Bunig 05/07/2022
Necessita de revisão
⚠ Gatilhos e Aviso de Conteúdo ⚠: alcoolismo, consumo de bebidas e cigarro, violência doméstica, pedofilia, abuso sexual e homofobia.
A sinopse desse livro foi o que me atraiu, fiquei apaixonada logo de cara e muito empolgada para ler.
Como pontos positivos, eu posso citar a história se passar em Juiz de Fora, porque eu também sou de Minas Gerais e consegui identificar várias coisas que também acontecem na minha cidade, gostei dessa identificação. Outro ponto super positivo pra mim, foi a linguagem do autor. Geralmente eu me canso rápido e acho boba a linguagem empregada em livros Young Adult. Contudo, essa é uma reclamação que eu não tenho a fazer sobre Tudo Aquilo Que Você Não Diz. O terceiro e último elogio que tenho a fazer, é que a construção de personagens foi muito boa, dá pra identificar certinho quem é quem entre os personagens e eles agem sempre de acordo, mantendo constância.
Passando às críticas, o que mais me incomodou foi a narração, num geral. Pablo conta mais do que mostra, então era sempre difícil me colocar nas cenas. Dessa forma, eu achei o ritmo pesado e pouco fluido. Outra questão que eu tive, é que são inseridas várias situações na história que acabaram contribuindo pouco ou nada para o andamento do enredo. Era caso de ver um acontecimento sendo construído e não levando a lugar nenhum, ficando ali sem propósito. Ainda sobre a narrativa, há outro problema grave, as coisas só ficam interessantes de fato a partir dos 35, 40%, e isso num livro de menos de 300 páginas é grave. Porque, se reparar bem, leva quase metade da leitura para se firmar e dar andamento na história. É perceptível que o autor se preocupou em construir bem a ambientação, o contexto e os personagens, mas não precisava fazer isso tudo logo de cara, no começo, pois deixou o início maçante e eu pensei em desistir várias vezes. Na minha concepção, vários desses problemas poderiam ser evitados caso houvesse uma boa revisão da obra, já que até erros de português eu encontrei.
Agora, algumas pequenas observações:
Pablo no intuito de fazer um livro positivo, com mensagens legais, acabou forçando vários diálogos, o que fez com que a naturalidade e o impacto de alguns pensamentos fossem perdidos;
O uso de frases cotidianamente comuns, como “Já ia me esquecendo[…]” ou “Por que você não contou antes?”, foi exacerbado e em contextos que não se aplicavam, que me causou estranhamento;
A descrição do Fred é muito confusa. Falar que o pai dele é moreno (o que me remete a cor de cabelo, na verdade) e que ele é um pouco mais claro, me fez pensar que ele se enquadrasse como negro, mas ele não é, então não entendi;
E, por fim, o Caio me incomodou. Ao longo da leitura eu entendi que ser comilão era da personalidade dele. Entretanto, em sua primeira aparição eu tive a impressão errada e até interpretei como gordofobia. Ele chegou pedindo comida e foi descrito como tendo a “barriga avantajada”. O que me fez questionar se, só por ser gordo (porque foi isso que interpretei de barriga avantajada) ele tem que pensar em comida o tempo todo? Achei estereotipado e um pouco problemático.
Em termos gerais não foi um livro que eu gostei muito e nem recomendaria, mas espero por outros trabalhos do Pablo Madeira, pois reconheço nele um potencial imenso de ser mais um dos grandes nomes da literatura nacional.