Ana Júlia Coelho 26/08/2023Maitê vem de família humilde, tem dois empregos e, de vez em quando, faz bico de garçonete pra complementar a renda. Rafael vem de uma família com dinheiro, tem sua própria empresa com dois sócios e amigos, e não quer saber de relacionamento. Seu último foi um tanto quanto traumatizante – que acompanharemos com os flashbacks ao final de cada capítulo -, e só quer sair pra se divertir com uma mulher por noite. Até que ele esbarra em Maitê em uma balada superfamosa e exclusiva.
Maitê também se sente impactada por Rafael e engata em um casinho com ele, já que o boy não quer nenhum envolvimento sério. Mas vai ser complicado manter só numa amizade colorida quando o sentimento começa a crescer. Para piorar tudo, essa aproximação de Rafael com outra mulher só vai incomodar a ex-namorada doida e a mãe dele, que vão fazer de tudo para separar os dois.
A autora tem dificuldade em abordar outros pontos além do amor dos protagonistas, mas isso é normal em basicamente todos os romances – são carentes de conteúdo além da pegação. Acho que poderia ter narrado muito mais a vida de cada um além do que eles são quando estão juntos, essas outras faces dos personagens valorizariam a narrativa. O título remete a um trauma gigante, que impede que o personagem se permita amar, mas não senti esse tema tão trabalhado a ponto de fazer jus ao que o leitor espera (sim, tem os flashbacks que permitem ao leitor ter um vislumbre de como o relacionamento foi ruim, mas eles são tão curtos que não agregam tanto no enredo). A história é um pouco corrida, tudo acontece muito rápido, e o final me desagradou um pouco. Basicamente, todo livro tem que ter um final feliz, com os vilões percebendo que não vale a pena ser mau e se redimindo, mas não tem uma construção para que isso aconteça nessa história.
Achei a formatação um pouco estranha, com um espaçamento desnecessário entre cada parágrafo, e a ausência de uma separação entre cenas (por exemplo, estão num restaurante e no parágrafo seguinte já estão em casa, mas não há separação física entre eles – além da encontrada em todo o livro -, como é comum em outras obras). A falta de revisão foi outro detalhe que me incomodou MUITO, a ponto de eu perder o foco na história com tanto erro ao longo dela.
Mas nem só de coisas ruins essa obra é feita. Não tem câncer, por exemplo, o que me deixou muito feliz. Também gostei da estrutura dos capítulos (que são curtos), sempre juntando o ponto de vista de Maitê, o de Rafael e um flashback do relacionamento anterior, e essa intercalada permite que a leitura tenha uma fluidez muito boa. Mas o que me pegou de surpresa foi a pessoa ruim ser uma mulher. Romance normalmente apresenta um ex-namorado possessivo, que tem dificuldade em aceitar um término e que atormenta a ex, e nessa história foi a mulher quem perseguia Rafael, então gostei dessa diferença para com os outros romances que temos por aí.
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