Vitória 10/06/2023
Acho que tenho interesse em ler esse livro desde que ele foi lançado, e a grande motivação pra isso foi a capa (sim, eu sou dessas que lê um livro completamente duvidoso só porque a capa é bonitinha). Peguei ele gratuito em algum momento e esqueci o e-book no meu Kindle, até que um grupo de lcs do qual faço parte disse que essa seria uma das leituras necessárias pra participar de uma lc que tá vindo aí (inclusive, tenho minhas suspeitas, vou falar delas mais pra frente), e foi assim que eu passei ele na frente de um monte de coisa.
A minha primeira decepção veio logo no início, quando percebi que esse era um romance new adult. Deveria ter lido a sinopse antes? Claro, mas eu nunca faço isso, e o homem na capa me deu a certeza absoluta de que os protagonistas aqui seriam adultos. Ainda que eu não goste tanto desse tipo de trope, e tenha dificuldade pra mergulhar em livros com ela, eu insisti. Nos primeiros capítulos, a Victória (sim, eu e a protagonista temos quase o mesmo nome) me irritou demais pela sua imaturidade, mas o fato do livro ser uma releitura de a pequena sereia e eu estar muito no clima por causa do filme, além da curiosidade pra saber o que tinha acontecido no passado dos protagonistas, me fizeram continuar.
Tenho que admitir que o acidente melhorou muito as coisas por um momento. Gostei de ver a autora tratando da afasia, que é um tema que nunca cheguei a ver em livros hot. Além disso, foi interessante ver a Victória tendo que se adaptar a essa nova realidade na qual ela foi jogada, e as dificuldades que ela passa nesse processo. Inclusive, foi uma sacada e tanto da autora usar isso como a "perda de voz" que a Ariel tem na história original. Senti a mesma agonia toda vez que ela tentava se comunicar com o Davi e as palavras faltavam. Nesse ponto eu até pensei que esse livro iria melhorar e ganhar uma nota maior, mas aí as coisas começaram a desandar de novo.
Por causa da sua dificuldade de comunicação, a Victória decide contar tudo o que aconteceu pro Davi por meio dos seus diários, e aí nos começamos a ter flashbacks frequentes. Minha primeira questão com eles tem a ver com a diagramação. Existe uma sinalização no texto toda vez que um deles começa, e isso pra mim é o suficiente pra identificar o que é presente ou passado, mas a autora decidiu também diminuir o tamanho da letra desses trechos. Eu me irritei demais porque ou eu lia com a letra minúscula, ou aumentava o tamanho da fonte e, quando a narrativa voltava pro presente, ela ficava gigantesca. Sei que parece ser picuinha da minha parte, mas eu estou aqui pra falar da minha experiência, e acho sinceramente que só a sinalização, ou então colocar a fonte dos flashbacks em itálico, se ela queria uma diferença mais gritante, já seria suficiente. Além disso, quando eu digo que eles são frequentes, é porque em certo momento eles se tornam a maior parte do livro. Eu sei a importância deles, mas a autora perdeu demais a mão, e eu deixei de me importar ou sequer me lembrar do que estava acontecendo com os protagonistas no presente, porque via eles 80% do tempo no passado.
Por causa dessas questões com os flashbacks, o romance perdeu um pouco do peso pra mim, e o plot que culminou na separação dos dois me pareceu fraco. Eu queria ver eles voltando a se apaixonar depois do tempo separados, mas foram tantos momentos no passado que essa história passou a parecer pra mim mais como um amor de adolescência do que uma second chance. Além disso, nos poucos momentos que temos no presente, os personagens sempre estão falando da noite da festa do Eric, e de como o que aconteceu lá mudou a vida deles por completo. E, sinceramente, quando a revelação chegou, eu só achei ela fraca. Não me desce que o Davi confundiu uma menina com a Victória só porque as duas eram ruivas (aliás, aqui está outra semelhança entre nós), e que o menino saiu quase fugido da cidade no dia seguinte sem falar com ela. Me parecem atitudes imaturas até pra personagens com a idade que eles tem, e não consigo aceitar que os pais do menino ouviram ele dizendo que queria ir pra Curitiba do absoluto nada e disseram "ok, pode ir hoje mesmo".
Ainda com todos os problemas que apontei aqui, tenho interesse em ler outras obras da autora que não tenham essa pegada new adult, porque já percebi que com essa trope ela dificilmente vai conseguir me agradar. Tenho minhas suspeitas de que o próximo vem aí vai ser sobre o Daniel e a Aninha, e se for eu já estou animadíssima. Age gaps já tem o meu coração de graça, e ainda com toda essa complicação no meio dela ser a irmã mais nova do melhor amigo dele, esse livro tem tudo pra ser incrível.