spoiler visualizarIgor_Resenha 28/01/2024
Um livro essencial para todos que trabalham com equinos !!!
O livro é uma união entre autobiografia e o ensinamento da doma racional baseada na linguagem equina. Não tem como dissociar um do outro. Afinal, Monty Roberts desde que nasceu sempre viveu no lombo de cavalos. Então é natural que ele seja uma das pessoas que mais entendem sua linguagem no mundo.
Inicialmente o livro aborda o contexto familiar de Monty e da cultura equestre de Salina (Califórnia). O pai de Monty e sua mãe davam aulas de equitação em uma propriedade gigantesca doada pelo Sr. Sherwood ao município. Desde sempre os Roberts estavam no meio equestre da região. Um dos pontos que chama atenção e incomodam o leitor é a descrição da forma como o pai (e praticamente todos fazendeiros) faziam para "quebrar" os cavalos e torná-los permissivos a sela e a condução - "Se você não machucá-lo antes, eles vão te machucar depois".
Contudo, tudo muda com o inicio da Segunda Guerra Mundial. A partir desse momento o rancho é convertido em campo de concentração Nipo-americano (muitos vizinhos e conhecidos da família se tornam prisioneiros e inimigos da nação do dia para noite), muitos cavalos são abatidos para servir de alimeto aos soldados (incluindo Ginger, o primeiro cavalo de Monty), a família Robert é obrigada a se mudar e o pai de Monty se torna policial (algo que vai proporcionar um dos momentos mais marcantes na vida do jovem Robert - a morte do criminosos pelas mão de seu pai).
Durante esse período Monty buscou manter contato com os cavalos. Foi durante uma prova com Quartos de Milha que ele viu o potencial da não-violência com cavalos - observando Farrell Jones em sua forma de conduzir os animais de forma a quererem fazer algo e não força-los a fazer algo.
Com o fim da guerra, a família pode retornar ao rancho. Porém precisou fazer muitas reformas. Nesse momento, Roberts começa a competir de maneira muito mais intensa e em diversas regiões do país graças ao vagão comprado do exército. É nesse contexto de conquista de prestígio que Monty faz um acordo com Doc Leach para capturar 150 mustangues em Nevada e traze-los para Salinas para a corrida de cavalos selvagens americanos. Isso significava um grande desafio. Os animais teriam que ser guiados pelas pradarias rumo a um piquete-armadilha no fim do vale. Entender a linguagem desses animais era fundamental para o sucesso da missão. Foi nesse contexto que Roberts desenvolveu o esqueleto da linguagem Equus. Seus conhecimentos Cherokee também foram essenciais nesse processo, além do seu cavalo meio-mustang, Brownie.
A partir daqui Monty começa a aplicar suas novas técnicas no processo de "doma" dos cavalos. Porém seu pai abomina tal técnica e o crítica duramente. Ninguém acredita no garoto e em sua linguagem. Muitos anos se passam até que Monty é convidado a mostrar sua técnica para ninguém menos que a rainha da Inglaterra. É a partir desse momento que sua técnica ganha o prestígio e reconhecimento que precisava para ganhar o mundo. É durante essa fase que o rancho Flag Is Up começa a se desenvolver baseado nos melhores haras de Puro Sangue.
Aqui podemos observar que muitos donos de cavalos, haras e hípicas são pessoas ricos que fizeram fortuna em outros segmentos e que veem na criação de cavalo um hobby, ou seja, não tem muito conhecimento técnico na área de equideocultura. Isso nítido no caso da Flag Is Up Farm. Para Monty foi uma grande oportunidade que se tornou um pesadelo. Um verdadeiro castelo de areia. No final, tudo se acerta e Roberts pode tocar seu sonho juntamente com Johnny Tivio e sua família.
Existem muitos exemplos de cavalos que foram "domados" de forma racional por Roberts ao longo do livro. Existe tanto exemplo de sucesso quanto de fracasso. Contudo, é sem sombra de duvida um método de doma muito mais produtivo que o tradicional. O autor destina um capítulo isolado para detalhar toda a técnica de conjugação. "O cavalo não erra. Toda as suas ações, provavelmente, foram motivadas por você, principalmente em se tratando de cavalos jovens e ainda não iniciados. Nós, os cavaleiros, podemos fazer muito pouco no que diz respeito a ensinar o cavalo. O que podemos fazer é criar um ambiente em que ele queira aprender".
Roberts pode refinar sua técnica com corças e veados que são animais muito mais sensíveis a qualquer movimento, mas que também entendem a linguagem Equus.
Leitura ímpar e fundamental !!! Para complementar a leitura recomendo buscar os vídeos de Monty Roberts realizando sua doma racional - mesmo com 88 anos ainda realiza diversos programas com o objetivo de melhorar a relação homem-cavalo.