Reflexões sobre a guilhotina

Reflexões sobre a guilhotina Albert Camus




Resenhas - Reflexões sobre a guilhotina


5 encontrados | exibindo 1 a 5


voandocomlivros 11/05/2022

"CHAMEMOS POR SEU NOME ESTA PENA À QUAL SE RECUSA QUALQUER PUBLICIDADE, ESTA INTIMIDAÇÃO QUE NÃO SE EXERCE SOBRE A BOA GENTE HONESTA, ENQUANTO O É, QUE FASCINA AQUELES QUE DEIXARAM DE SÊ-LO E QUE DEGRADA OU TRANSTORNA AQUELES QUE A ELA SE PRESTARAM. CERTAMENTE, ELA É UMA PENA, UM ESPANTOSO SUPLÍCIO, FÍSICO E MORAL, MAS NÃO OFERECE NENHUM EXEMPLO CERTO, SENÃO DESMORALIZANTE. ELA SANCIONA, MAS NÃO EVITA NADA, QUANDO NÃO DESPERTA O INSTINTO DO ASSASSINATO. ELA EXISTE COMO SE NÃO EXISTISSE, A NÃO SER PARA QUEM É ATINGIDO POR ELA, EM SUA ALMA, DURANTE MESES OU ANOS, EM SEU CORPO, DURANTE A HORA DESESPERADA E VIOLENTA EM QUE O CORTAM EM DOIS, SEM LHE SUPRIMIR A VIDA. CHAMEMO-LA POR SEU NOME, PELO QUE, À FALTA DE OUTRA NOBREZA, LHE DARÁ A VERDADE, E VAMOS RECONHECÊ-LA PELO QUE É EM SUA ESSÊNCIA: UMA VINGANÇA."


"TUDO ISSO PODE DURAR MINUTOS, ATÉ MESMO HORAS, NOS INDIVÍDUOS SEM DEFEITOS: A MORTE NÃO É IMEDIATA... DESTA FORMA, CADA ELEMENTO VITAL SOBREVIVE À DECAPITAÇÃO. SÓ RESTA AO MÉDICO A IMPRESSÃO DE UMA HORRÍVEL EXPERIÊNCIA, DE UMA CRIMINOSA VIVISSECÇÃO SEGUIDA DE UM ENTERRO PREMATURO."


"A PENA CAPITAL NÃO É SIMPLESMENTE A MORTE. ELA É TÃO DIFERENTE, EM SUA ESSÊNCIA, DA PRIVAÇÃO DA VIDA, TANTO QUANTO UM CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DIFERE DA PRISÃO. ELA É, SEM DÚVIDA, UM ASSASSINATO E QUE PAGA ARITMETICAMENTE O CRIME COMETIDO. MAS ELA ACRESCENTA À MORTE UM REGULAMENTO, UM PREMEDITAÇÃO PÚBLICA E CONHECIDA PELA FUTURA VÍTIMA; ENFIM, UMA ORGANIZAÇÃO QUE, EM SI, É FONTE DE SOFRIMENTOS MORAIS MAIS TERRÍVEIS QUE A MORTE."


"A CIÊNCIA, QUE PRETENDE PROVAR TANTO A INOCÊNCIA QUANTO A CULPA, AINDA NÃO CONSEGUIU RESSUSCITAR AQUELES QUE ELA MATA."


"NÃO HÁ JUSTOS, MAS APNEAS CORAÇÕES MAIS OU MENOS POBRES DE JUSTIÇA. VIVER, PELO MENOS, PERMITE-NOS SABÊ-LO E ACRESCENTAR À SOMA DE NOSSOS ATOS UM POUCO DO BEM QUE VAI COMPENSAR, EM PARTE, O MAL QUE LANÇAMOS AO MUNDO."


Você sabia que existe uma grande circularidade nas obras de Camus?


A obsessão pela gratuidade e o acaso trágico pairam em seus textos absurdistas. Para Camus, o absurdo "é um confronto, uma oposição entre a necessidade de encontrar o significado da vida e o universo, personificado por uma sensação de estranheza e de mistério". O natural e o inacrediável se mesclam e se metamorfoseiam por seus livros.


Uma das únicas lembranças que Albert Camus tem de seu pai é através de um relato familiar sobre o episódio em que Lucien Camus vai assistir a uma execução pública em Argel e termina transtornado. Essa cena ganhou um valor simbólico ligada ao sentimento do absurdo e acabou sendo recorrente em diversos livros do autor.


Ao ler "Reflexões sobre a guilhotina", ensaio em que Camus discute a pena da morte, o leitor tem conhecimento dos pensamentos, valores e princípios que o autor tinha sobre o assunto. E consequentemente, é possível compreender de forma mais clara o que aconteceu com Mersault, o herói de "O Estrangeiro", que aparentemente tinha uma vida tão banal e sem sentido.


"O Estrangeiro" é uma obra cheia de camadas, que, assim como "Reflexões sobre a guilhotina", tem em seu cerne, a associação entre indivíduo e sociedade.


Não imaginei que fosse gostar tanto, mas amei as duas obras. Fiquei impactada com "O Estrangeiro" e aprendi muito com "Reflexões sobre a guilhotina".


Ambos os livros são curtinhos e possíveis de concluir em apenas um dia. Fica aqui a minha recomendação para quem gostaria de conhecer o autor.

site: https://www.voandocomlivros.com/post/o-estrangeiro-e-reflex%C3%B5es-sobre-a-guilhotina-resenha
comentários(0)comente



Edu 08/09/2022

Reflexões sobre a Guilhotina
Em 1957, Albert Camus( 1913- 1960 ) publicaria Reflexões sobre a Guilhotina no livro chamado" Reflexões sobre a pena capital". Neste livro toi publicado outros dois ensaios; "Reflexões sobre a forca" de Arthur Koestler e "A pena de morte na França" de Jean Bloch-Michel.

Os companheiros de Camus nesse empreendimento tiveram experiências fortes com o poder do estado, Bloch-Michel, companheiro de Camus no tempo do jornal Combat, foi torturado pela Gestapo e Kostler sentenciado a morte pelos fascistas na Espanha liderado pelo ditador, general Francisco Franco de Bahamonde (1892 - 1975 ).

O ponto de Partida para essa reflexão de Albert Camus é uma experiência vivida por seu pai Lucien Camus. Em 1914, o pai do autor tinha ido assistir a execução de um homem em Argel, que além de matar uma familia ainda a roubou. Lucien saiu dizendo que " a morte é pouco" para o criminoso, mas o resultado foi uma experiência traumática, nauseante, que impactou também o filho, a ponto de Camus em suas obras fazer alusão aos momentos antes da pena capital, a exemplo de Mersault (personagem do romance O estrangeiro, 1942).

O pensador franco-argelino argumenta nesse ensaio que a guilhotina não funciona como exemplo para futuros criminosos, pois além de não diminuir a criminalidade, o estado passou a executar os condenados a portas fechadas.
Condena também a hipocrisia do estado que incentiva o alcoolismo e depois condena os que agem sob efeito do álcool à morte.

"Quanto ao estado que semeia tanto o álcool, ele não deve espantar-se ao colher o crime. De resto, ele não se espanta e se limita a cortar as cabeças nas quais ele mesmo despejou tanto álcool".

Argumenta que a sociedade não é absolutamente boa, pra considerar que o criminoso é absolutamente mau e que não pode ser reabilitado.

"De qualquer forma, afirmar que um homem deve ser absolutamente arrancado da sociedade porque é absolutamente mau é o mesmo que dizer que a sociedade é absolutamente boa, algo em que nenhuma pessoa de bom senso acreditará atualmente".

A vida humana está acima dos ideais políticos.

"Portanto, é preciso dar um basta espetacular e proclamar, nos princípios e nas instituições, que a pessoa humana está acima do Estado".

Este ensaio é fantástico. Atual? Sim, pois existem muitas nações com a pena capital em vigor. E quando olho para o Brasil, ultimamente uma miridade de religiosos políticos acabam gritando por pena capital sobre o slogan hipócrita de "Bandido bom é bandido Morto" sem levar em consideração as implicações práticas disso. Tratando-se da hierarquia social, aqui seria mais correto dizer "Bandido morto é bandido pobre", pois os de colarinho branco é que criam as leis.
comentários(0)comente



Faluz 02/11/2023

Reflexões sobre a guilhotina. - Albert Camus
"Vamos lembrar-lhes, também, que os trabalhos forçados deixam ao condenado a possibilidade de escolher a morte, ao passo que a guilhotina não deixa aberto nenhum caminho de volta."

A reflexão feita por Camus sobre a pena de morte utilizada na França, através da utilização da guilhotina nos coloca diante de fatores éticos bastante importantes. Essa possibilidade da inviabilidade de reposicionamento é uma delas. Ele cogita uma série de casos que após a sentença, descobre-se a inocência do condenado. Nada mais a se fazer, nada de possibilidade de se redimir ao erro.Uma situação no extremo do limite que nos coloca no mesmo patamar do criminoso. Como provar da impossibilidade da pessoa se tornar outra pessoa?
Muito reflexivo.
comentários(0)comente



Carlos531 22/09/2023

Atemporal
Estou começando a ler os livros de Camus para que eu possa me familiarizar ainda. Aja com a sua filosofia.
comentários(0)comente



manuelaaz 07/01/2024

Reflexões sobre a guilhotina...
As ideias de Albert Camus são incríveis e muito bem argumentadas! Apesar de ser um livro curto ele é bastante denso.
Adoro a relação que pode ser encontrada entre este ensaio e "O estrangeiro".
comentários(0)comente



5 encontrados | exibindo 1 a 5


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR