das histórias de viagem no tempo usando muitos tipos de personagens, girando em torno dos tipos humanos comuns e não em heróis infalíveis. É aquele livro que se recomenda para quem acha que Ficção Científica são apenas aventuras pueris. O livro tem 12 contos, um para cada hora do relógio. Vamos falar sobre cada conto individualmente.

"Além do Invisível" aborda um amor conectado a internet em realidade virtual. Marcos e Maya depois de um ano juntos em um amor intenso resolvem mostrar sua verdadeira identidade. A condução do conto é delicada, sem pressa e com um final muito bonito e melancólico.

"As Asas do Inca" segue a paranoia do Imperador Inca Amaro Cápac, que vivei as vésperas da invasão espanhola, que não pouca recursos para saber se alguém o trairá pelo trono, até que chega aos Maias ao sul, onde o imperador poderá ter o que deseja.

"Nascidos das Profundezas", conta sobre uma tripulação de uma missão arqueológica encontra uma civilização isolada por acidente e no contato com eles, descobrimos que o desconhecido pode estar debaixo de seus narizes. O conto conduz bem a expectativa e as revelações do conto expandem a sensação de isolamento daquela civilização. O tempo é abordado no sentido da história como conhecimento acumulado.

"Revés Alquímico", se passa num campus de uma universidade comum no Brasil. Nos afeiçoamos ao Dr. Girandello que está em uma pesquisa que vai muito além da química e envolve Gláucia nesse mistério. Contudo, o clima de mistério não é sinistro mas doce, de uma amizade e de reflexões sobre a vontade de descoberta e, obviamente, o tempo.

"Assassinando o Tempo", conhecemos Cláudia Mansilha, desde a infância, dando a profundidade necessária, sem pressa e aqui o tema do tempo e da eternidade é envolto de uma competente Ficção Científica hard sobre uma teoria física bastante verossímil que a leva a construir um colisor de matéria para comprovar a sua teoria que, se confirmada, vai mudar a forma de ver o tempo para sempre.

"A Outra Metade" é bastante inspirada no trecho d'O Banquete de Platão sobre a ideia de almas gêmeas. Conto bastante sensível e mesmo em poucas páginas consegue desenhar lindamente os personagens e o conflito da trama.

"Viagem Além do Absoluto" conta a aventura final da vida cercada pela entropia que promete acabar com o movimento do pouco que resta do universo, a bordo da Aurora, ao mesmo tempo mostra a sobrevivência da entidade que restou, o Alpha e o Ômega. É aquela FC que nos faz viajar profundamente pelo mistério da existência. Conto para soltar o cinto e se deixar levar.

"De Onde Viemos, para Onde Vamos", mostra velhos intelectuais boêmios e fracassados reunidos num café para discutir a filosofia. Brinca com a ideia dos expectadores da vida enquanto um dos filósofos persegue a compreensão do que é o Nada. Conto que mostra um lado bem humorado e irônico da autora.

"Irmãos Siameses" se aproxima do Fantástico, sem chegar a tocar nele. Conta a história de dois irmãos siameses - Luri e Mani, Sol e Lua - que nasceram em Nova Tulor, na área montanhosa perto do Deserto do Atacama, Chile. Eles tentam levar uma vida tranquila como pastores de alpacas enquanto lidam com as diferenças de temperamento e pensamento, principalmente em relação a vontade de explorar o mundo de um deles, quando tem de lidar com um grande dilema. Podemos refletir como uma alegoria psicológica para nossas contradições internas sem deixar de nos emocionar com os personagens (como é de praxe da autora) bem construídos e aqui carismáticos também.

"Caçadores de Anjos" se passa na Idade Média onde nem os anjos escapam da inquisição, e Lúcifer está muito bem aclimatado. A reflexão do conto gira entorno das escolhas frente ao tempo e da imortalidade.

"Os Parênteses da Eternidade", se passa no mesmo mundo onde a Dra. Cláudia Mansilha, já modificado pela sua descoberta onde um correio entre épocas permite conversas entre pessoas completamente separadas pelo tempo. A autora consegue mesclar bem o clima amistoso das correspondências (contos epistolares me encantam) com a revelação final que pode arrancar aquele sorriso no canto da boca.

"Meia Noite" encerra com a continuação do primeiro conto, mudando o tom da narrativa, que na primeira vaga pelo intimo do protagonista, agora acompanha Syl, uma operadora de segurança eletrônica que tem de resolver um problema sério de invasão provocada por uma IA pertencente a própria empresa. É o conto mais longo do livro mas que expande muito o universo cyberpunk. Um universo que, como muitos criados neste livro, merecem um livro apenas para eles.

site: http://wilburdcontos.blogspot.com/2021/01/resenha-164-fabulas-do-tempo-e-da.html
Ricardo Santos 06/01/2021minha estante
Adoro esse livro




Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 05/06/2018

Já Li
A resenha de hoje traz uma coletânea de contos cujo tema principal é o Tempo. Como este é meu tema preferido, não poderia deixar de me interessar por "Fábulas do Tempo e da Eternidade", escrito pela brasileira Cristina Lasaitis.

Cristina é uma pessoa muito interessante, e isto é transmitido para sua obra - embora ela mesma diga que a obra é produto de uma Cristina de dez (ou mais) anos atrás. Biomédica, já estudou a biologia molecular do câncer e hoje estuda os preconceitos sociais.

A coletânea apresenta doze contos, todos eles de ficção-científica. Alguns tratam de viagem no tempo, outros da evolução tecnológica da Humanidade e, ainda, alguns com uma atmosfera cyberpunk. O ponto comum entre todos eles são as reflexões sobre o Tempo e, consequentemente, sobre o Universo. Separei os meus contos preferidos para compartilhar com vocês.


Além do Invisível

O conto de abertura da coletânea tem jeitão de episódio da série Black Mirror (Netflix). Dois indivíduos digitais relacionam-se pela rede de dados e estão apaixonados, até que decidem conhecer a pessoa real atrás do computador. Um deles, hacker, está acostumado a invadir protocolos e servidores. A primeira surpresa é que, na vida real, um homem passava-se por mulher. A segunda surpresa é que, quando se depara com uma realidade completamente diferente do mundo virtual, o hacker decide acabar o relacionamento - o que significa deletar todos os rastros e possibilidades de comunicação entre eles.
Logo de cara, Cristina traz um ambiente cyberpunk para sua estória, mas com São Paulo como pano de fundo - o que é raro e me causou uma certa estranheza. Uma boa estranheza, que fique claro. O conto começa parecendo ser uma estória de amor mas, no fundo, traz uma mensagem sobre as necessidades de conexão do ser humano e do quão longe estamos dispostos a ir por ela.

Nascidos das Profundezas

Em um deserto abandonado no meio da América do Sul, uma nave tecnológica e futurista aterriza no meio do nada, precisando fazer reparos em sua turbina super aquecida. A tripulação não tem autorização para interagir com os nativos, mas este protocolo é quebrado quando o povo do deserto os trata como Deuses, espantados com a nave e com a tecnologia da equipe. Aos poucos, a tripulação descobre que ainda há Humanidade no planeta, ao contrário do que lhes foi contado antes de a missão começar. Assim, eles se sentem responsáveis pela sobrevivência daquele povo e decidem compartilhar seus conhecimentos e sua tecnologia, em troca da suspensão das guerras tribais que estavam sendo travadas no deserto.
Com ares de Crônicas de Duna, de Frank Herbert, não teve como não gostar deste conto.

Viagem Além do Absoluto

Para quem gosta de enredos mais realistas e concretos, talvez seja melhor passar longe deste conto. Como eu adoro uma boa reflexão metafísica para dar um nó no cérebro, este conto entrou na minha listinha de favoritos.
A premissa do conto é que o Tempo se estende até a Eternidade mas, mesmo esta, um dia, acaba, nos confins do Universo. Lá onde o Tempo acaba, já não existe a realidade material que nós conhecemos. Tudo o que existe são dois pontos de luz (fótons), nomeados de Alfa e Ômega, que viajam pelo Universo em uma nave com o objetivo de descobrir onde, quando e como tudo acaba. Alfa tem uma identidade mais otimista e determinada, enquanto Ômega é mais destrutivo e pessimista. Eles dialogam enquanto a nave se encaminha para a beira do Universo, ponderando sobre o fim.

Os Parênteses da Eternidade

Deixei o meu conto preferido desta coletânea para o final. Este conto é continuação de outro e sua premissa é que uma brasileira, chamada Claudia Mansilha, conseguiu criar uma forma de nos comunicarmos através do Tempo, ou seja, com as pessoas do passado e com as pessoas do futuro. E ela consegue este feito pois recebe de si mesma uma carta dizendo que seria possível, vinda de seu eu do futuro. Só até aí eu já estava adorando.
Lucas e Phyllis se correspondem através deste mecanismo criado por Mansilha. Ele, do passado, e ela, do futuro. O tom de suas cartas é amoroso e meigo, e Phyllis se prepara para declarar seu amor a Lucas. No entanto, no tempo dela, ele já morreu, e no tempo dele, ela ainda nem existe, o que inviabiliza que eles se conheçam pessoalmente, mesmo com toda a tecnologia que há ao seu redor. Quando Phyllis finalmente resolve declarar seu amor através de uma linda poesia, ela recebe uma notificação de que Lucas já morreu. É uma estória de amor tão triste e tão linda!

Cristina foi ousada nas suas estórias. Ela inseriu física, ficção-científica, fantasia, reflexões filosóficas e relacionamentos interpessoais em seus contos, de forma corajosa e muito original. É uma leitura que recomendo bastante!

site: http://perplexidadesilencio.blogspot.com/2018/06/ja-li-68-fabulas-do-tempo-e-da.html
Aline 06/06/2018minha estante
Já estava sentindo falta das suas resenhas. Gosto muito do jeito que você escreve.


Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 11/06/2018minha estante
Obrigada, Aline! Às vezes coloco resenhas no blog que não coloco aqui no Skoob. Se quiser começar a acompanhar por lá, o link é: perplexidadesilencio.blogspot.com


Aline 12/06/2018minha estante
Já entrei lá sim!


Aline 12/06/2018minha estante
E indiquei num grupo de literatura que administro no fb! :)


Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 13/06/2018minha estante
Oba, que legal !!




Evelyn 21/08/2017

Um livro maravilhoso.
Doze contos. Segue um pequeno comentário sobre eles.
1. Além do Invisível - ficção científica, realidade virtual, uma mistura que lembra Matrix, na história de Marcos e Maya, onde a realidade e a irrealidade, a materialidade e a imaterialidade se encontram, se sobrepõem e questionam o amor, a solidão, a ilusão e a existência.
2. As Asas do Inca - magia, mitologia, fantasia, misturadas nessa fábula. Uma história para mostrar que o desconhecimento do futuro é uma benção. Viver o hoje e vivê-lo bem, construir esse presente é garantir o futuro.
3. Nascidos das Profundezas - ficção científica, reflexão sobre a civilização e a condição humana. Talvez o homem seja mesmo, por natureza, destrutivo. Será que seríamos capazes de começar tudo de novo de forma diferente?
4. Revés Alquímico - como não se apaixonar pelo Professor Girandello e por Gláucia? Como não querer esse elixir para provar? Esse conto é meio doce, meio amargo, porque nossas maiores e melhores conquistas são sempre muito simples, no final das contas.
5. Assassinando o tempo - ficção científica da boa, com um toque de lirismo, de poesia. A história daquele poço é encantadora, e aquela que segue, depois, um tanto mais. Convincente até a última palavra. E a carta, no final? Quem quiser que leia.
6. A outra metade - é um poema, não é? Não só porque tem uma linguagem poética, mas porque construí relações com coisas totalmente subjetivas. Não consegui perceber a materialidade das palavras. Tudo é muito etéreo nesse conto. Não sei.
7. Viagem além do absoluto - Que viagem! Sério. Muita criatividade tem essa menina, escrevendo sobre Alfa e Ômega, Zero, o Universo...E a luta para a sobrevivência de tudo.
8. De onde viemos, para onde vamos - Se existem perguntas sem respostas, essas duas estão no tomo da lista. A menos que o Dr. Demóstenes consiga explicar com uma de suas loucas teorias.
9. Irmãos siameses - Só posso dizer que o final desse conto fez um nó na minha garganta. Uma reflexão linda sobre nossos opostos, dentro e fora de nós.
10. Caçadores de Anjos - Abordagem diferente. Reflexivo. Não posso dizer muito, mas gostei do final e da resolução do anjo.
11. Os parênteses da eternidade - Verteu lágrima. É uma prosa poética. Tem uma melancolia nas entrelinhas. De uma beleza simples e cativante. Conto epistolar. Muito bem construído. Um dos que me conquistou para sempre.
12. Meia-noite - Um conto muito bem construído sobre IAs, fazendo relações com as leis que Asimov criou, o teste de Turing e o véu de Maya. Para se pensar sobre muitas coisas.
Fábulas do tempo e da eternidade é um dos melhores livros de contos que li sobre tempo e eternidade, sobre ficção científica, magia.
Indicação de excelente leitura. Um livro para retornar.
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Cristiano Rosa 23/02/2013

Diário CT: Fábulas do Tempo e da Eternidade
A coletânea Fábulas do Tempo e da Eternidade reúne 12 contos da escritora Cristina Lasaitis e foi publicada pela Tarja Editorial. A obra, composta por 206 páginas, tem narrativas em primeira e terceira pessoas, tramas simples e outras mais complexas, assim como textos curtos e outros maiores.

Na abertura de cada fábula há uma introdução, cujo eu-lírico nos intiga a uma reflexão, e não se sabe até onde ela é ficção ou realidade, assim como é difícil saber se ali quem escreve é a narradora ou a autora mesmo.

Os contos exploram vários assuntos amplos, sempre sob o ângulo do tempo: vida, morte, sentimentos, tecnologias, sociedade, religião, medicina e ciência.

Em sua maioria, são dramas, com diálogos interessantes, e que usam do pensamento filosófico e de ideias antropológicas para envolver o leitor. Os textos são críticos, ambientados em sua maioria no futuro e do gênero ficção científica.

Conhecemos os amantes Marcos e Maya, um poderoso imperador, estudiosos e índios, uma farmacêutica e um alquimista, a cientista Cláudia, uma mulher em busca do amor, os seres Alfa e Ômega, velhos intelectuais sem sucesso, os irmãos siameses Mani e Luri, a caçadora Cassandra e o anjo Asthariel, os amigos distantes Phyllis e Lucas, e a funcionária Syl.

Por meio de cenários bem desenvolvidos, como metacidades, impérios, desertos, laboratórios, metrópoles, cosmos, um café e uma corporação, temos relacionamentos virtuais, desejo por poder, o desconhecido, elixir da vida, teorias postas à prova, almas gêmeas, destino, filosofia, sobrevivência, transformação, correio através do tempo e inteligência artificial.

Com uma diagramação simples, uma bela capa e analogia ao relógio, em que cada conto equivale a uma hora, a obra Fábulas do Tempo e da Eternidade foi uma leitura diferente, que nos propõe a pensar, nos faz viajar pelo universo e pelo tempo, em situações fantásticas e algumas quase reais. Um livro que fala sobre limites e que instiga a nossa imaginação de diversas e prazerosas maneiras.

Fonte: http://www.blogcriandotestralios.com/?p=20460
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Shirukaya 09/04/2012

Tempo, mano velho...
É comum de gente que vive aborrotado da falta de tempo (como eu), não "caçar" novos autores com tanta frequência. Assim, tenho contado com as indicações de meus amigos para encontrar sangue novo, tanto no que se refere a minha pesarosa vida de pesquisador quanto de leitor - e que grata surpresa ver um livro que me encantou nestes dois aspectos! Isso só me faz agradecer aos amigos de bom gosto que tenho.
Ladainhas à parte, termino a leitura de Fábulas do tempo e da eternidade com a certeza de ter uma grande obra em mãos. E que terá ela para tanto? Bom, costumo dizer que o bom escritor "perturba" seus leitores. É evidente que a polissemia desse termo pode soar vaga demais a alguns, mas outros, entretanto, sabem como é bom ser perturbado, provocado. Nisso, a autora conseguiu perturbar não só a mim (o que em muito tem a ver com essa comoção e deleite que se espera ter ao ler um grande texto), mas também a muitas opiniões que circundam o mundo das artes.
Que opiniões são essas, afinal? Vejamos algumas. Primeiro: há todo um discurso chato que permeia certa parte dos entusiastas de literatura dita como de gênero, que prega que boa mesmo é "literatura fácil" questiono-me sempre se isso seja verdade, bem como o que realmente vem a ser uma literatura desse tipo. Me parece que a compilação de contos que aqui comento perturba também quem partilha desta opinião, uma vez que fácil é tudo o que esta obra não é. E é exatamente nessa complexidade que reina toda a beleza que lhe atribuo. Gostaria de explicitar com mais desenvoltura, mas o espaço aqui deve ser curto (se não ninguém lerá esses meus comentários). O que posso dizer é que as saudáveis influências da autora culminam numa narrativa que consegue ser densa, difícil, mas nunca enfadonha, problematizando não só o tempo, tema central da coletânea, mas as nossas relações sociais como um todo, seja voltando-se a questões de gênero tão hoje em dia debatidas (vejam "Além do invisível" ou "Assassinando o tempo") ou relações antropológicas que nos fazem pensar o que temos feito nos dias de hoje (Nascidos das profundezas", "Irmãos siameses"); outra mostra de sua complexidade se volta à estrutura desse gênero tão flexível que é o conto, quando em "Os parênteses da eternidade" que revisita a forma epistolar de escrita, deixada de lado (infelizmente) no último parágrafo do conto. Claro que isso não atrapalha o resultado final. Enfim, o leitor que quiser se aventurar pela prosa perturbadora de Fábulas do tempo e da eternidade, tenha cert eza de uma adorável - e perturbadora - leitura.

^^
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Edu 15/09/2011

"Fábulas" é fabuloso!
Cris Lasaitis, a simpática autora que já tive o prazer de conhecer pessoalmente, escreveu 12 contos que variam de assuntos fantásticos a outros mais voltados para o "hard sci-fi". Todos são excelentes, mas dê uma atenção especial à dupla de contos do "não-tempo", meus favoritos do livro.
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Eduardo Spohr 14/07/2011

Genial
O mais incrível deste livro, para mim, foi poder conhecer mais a escritora através de suas páginas.

É impressionante ver como os traços da cientista Cristina Lasaitis se refletem em suas histórias. As "fábulas" na realidade são metáforas fantásticas sobre um tema que está no limiar entre a religião e a ciência - o tempo.

Sou pessoalmente fascinado pela questão da eternidade, desde que tive contato com a filosofia hindu. Espero poder trocar ideias diretamente com a autora, numa ocasião futura.

Vejo vcs na Fantasticon!

Cris Lasaitis 14/07/2011minha estante
Que joia, certamente bateremos mais papo, Edu! Até o Fantasticon!




Josué de Olivei 15/06/2011

As doze badalas.
Lançado em 2008 e já em sua segunda edição, “Fábulas do Tempo e da Eternidade” (Tarja Editorial, 206 páginas), livro de estreia da paulistana Cristina Lasaitis, é uma coletânea de contos que transitam majoritariamente entre ficção científica e fantasia, tendo como tema principal a passagem do Tempo. Com abordagens sempre particulares e estabelecendo entre si algumas interessantes conexões, os doze textos que compõem o livro destacam-se pela qualidade da escrita e pelas tramas multifacetadas, abraçando o fantástico sem nunca se descuidar do aspecto humano, com todos os sentimentos e contradições que o envolvem.

O primeiro conto, “Além do Invisível”, apresenta-nos um cenário futurístico em que a realidade virtual tornou-se a realidade, onde acompanhamos o romance de Marcos e Maya. A autora é competente em contrastar a magnitude dos cenários irreais com a decadência do mundo onde os usuários se conectam, e retrata o amor entre os dois de maneira bastante sensível, apesar das circunstâncias surreais em que a relação se situa (ou quem sabe exatamente por causa delas). A conclusão do conto é singela e enigmática, tornando-o uma boa amostra do que se seguiria nos próximos textos.

Em “As Asas do Inca”, conhecemos um poderoso imperador do império pré-colombiano obcecado pelo desejo de observar o futuro. Para isso, recorre à magia. O conto tem um tom claramente fabuloso – que a pequena introdução já antecipa – e, apesar do desfecho algo previsível, naturalmente balizado por uma lição de moral (não seria uma fábula caso não houvesse uma), consegue convencer, remetendo à natural curiosidade humana e colocando-a lado a lado com o desejo pelo poder, uma combinação que fatalmente trás consequências.

“Nascido das Profundezas” narra um encontro entre culturas num Atacama pós-apocalíptico. De um lado, os neo-atlantes, desenvolvidos em saberes e tecnologia, de outro, grupos nativos que literalmente pararam no tempo após um período de guerras e peste. A reação é de estranhamento por parte dos primeiros, e festa por parte dos segundos. A autora explora bem o cenário criado, e os desdobramentos do pano de fundo – a história por trás da história, que aqui surge adequadamente em volta de uma fogueira, contada por um velho, envolta num tom lendário – soam verossímeis dentro daquelas circunstâncias obviamente fantásticas. Um ótimo texto.

Em seguida vem “Revés Alquímico”, provavelmente o conto que menos me agradou. Nele, uma farmacêutica começa a trabalhar com um excêntrico professor amante da alquimia, e os dois metem-se com o segredo do famoso Elixir da Longa Vida. O principal problema do texto são os personagens, um tanto desinteressantes, e o tom cômico de muitas das situações, que a meu ver atrapalha por impedir um envolvimento maior com a trama. Por outro lado, os efeitos do elixir são um pouco diferentes do que seria de se supor, e a autora merece pontos pela boa sacada. Ainda assim, penso que um desenvolvimento um pouco mais sério contribuiria para um todo mais satisfatório.

A ficção científica volta em “Assassinando o Tempo”. Uma cientista brasileira está às vésperas de colocar em prática uma experiência que pode vir a provar uma teoria sem precedentes na história da Ciência: a não existência do Tempo. Dispensando a atenção necessária ao aspecto científico da trama sem soar maçante ou prolixa, a autora também acerta ao investir algum tempo no desenvolvimento da protagonista, Cláudia Mansilha. Bem trabalhado ainda na construção do suspense em torno do experimento e na especulação de possíveis desdobramentos do mesmo (nesse sentido, a oposição de grupos religiosos soa mais do que verossímil), o conto destaca-se como um dos melhores do livro.

Segue-se “A Outra Metade”, e o nível continua alto. Uma sibila* caminha pelas ruas de uma metrópole, sozinha, fadada a nunca encontrar sua alma gêmea, de quem fora separada na Criação. Porém, oferecendo um sacrifício à Solidão, a mulher tem a chance de olhar para o futuro e capturar um breve vislumbre daquela que lhe completaria de acordo com a ordem do universo – seu amor, sua outra metade. Lasaitis trata o tema com uma singeleza desconcertante num conto que merece destaque pela beleza das palavras. A solidão da sibila surge de maneira aterradora, amparada pela prosa ágil e quase lírica da autora, permeando cada linha e culminando num clímax poderoso - o encontro -, uma intensa explosão de sentimentos habilmente narrada e bem urdida. De longe, meu texto favorito.

Em “Viagem Além do Absoluto”, os dois últimos seres viventes vagam por um universo em ruínas, com a entropia alcançando seu limite. Em certo sentido, dada a temática do livro, esse conto representa seu ápice, o momento em que o Tempo e tudo mais deixarão de existir. A perspectiva do Fim por si só já desperta interesse e fascinação, e a autora é competente ao explorá-la, coroando o texto com passagens que revelam sentimentos de maneira sutil e humana.

“De Onde Viemos, Para Onde Vamos” tem como grande barato a inusitada identidade de seu narrador, uma escolha criativa e divertida que dá algo mais ao breve conto – trata-se do menor do livro. Destaque também para o ótimo final.

“Irmãos Siameses” vem em seguida. O título é autoexplicativo: os protagonistas são dois irmãos que nascem ligados pelo pescoço. O cenário é o mesmo deserto visto em “Nascido das Profundezas” (os dois contos dialogam abertamente, em dado momento). A trama foca basicamente no crescimento dos irmãos, e, em certo momento, numa dura escolha que terão de fazer. O conto naufragaria caso os personagens principais não fossem bem construídos, e, felizmente, isso não ocorre. O leitor se envolve com a narrativa na mesma medida em que se importa com os irmãos, em outra boa demonstração do bom gosto da autora na criação de personagens.

“Caçadores de Anjos” abraça novamente a fantasia, narrando a jornada de uma caçadora especializada em transformar anjos caídos em humanos. Funciona bem, com um clímax bastante intenso, mas, por outro lado, pareceu-me um tanto deslocado em meio aos outros contos do livro quanto a sua relação com a temática central. De todo modo, um bom texto.

“Os Parênteses da Eternidade” consiste numa troca de correspondências entre duas pessoas distantes alguns séculos uma da outra, através do Correio do Não-Tempo. Este conta apresenta alguns interessantes desdobramentos dos acontecimentos vistos em “Assassinando o Tempo”, além explorar alguns dos paradoxos e riscos da comunicação entre épocas diferentes. Bom como a maioria.

Fechando as Fábulas, apropriadamente, “Meia-noite”. Passado no mesmo universo de “Além do Invisível”, que abre os trabalhos, e compartilhando com este primeiro alguns personagens, a história de Syl, funcionária de uma poderosa corporação atacada por uma Inteligência Artificial dá um ótimo fechamento ao livro, remetendo diretamente ao cyberpunk das tecnologias integradas de maneira quase orgânica à vida cotidiana e dos grandes conglomerados mandando no mundo. Com um término vibrante – o último parágrafo fica na cabeça depois que se fecha o livro – o conto estabelece-se facilmente como um dos melhores da seleção e mostra definitiva do talento da autora.
“Fábulas do Tempo e da Eternidade” é uma forte recomendação.
Boas leituras.
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@apilhadathay 23/04/2011

Genial!!
"Um segundo ainda seria um segundo se não houvesse uma mente para capturar sua breve ocorrência pela eternidade?" (p.48)

Doze horas. Doze contos. Um tic-tac subliminar em doze momentos da história. O livro de Cris Lasaitis é banhado de genialidade de capa a capa, leia-o com atenção porque a beleza está nos detalhes. Tem um sumário criativo e diferenciado.

Ele traz 12 contos que viajam no tempo - de uma sociedade futurista que se mistura à realidade virtual e um palácio inca tomado pela cobiça de um trono a expedições em novos planetas ou no firme solo brasileiro.

I ALÉM DO INVISÍVEL
Com uma forte pitada de Matrix e provendo um novo sentido para os conceitos de criatura e criador, somos apresentados a Marcos e Maya, casal que se encontra num mundo virtual tão aprimorado que permite alimentar sensações humanas. Da etérea Santa Paula ao gigamonstro cinzento, obscuro e feio de São Paulo, os avatares que compartilham amor acabam se surpreendendo com sua humanidade e um deles prova não ser exatamente o que parecia. A autora deu um novo significado a duas pessoas se tornarem uma e apresenta uma visão muito interessante de continuidade da vida e das I.A.s como organismos vivos.

II AS ASAS DO INCA
A sucessão do imperador de Cuzco gerou briga em família e medidas extremas para chegar ao trono. Assim, Amaro Cápac chegou ao topo do império. Um sonho profético, porém, pôs fim ao seu sossego e ele precisou sair de circulação e de seu próprio mundo. Da mania de perseguição ao sacrifício de inocentes, a autora mostra um homem inseguro, despreparado para o próprio trono e que encontrou bem mais do que procurava.

III NASCIDOS DAS PROFUNDEZAS
Um conto de vai do trágico ao cômico em breves curvas. Sabine, Louise e Levi são três estudiosos, viajantes, confundidos com deuses numa terra quase deserta. É a história de como uma simples mudança de atitude pode ajudar todo um povo. Ri muito, em especial, com a simplificação das profissões.

IV REVÉS ALQUÍMICO
No meu conto favorito, que daria um filme e tanto, o tempo se torna protagonista e os humanos, coadjuvantes da descoberta de um poderoso e imprevisível elixir. Um professor faz sua maior descoberta, a “descoberta que nunca foi feita” de fato, e cabe a sua discípula, Glaúcia, levar aquela ideia maluca adiante ou deixá-la ser enterrada pelos anos.

V ASSASSINANDO O TEMPO
Cláudia Mansilha, a menina medindo um buraco com suas pedras.
Dra. Mansilha, uma física prestes a refutar a Teoria da Relatividade através de seu projeto mais ousado, o teste da Teoria do Não-Tempo.
O conto tem um desfecho muito interessante... Mas nada parece ter um fim mesmo, neste livro.

VI A OUTRA METADE
Um conto em tom mágico, que desvirtua o conceito de almas gêmeas de seu significado meloso habitual para dar-lhe um sentido etéreo e um tanto trágico. Um caso especial mostra por que encontrar sua outra metade pode não sair exatamente como você desejava.

"Trata, pois, de colher o dia, o dia de hoje, que nunca o de amanhã merece confiança"
(Ode I-IX Quintus Horatius Placcus 65-8 A.C.)

VII VIAGEM ALÉM DO ABSOLUTO
O conto remete mais a um debate filosófico, um embate entre Alfa e Ômega sobre o destino do universo. Ou a falta dele ^^

VIII DE ONDE VIEMOS, PARA ONDE VAMOS
Um Café tem tanta história pra contar... Adorei o conto e dei muita risada, também. Lembranças de um outro Brasil, de arte, de amor e amor pela arte; uma reflexão que vai do Tudo ao Nada e tudo o que ocorre neste meio, que acaba por fazer toda diferença, no final.

IX IRMÃOS SIAMESES
Discussões sobre gêmeos siameses apenas começam. Se têm duas cabeças no mesmo corpo, devem ter dois nomes? E duas almas? Se for um casal, qual será o sexo predominante? Quantos anos com qualidade de vida podem sobreviver? E se chegassem à faculdade e não concordassem quanto ao curso a seguir? – Agora imagine estas mesmas questões na cabeça de uma sociedade séculos atrás. Foi o conto que mais me emocionou, em vários sentidos. A começar... como se pede a um pai ou uma mãe que escolha um de seus filhos?

X CAÇADORES DE ANJOS
Asthariel é um anjo caído no território de seu irmão, a impopular Estrela da Manhã. Mas Cassandra, uma caçadora de anjos que cresceu dentro dessa tradição familiar, parte em jornada para salvá-lo do extermínio e transformá-lo em mortal. Ela conseguirá? Gostei bastante desse conto, é descritivo na medida certa e transporta a gente ao passado. Mas como a história acabou me deixou indignada!

XI OS PARÊNTESES DA ETERNIDADE
Com a possibilidade do Correio do Não-Tempo, pessoas a séculos no futuro podem conversar através de cartas com cidadãos deste milênio, gente que está separada até por 250 anos no tempo!! É uma sequência do conto Assassinando o Tempo, como uma consequência dele. Você acredita que toda fatalidade é absurda e inexplicável?

XII MEIA-NOITE
Um conto, também uma sequência ou consequência, do conto número Além do Invisível: de ficção científica digno de filme, com direito a grandes momentos de ação e invasão de sistemas, além do contraste com uma sociedade perdida no tempo... e na paz.

***
E aqui, a história fecha o ciclo iniciado. Esta é uma antologia por demais interessante e que compensou a minha espera e ansiedade de lê-la. É tudo o que Vianco elogiou e mais!
Além de tudo isso, um trabalho gráfico para nos fazer babar. Recomendo-o a todos os fãs de ficção científica e a quem curte boas histórias para se sonhar, emocionar e ficar impressionado com a genialidade humana, que parece não ter limites ^^

site: www.instagram.com/apilhadathay
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Alvaro 03/03/2011

Cenas, dialogos, personagens e sensações
Em doze contos, misturando os gêneros ficção científica e fantástico, a Cristina Lasatis conta histórias que tem por pano de fundo o Tempo e a Eternidade.Ao ler os primeiros parágrafos deste livro, temos a sensação de que a autora tem um domínio muito grande de sua ferramenta principal: a linguagem. Seu texto parece poesia, trabalhando cenas, diálogos, personagens e sensações muito bem.


E também demonstra ser igualmente hábil nos dois outros quesitos pra se fazer uma boa ficção científica: saber escrever uma boa história e ter um bom conhecimento científico.


Como o tema é "tempo e eternidade", o sumário é uma representação gráfica de um relógio. Começando à 1h00, com um conto sobre a internet: "Além do Invisível". Parece que ela fez de propósito pra contrariar minha crônica no Pai Nerd, onde afirmo que não há boas histórias sobre a internet na literatura clássica de FC. A autora sabe o que faz! Constrói um enredo sobre o relacionamento entre duas pessoas no mundo virtual, com delicadeza, com sutileza e com um final surpreendente.


Às 2h00, aparece o conto, "As Asas do Inca", onde somos levados para o império pré-colombiano, às vésperas da invasão espanhola, demonstrando um outro domínio: o dos mitos e lendas do povo Inca. Novamente a linguagem brilha.


Às 3h00, "Nascidos das Profundezas", onde descobrimos que o desconhecido pode estar debaixo de nosso narizes. E o futuro pode estar no passado.


Às 4h00, "Revés Alquímico", num campus de uma universidade com os problemas típicos de uma instituição de ensino do Brasil: falta de verbas, professores dedicados mas pouco valorizados, etc., um velho professor se dedica a uma pesquisa bem pessoal. Quem estudou Química em uma universidade pública vai se sentir em casa.


Às 5h00, "Assassinando o Tempo", onde aparece a personagem Cláudia Mansilha, muito bem construída pela autora. Neste conto o tema "tempo e eternidade" aparece com mais força e cercado por uma verossímil teoria física, mostrando que Cristina Lasatis é realmente uma escritora de ficção científica que merece este nome, pois consegue transitar tanto na ficção científica soft quando na hard.


Às 6h00, "A Outra Metade" nos leva novamente ao fantástico, num bem construído conto sobre almas gêmeas.


Às 7h00, "Viagem Além do Absoluto", mostra uma outra faceta da FC, a cosmogonia, um conto que tem como pano de fundo o cosmos em seus últimos instantes. O nome do conto poderia ser "Enquanto houver Aurora", uma frase que aparece algumas vezes no texto, o que seria muito mais poético.


Às 8h00, em "De Onde Viemos, para Onde Vamos", velhos intelectuais fracassados se reúnem num café, discutindo filosofia diante de um ouvinte privilegiado. Um conto de FC que toca o fantástico, onde a ciência é a Filosofia.


Às 9h00, "Irmãos Siameses", um texto que também resvala no fantástico, nos conta a vida de dois irmãos que não podem se separar. As ciências que servem de apoio são a medicina e a psicologia. Uma boa história dramática, que certamente pode arrancar algumas lágrimas dos mais sensíveis.


Às 10h00, "Caçadores de Anjos", nos remete à Idade Média e à Inquisição, onde nem os anjos eram poupados da fogueira.


Às 11h00, "Os Parênteses da Eternidade", onde um correio entre épocas permite uma conversa de alguém do presente com que ainda não nasceu. A dra. Mansilha é citada mais uma vez, mas apenas para ligar esta história com "Assassinando o Tempo". O lado humano da ficção hard.


E, finalmente, à meia noite, fechando o volume, o conto "Meia Noite", onde o tema internet, é retomado no mesmo universo do primeiro conto, fechando o que ali foi aberto.


No geral, Fábulas do Tempo e da Eternidade é um livro excelente, mostrando versatilidade da autora, que não deixa de ser brasileira para ser universal.
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Cris Lasaitis 12/01/2011

Opiniões além do tempo e da eternidade
Opiniões além do tempo e da eternidade
Um resumo do que já foi dito e escrito sobre o livro Fábulas do Tempo e da Eternidade:


Resumidamente: não é só um livro, é uma experiência.

André Vianco, escritor



Até monstros sagrados de reputação global, como Philip K. Dick e Ray Bradbury ou monstras, como Ursula K. Le Guin e Marion Zimmer Bradley , teriam orgulho de poder contar com um ou outro destes contos entre suas primeiras obras.

Antonio Luiz M.C. Costa, para a revista Carta Capital



É realmente uma alegria ler um livro diferente de tudo que você já leu. Me faz acreditar que a criatividade humana não está limitada a mais do mesmo..

Janda Montenegro, em resenha para o Skoob



O tempo virtual, o tempo universal, o tempo humano do amor e da tragédia, da miséria e da esperança, todos tratados com uma sutileza e contundência como apenas nas grandes histórias de Ficção Científica.

Renato Azevedo, para o site Aumanack



O melhor adjetivo que descreveria a impressão que tive depois da leitura seria sensacional.

Chanceller Martok para o site SciFi Tupiniquim



Mais que uma coletânea de contos, Fábulas do Tempo e da Eternidade é um exemplo de que o Brasil tem potencial para publicar escritores de ficção em um nível superior ao de muitos países.

Cezar Berger Junior, para o site Falando de Fantasia



Se posso dar uma dica de um livro de Ficção para este final de ano, este é o livro. Para os apaixonados pelo poema de ficção. Desprentencioso e apaixonante.

Alan, para o blog Xeque-Mate


Uma obra ímpar, com histórias que podem ser lidas e relidas uma dezena de vezes e ainda causar o mesmo espanto e maravilhamento da primeira vez.

Bruno Schlatter, para o blog Rodapé do Horizonte

http://cristinalasaitis.wordpress.com/fabulas-na-revista-carta-capital/
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Antonio Luiz 12/08/2010

Volta ao cosmo em doze tempos
A literatura brasileira de fantasia e ficção científica tem mostrado uma vitalidade que lhe faltava desde o fim dos anos 60, quando se esgotou a novidade da chamada Primeira Onda. Houve novos autores e obras dignas de menção nas últimas três décadas do século que passou, mas a chamada Segunda Onda, em comparação à anterior, mais pareceu uma marola menos por falta de talento e empenho dos autores do que pelas condições desfavoráveis.

Desde o início do milênio, novos escritores e novas obras têm surgido em um ritmo que, mais que firme, parece crescer em quantidade e qualidade, superando décadas de lamentos e frustrações. O gênero consegue novamente ser publicado fora de fanzines dirigidos a círculos estreitos e rígidos. Com mais retorno de leitores e editoras e mais diálogo a estimular a produção e desenvolvimento técnico dos autores, a ficção especulativa brasileira está deixando de ser uma seita para voltar a ser um gênero capaz de interessar leitores com algum gosto, iniciados ou não. Muita coisa continua e continuará medíocre, como em qualquer ramo da literatura e da arte. Mas também há textos que merecem ser lidos.

Destas novas safras, não há como deixar de recomendar é o "Fábulas do Tempo e da Eternidade". Primeiro livro da iniciante Cristina Lasaitis, nascida em 1983, pouco ou nada deixa a dever às melhores obras da ficção especulativa brasileira. Até monstros sagrados de reputação global, como Philip K. Dick e Ray Bradbury ou monstras, como Ursula K. Le Guin e Marion Zimmer Bradley teriam orgulho de poder contar com um ou outro destes contos entre suas primeiras obras.

Com muita sensibilidade, doze contos exploram personagens ricos e insólitos que se debatem com o tema do tempo e dos limites que lhe são postos pela condição mortal humana ou mesmo algo mais que humana em diferentes universos imaginários da ficção científica e da fantasia.

Há mundos futuros regidos pela realidade virtual mais complicada que a de Matrix, alquimistas atrás de uma maneira de driblar o tempo capaz de superar o velho elixir da longa vida, um inca obcecado pelo futuro de seu império, uma cientista que assassina o tempo, intelectuais frustrados na noite paulistana, uma vida solidária e duríssima em um deserto de Atacama pós-apocalíptico, e duas entidades inimagináveis de zilhões de anos no futuro a enfrentar juntas os últimos momentos de um Universo entrópico a dar seus últimos suspiros. Há até um mundo de caçadores especializados em desvirginar anjos daqueles mesmos que têm asinhas e costumavam viver no céu.

Seria exagero dizer que há para todos os gostos: não se encontram heróis invencíveis e insensíveis, caçadores de tesouros e recompensas ou exaltações bélicas contra monstros de olhos esbugalhados. Mas a variedade é impressionante.

O ponteiro do relógio passa da fantasia mágica mais delirante, à ficção científica mais rigorosa e nesta o estado da arte do conhecimento e da especulação teórica é levado a sério de maneira pouco comum nos autores brasileiros (principalmente os da Primeira Onda). Em todos os casos tratam-se de histórias escritas com sensibilidade, verossimilhança e muito carinho e respeito pelo leitor exigente. Várias delas parecem completar-se mutuamente, sugerindo um quebra-cabeça que se estende do começo ao fim dos tempos, a ser ampliado por futuros desenvolvimentos.

Surgem situações das mais insólitas, como apenas o sonho mais desregrado ou a ciência mais disciplinada podem conceber, mas o foco está sempre em como podem ser vividas com sentimentos humanos, dos mais delicados aos mais brutos. É uma ficção científica orgulhosamente humanista dentro das melhores tradições brasileiras do gênero, escrita sem concessões às tentativas de imitar clichês hollywoodianos que agradam um público fiel, mas embotam a veracidade e empobrecem a criatividade do gênero.
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Eduardo 26/10/2009

Otimo
´Fabulas do tempo e da imaginacao´ é uma coletanea de contos de ficcao cientifica muito interessante ! Tendo como mote o tempo, os doze contos que compõem o livro nos levam a uma viagem incrível por entre automatos, IA, redes quânticas e interfaces. Cristina tem o dom da narrativa e sua prosa é agradável e convidativa. De olho no primeiro e ultimo contos, para mim os melhores do livro.
Esperamos seu primeiro romance !
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