Resenhas - Os coadjuvantes

Aegla.Benevides 27/04/2022

Lançamento de abril da Companhia das Letras, ?Os coadjuvantes? é uma grande sátira à classe média alta brasileira. Essa premissa inicialmente me deixou bastante curiosa, principalmente porque envolve uma suposta relação sendo criada entre Vivian, a protagonista - curadora de arte de meia idade que vive com o dinheiro da família -, e Darlene, uma vendedora ambulante. Infelizmente, não utilizei o ?suposta? à toa.

Apesar de ter amado a escrita da Clara Drummond e sua coragem em abordar esse tema, achei o livro todo muito desconexo. Ao invés de trazer a diferença de classes como um elemento enriquecedor da história, a autora utilizou as 112 páginas do livro pra expor como vivem as pessoas verdadeiramente ricas no Brasil, numa coleção de reflexões sobre família, drogas, vida profissional, política... Sua Vivian é uma personagem insuportável (e não, não deu pra gostar nem um pouquinho dela porque, apesar de ela se considerar uma ?rica de classe executiva?, ainda tá muito longe da minha realidade), mesmo com seu deboche.

Ao finalizar a leitura, a sensação que tive é de que o potencial do enredo foi desperdiçado. Queria ter visto mais da Darlene, ou mesmo Vivian ?reagindo?, transformando em atitudes os pensamentos ácidos e satíricos que ela compartilha com o leitor - talvez a graça do livro até esteja nessa falta de coragem dela. Pra quem quer conhecer as nuances das classes abastadas (realmente li coisas das quais não fazia ideia) em uma leitura de poucas horas, é uma ótima recomendação; pra quem quer uma história que prenda atenção e desperte bons sentimentos, nem tanto.

Leila 30/12/2023

Os Coadjuvantes, da autora brasileira Maria Clara Drummond, oferece uma visão cáustica e penetrante do mundo da arte e da sociedade brasileira contemporânea. A trama é, centrada em Vivian, uma curadora de trinta e poucos anos com um currículo impecável, que vive cercada de amigos riquinhos ostentando uma vida de alta classe, mesmo que a família de Vivian já não seja tão rica como foi no passado,

A escrita de Clara Drummond tem uma abordagem satírica, oscilando entre o sarcasmo e a crueldade, enquanto descreve o esfacelamento da classe proprietária brasileira, aqui no caso centrada no Rio de Janeiro. A narradora conduz o leitor por um universo de festas e artes, revelando uma geração que experimenta uma rebelião vaga e possui uma consciência do mal-estar social, mas continua a dança superficial, como a própria narradora se descreve. A crítica social presente na obra é destacada como uma análise aguda do Brasil contemporâneo, com referências ao surgimento de um possível estado policial.

No entanto, minha experiência de leitura foi um tanto ambígua. Embora tenha apreciado a leitura rápida e fluida, pra mim faltou um desenvolvimento mais profundo da personagem principal, Vivian. A obra, apesar de descrever de maneira eficaz um universo distante da minha realidade, que é fútil e baseado em aparências e materialismo. Na minha humilde opinião a autora poderia ter explorado mais a personagem central, proporcionando talvez uma catarse que aproximasse os leitores dela, mesmo para aqueles que não compartilham do mesmo contexto frívolo e meio surreal que é a ambientação da obra.

Enfim, é daqueles casos que com certeza considerarei ler outras obras da autora no futuro, pelo seu estilo literário peculiar e a capacidade de capturar a minha atenção com uma abordagem ferina e intrigante.

Marcia 06/09/2023

Minhas impressões sobre o livro
Livro curto, ótima escrita e um tema que perturba, incomoda. O livro vai tratar de forma crítica a futilidade, o materialismo, um consumismo absurdo e o jogo de interesses da alta sociedade.
Achei um pouco exagerado , fica desistessante depois de um tempo.
A protagonista é Viviam, uma moça , filha de pais ricos que sempre teve de tudo porém é contra as regras de aparência, dos absurdos que sua mãe fala, sempre tão preocupada com o que os outros vão pensar, em selecionar só amigos com alta posição social etc.
Mas o que mais me incomodou no livro foi a protagonista criticar tanto mas fazer muito pouco. Ela é curadora de arte,trabalho que não é fixo e vive gastando com festinhas, com coisas fúteis, caras ( fazendo muito do que ela critica) e quando a conta bancária entra no vermelho pede a mãe pra cobrir. Para mim cai um pouco na hipocrisia.
Na rua que Viviam mora, ha uma vendedora de cerveja que ela demorou para percebe-la. Um dia, um acontecimento sério envolvendo a vendedora fará com que Viviam repense em muita coisa. Nesse dia Viviam estava presente, a cena é muito bem escrita e me chocou. Mas o depois, a postura da Vivian me irritou mais ainda. E acho que podeiria ter desenvolvido mais essa parte.
Esse acontecimento com a vendedora vai marcar a vida de Vivian mas, na minha opinião, faltou muito, faltou fazer, faltou agir como desde sempre. (ou desde o começo do livro)
Bom, essas foram as minhas impressões.

Lailie 12/05/2022

Uma boa promessa que não entregou nada
Sabe aquele livro sátiro, que causa incômodo, então é esse. Mas não é um incômodo bom, é do tipo que causa asco. Se tem algo que eu detesto muito é gente rica e privilegiada com papo de ?ai eu não sou como os meus pares, eu sou melhor. Eu sou tenho meus princípios.? Que princípios seriam esses? Suas contas são pagas com o dinheiro que você critica. Me poupa sabe. A Vívian, a protagonista dessa história, é essa pessoa e eu até poderia gostar dela, porque ela tem umas questões que me causariam empatia, porém não me causaram justamente pela falta de carisma. De dez palavras, nove eram sobre o quão a vida dela de classe média alta é boa, mas desprezível, que ela odeia o círculo que a família frequenta, mas os amigos dela são pessoas de berço. Uma baita hipocrisia. O único ponto muito positivo desse livro, foi a escrita fluida da autora, foi o único motivo pelo qual eu não abandonei essa leitura. Como diria Isabela Boscov: ?Achei tão bobo, achei tão sem graça, achei tão batido?

Talita | @gosteilogoindico 27/05/2022

Esperava mais
O livro é uma sátira à classe média/alta brasileira. A protagonista, Vivian, fica comentando suas "riquezas".
A superficialidade tanta da protagonista como dos demais personagens é altíssima.
A leitura me cativou pela fluidez, e não pelo conteúdo.
Algumas questões levantadas pelo livro são pertinentes, mas não consegui criar empatia.

Livia 30/11/2022

gostei muito desse livro, destaquei várias frases, a personagem principal causa um misto de amor e ódio (assim como qualquer pessoa não fictícia kskskakak). É um livro adulto, mas não por conta da linguagem usada (contém menção à droga lícita e ilícita, estupr0, assédi0, suicídi0 e enfins) e sim pela temática, por causa da idade dos personagens e de como é retratada a vida deles, não tem nenhum personagem adolescente, não tem romantismo na história, é a verdade humana nua e crua. muito provavelmente role algum reconhecimento pessoal em uma situação ou outra. E se alguém entendeu o final do livro, comente comigo por favor kkskskkak

Elane.Medeiross 09/02/2023

............................ Me limito apenas a essas palavras, para cumprir com o desafio do skoob.

lele194 17/01/2024

Ai ela é tão galera CHATA PACAS
A rita lee teria dado uma coça nessa vivian pra aprender a parar de ser sonsa e narcisista

achei meio ? a sinopse mencionar a darlene, pq não acho que ela traz nada pra história
eu gostei do livro, da escrita e da narrativa, mas sei la acho que faltou algo mas n sei o que tb

Gabriel 25/01/2023

Alô, Braziil! Contêm Ironia na forma
O que a personagem diz não é nada de novo, todos nós temos uma ideia do que é o mundo dos ricos. Mas o relato em primeira pessoa é uma tentativa de justificativa perante sua inércia moral, mesmo tendo a "consciência" de quem ela é e do lugar a que pertence. É o conforto que descamba em crueldade por conta do vazio e da estagnação. Um vazio que não é preenchido por nenhum valor edificante - é menos tortuoso lavar as mãos e obter pequenos prestígios do que uma ação de equidade. Tudo é sobre a aparência e o bem material - que se justapõem a questões sérias da ordem psíquica passadas na infância e adolescencia e que perseguem a personagem. O mundo dos 0,1% se apresenta como um tipo de "casta", e como tal, sua condição social é interpretada por um viés determinista. No fundo é uma confissão de que não há acordo porque o privilégio é naturalizado - como o instinto de um animal no topo da cadeia alimentar. Ora, desta maneira há saída de forma pacífica e socialmente conciliadora? Em alguma parte do romance a personagem cita Robespierre dizendo que o admira, mas que no final das contas ela se parece mais com Maria Antonieta. A guilhotina de Robespierre talvez nunca tenha sido tão necessária em tempos tão díspares como o atual.

ClaudiaMF 12/01/2023

O mal estar da burguesia que dá nojo
Sinceramente, o mal estar que a protagonista não sente, ou esbarra em sentir por um pequeno tempo, é o mal estar que senti lendo esse livro. Na capa está citado sobre ele: "surpreendente, divertido, retrato de uma geração." Que geração? A geração de herdeiros da Zona Sul carioca, com dinheiro de fachada ou não. Apesar da escrita inteligente e impecável, preferia ter lido outra coisa. Só senti o mal estar de saber da existência patética dessa bolha.

Marcianeysa 10/02/2023

A escrita da autora é muito boa, o livro é bem fluido. Um retrato dos ricos brasileiros e sua futilidade. Faltou um desenvolvimento melhor da história do meio pro final, o que poderia trazer alguma redenção da protagonista.

Rafael G. 15/10/2022

Resenha - Os Coadjuvantes
Vivian é curadora de arte, mora num apartamento cedido pelos pais e paga seus luxos basicamente com a boa mesada que mandam. Ela é dessas poucas pessoas que podem trabalhar com Arte (ganhando praticamente nada) porque não precisa tirar o sustento do seu ofício. Então circula por festinhas do metiê carioca regadas a muito sexo, padê, contracultura e, claro, condescendência quanto à realidade brutal e distante de pessoas como Darlene, a mulher que vende cerveja na frente do seu prédio.

Eu fiquei esperando - e talvez o problema esteja na minha expectativa - que este encontro de duas pessoas separadas por um abismo social fosse apresentado com mais força. Eu queria sentir essa colisão vertendo sua violência em linguagem, expressando o choque entre dois mundos-personagens. Darlene, no entanto, aparece fortuitamente no primeiro e no último capítulo. Sua passagem pelo livro mal serve para disparar as memórias de "pobre menina rica" da narradora. Encenação do silêncio a que esses "coadjuvantes" são submetidos? Talvez. Mas até que ponto essas encenações não reproduzem justamente aquilo que dizem "denunciar"?

Vivian conta da dinâmica de bajulações das classes altas, Vivian conta da depressão identificada já na infância, Vivian conta de como repete a própria mãe, enquanto eu pensava "cadê Darlene?" Porque essas reminiscências não me pareceram provocadas pela outra personagem: Darlene não volta nem mesmo como fantasma. Ela não passa de uma menção. Uma nota de rodapé na biografia de Vivian.

Então, se era para ser o livro ácido e bem humorado sobre as trocas de favores, jantares e influências da classe média alta carioca: ok. Se era para ser sobre o choque de classes e suas interpelações, ficou o silêncio constrangedor.

Dandara 13/11/2023

Os coadjuvantes
Primeiro livro de Clara Drummond que leio. Os coadjuvantes é uma leitura rápida, um recorte na vida de uma mulher classe média alta um tanto quanto enjoada. O livro tem seus altos e baixos.

Thatha 30/04/2022

Uau. Apenas, uau.
Absolutamente nada que eu escreva aqui vai fazer você entender sobre a intensidade desse livro. Um dos meus favoritos, sem duvidas. Preciso de mais Clara Drummond.

Cris 02/05/2023

Um retrato de futilidade, egoísmo e falta de empatia. A narrativa é tão boa que parece não ficção.