Resenhas - O Silêncio das Mulheres

Valéria Cristina 31/03/2022

Troia
Não importa quantos livros eu leia a respeito da
Guerra de Tróia, sempre vou emocionar-me com a morte de Patroclo.

Neste romance, esse episódio, além de muitos outros, é narrado por Briseida. Depois da queda de Lirnesso, ela se torna escrava de Aquiles. Portanto, temos a visão de uma mulher escravizada que demonstra como são as mulheres, em todas as guerras, as que mais sofrem.

Beatriz2371 08/07/2023

Clube Skoob
Que leitura brutal, ver a história pela visão das mulheres numa guerra sempre são, nelas contem a parte feia e violenta, a realidade que ninguém conta.

Já conhecia a história Grega e mesmo sabendo o que aconteceria com Tróia, o final de Pátrocolo e Aquiles. A leitura não deixou de me surpreender.


... " ... os homens são curiosamente cegos à agressividade nas mulheres. Eles são os guerreiros, com seus capacetes e armaduras, suas espadas e lanças, e parecem não notar nossas lutas, ou preferem não notá-las. Talvez, se percebessem que não somos as criaturas dóceis que acreditam que somos, sua paz de espírito seria perturbada? ... " ...

... " ... Ídolos, super heróis ou celebridades, todos os dias voltamos à mitologia grega sem pensar" ...

Vivi 08/07/2022

Uma leitura que deixa marcas
Eu ainda não tinha lido nada sobre a Guerra de Tróia, então eu não sabia muito bem o que esperar até ler a sinopse e o material de divulgação do livro. Fiquei apaixonada por esta leitura. O mais legal é que a história é narrada pelo ponto de vista de uma mulher: Briseida, rainha de Lirnesso. Após a invasão de Tróia, ela é levada como escrava e entregue como prêmio a Aquiles e muitas coisas acontecem desde então.

Eu gostei bastante desse primeiro contato com Mitologia e já me interessei por outros livros relacionados ao mesmo assunto.

Foi uma leitura intensa, que me deixou pensando na história por bastante tempo.

Fabianne 21/09/2022

Surdas, mudas e insignificantes...
Não se trata somente do silêncio das mulheres, mas da sua invisibilidade. Nos faz questionar, há quanto tempo isso acontece, de forma tão bruta. O quanto cada passo que é dado é pequeno e lento, pois ainda hoje, assistimos as múltiplas violências contra a mulher ser naturalizada.

Ela faz uma releitura do famoso livro, ?A Ilíadas?, aos olhos de um mulher, trazendo uma nova perspectiva da história de uma forma magnifica.
Aos olhos de Homero, Aquiles, o lindo lutador, Príncipe de Ftia, era a imagem do herói forte e corajoso. Será se era isso o que ele representava para as mulheres? Segundo os poemas de Homero, Briseida prima de Heitor e Paris, se torna escrava de Aquiles e acaba se apaixonando por ele, mesmo depois de assisti-ló matar o pai e os irmãos. Será uma pura síndrome de Estocolmo ou era algo do tipo: Todo munda ama Aquiles, e ela deve amar também?

Pat Barker vem quebrando 4 mil anos de invisibilidade, e oferece as futuras gerações, uma ressignificação do papel feminino, dentro da mitologia, que nos foi negado.

Julia Agnes | @pontoparagrafoo 16/03/2023

A mesma história, contada por outro ponto de vista
E depois de muito tempo, uma resenha! Andei me aventurando por mitologias - um assunto que amo - até que me deparei com essa obra de uma qualidade ímpar, de Pat Barker.

Muito se ouve sobre o mito de Aquiles e como o mesmo era viril e invencível. Há ainda histórias que dão um enfoque maior em demonstrar como o "grande e imbatível" também não era tudo isso. Mas aposto que você nunca ouviu, ou sequer pensou na hipótese, de que a Guerra de Tróia poderia ser narrada por um ponto de vista feminino, ou melhor, pelo olhar do "inimigo".

E se uma sobrevivente, e não qualquer uma, contasse com detalhes os horrores vividos e as fraquezas por trás de tanta pompa? Você leria? É o que Pat Barker traz como premissa nas 300 páginas de "O Silêncio das Mulheres".

Muito se fala sobre Helena de Tróia, mas e todas as mulheres que foram raptadas, mortas, estupradas, expostas como troféus e submetidas à escravidão? É nessa grande narrativa que segredos são revelados e detalhes jamais imaginados sobre o semideus, Aquiles, são trazidos a tona pela intangível e porta voz de todas as vítimas, Briseida.

Este é um livro diferente de tudo o que venho lendo, sobre uma das mais famosas histórias de guerra. A escrita cativa desde o primeiro capítulo e não tem o processo de adaptação, que costuma ser bem custoso de ser superado a princípio, na maioria dos livros. Li em apenas dois dias e mal vejo a hora de ler "Mulheres de Tróia", da mesma autora. A imaginação de Pat Barker vai além e chegamos de fato a pensar que tudo narrado por Briseis aconteceu.

Recomendo, principalmente, para aqueles que ainda não conhecem na íntegra o mito de Aquiles, os detalhes sobre o embate entre gregos e troianos, tampouco, sobre o suposto rapto de Helena, realizado por Páris. Apesar de ficcional, tenho certeza que será um norte, inclusive, caso você tenha pretensões futuras em conhecer os famosos escritos de Homero.

Para mais resenhas como essa, não deixe de acessar, pelo Instagram: @ponto__paragrafo

Pati 17/02/2023

Briseida como tu é forte!
Mais uma vez a Guerra de Troia é contada na versão da mulher.
Briseida vira escrava de Aquiles quando sua cidade cai para os gregos.
Como se adaptar a nova vida de escrava, se antes era uma rainha?
Briseida viu seus parentes serem mortos diante de seus olhos.
Ela e tantas outras mulheres se viram na condição de escravas sexuais.
Passaram longos anos tecendo lãs, preparando comida, curando os doentes. Servindo o vinho e seus corpos para os gregos.
E infelizmente, foram obrigadas a esquecer seu passado.

Joyce 08/04/2023

Deve ser um ótimo livro mesmo, para aqueles que gostam de mitologia!
Eu li porque me forcei, muito difícil a leitura também...

Léa Diógenes 10/02/2023

Impactada
Não sou uma pessoa que gosta de ler sobre guerras, sobre batalhas e etc. Esse livro me ganhou pelo título, quando iniciei a leitura não sabia do que realmente se tratava. Porém, o tom das primeiras frases aguçou a minha curiosidade sobre o enredo e quando percebi já estava mergulhada na história.

Acredito que o tornou a história interessante, é justamente porque a autora deu voz as mulheres, aos sofrimentos que elas eram obrigadas a passar.

Mokumura 04/09/2022

Cruelmente verdadeiro
Esse é um livro muito pesado, foi difícil de ler e precisei várias vezes parar para digerir o que acontecia, mesmo já conhecendo a historia, eu não estava preparada. Ele é contando da perspectiva de alguém que perdeu tudo para a guerra e que continuou perdendo pelo fato de ser uma mulher. Não é uma leitura cheia de luz, mostrando o melhor lado de Aquiles como em A canção de Aquiles, na verdade é o completo oposto, é sobre o quão horrível ele foi, em como ele destruiu a vida de várias pessoas, incluindo a Briseida. Muitas vezes eu pensei que não dava para piorar, mas eu estava terrivelmente enganada e isso foi se repetindo até o final, não sei dizer se esse foi um final feliz, mas dá pra dizer que ela sobreviveu, apesar de todas as adversidades ela conseguiu sobreviver.

Maria 10/07/2022

Triste e revoltante
O livro fala sobre a era dos deuses e heróis antigos, ambientado na Guerra de Troia que durou 9 anos. A narrativa começa com Briseida, rainha de Lirnesso contando como se tornou uma escrava em todos os sentidos, sendo dada como prêmio para Aquiles por mais uma cidade conquistada.
Por essa parte já deixa uma aperto no peito e uma revolta impossível de não sentir. Todas as mulheres das cidades que foram conquistas nessa guerra, sem exceção, foram levadas e usadas como bem queriam. Os homens e meninos todos mortos, inclusive bebês de colo e as mulheres grávidas, já que não era certo se estavam ou não carregando uma menina.
Briseida se mostra uma mulher extremamente forte e resistente, entende que não há nada a ser feito sobre a sua situação mas ainda assim não perde sua essência e não deixa de acreditar em coisas melhores. Ela vê seus irmãos sendo mortos por Aquiles e depois sendo obrigada a ser uma escrava para ele, e então para Agâmenon, que em um momento de desafios entre ambos ela está no meio. Ela acaba voltando para Aquiles depois da morte de Pátroclo, um personagem extremamente justo mas que infelizmente também teve parte na guerra.
O livro é uma releitura incrível focando nas partes que no clássico não vimos. As pessoas que mais sofreram com a guerra foram retratadas em uma visão não romantizada, com mortes que foram injustas mas que ainda assim aconteceram.
É um livro que com certeza vai ficar na minha lista para reler.

jess 07/06/2022

"Nós vamos sobreviver. Nossas músicas, nossas histórias. Eles nunca conseguirão nos esquecer. Décadas depois da morte do último homem que lutou em Troia, seus filhos se lembrarão das canções que suas mães troianas cantaram para eles. Estaremos em seus son
Sempre tive altas expectativas com esse livro pois e ideia de ler a guerra de Troia narrada pelos olhos de quem mais sofreu com ela me instigava muito. A história é narrada por Briseida, rainha de Lirnesso, que teve sua cidade devastada, assistiu toda sua família ser assassinada e foi entregue como escrava a Aquiles. Acompanhamos sua trajetória enquanto escrava, seu desejo intenso de liberdade, suas memórias com Helena e os cidadãos de Troia. É interessante notar que Helena não era considerada querida em lugar algum. Os cidadãos de Troia a ressentiam e os soldados da Grécia criavam hinos sobre as atrocidades que fariam a seu corpo.
A narração das atrocidades, das mortes e dos estupros é tão intenso que por vezes precisei deixar o livro de lado para respirar.
Para mim também foi maravilhoso acompanhar a trajetória de Pátroclo por outros olhos, a verdade por trás de sua amizade com Aquiles, a forma como ele estava acostumado a ser visto como apenas uma ferramenta de Aquiles e como os homens o respeitavam mas o julgavam também por isso. A morte de Pátroclo sempre me faz chorar e a dor de Aquiles é retratada de forma tão crua e real que por muitas vezes nos causa incômodo.
No fim das contas, não há alívio na conquista de Troia. As atrocidades que se seguem são ainda piores do que as que vimos anteriormente e fica claro que a sede de sangue daqueles homens não será saciada tão cedo.
É um livro doloroso e transformador e me fez ficar pensando nele por dias. Recomendo a todo mundo que assim como eu, é fascinado por tragédias gregas.
"Aquiles chorou quando fui levada embora. Ele chorou: eu, não. Agora, anos mais tarde, quando nada disso importa mais, ainda tenho orgulho disso. Mas eu chorei aquela noite."

andrealog 27/01/2023

Nunca foi fácil ser mulher
Todo mundo conhece a história da guerra de Tróia e a luta pela bela Helena. Mas e as outras mulheres? A partir da perspectiva de uma rainha, cujo reino foi conquistado pelo célebre Aquiles e transformada em prêmio de guerra, portanto escrava, a gente percebe o quanto das dores, da violência, das angústias de ser mulher pode atravessar os séculos. Uma perspectiva única e uma visão de um herói não tão heroico!

Larissa1313 06/03/2024

Um mergulho nos mitos gregos
Para quem gosta de história e mitologia, é um excelente livro. Aborda sobre a guerra de Tróia com uma linguagem super atual, colocando o ponto de vista das mulheres como o mais importante. Mostra sobre o temperamento difícil de Aquiles, herói e mito grego, e sobre como ele era venerado. Aborda sobre a crueldade e violência presentes em uma época sem lei, onde a força prevalecia e onde não eram poupadas nem as crianças. Vale a pena a leitura para quem se interessa por essa temática.

Diã 04/07/2022

Leitura ímpar!
O livro, a meu ver, não é aquele que você pega e não consegue mais largar, pois ele necessita que seja lido e compreendido ao poucos. Por vezes a leitura se arrasta, mas, sem qualquer dúvida, é um excelente livro.
Uma história que se apresenta sem qualquer romantismo e escancara o quanto nós, mulheres, somos silenciadas ao longo da história.
"Pensei: Imagine, imagine que apenas uma vez, uma, em todos esses séculos, os deuses traiçoeiros mantenham sua palavra e Aquiles receba glória eterna em troca de sua morte prematura sob as muralhas de Troia?? O que pensarão de nós, o povo daqueles tempos inimaginavelmente distantes? De uma coisa eu sei: não vão querer a realidade brutal da conquista e da escravidão. Não vão querer ser informados sobre os massacres de homens e meninos, a escravidão de mulheres e garotas. Não vão querer saber que vivíamos em um campo de estupro. Não, vão preferir algo muito mais suave. Uma história de amor, talvez? Só espero que consigam entender quem eram os amantes."

Dhiego Morais 08/06/2022

Ficção Mitológica de respeito
Em "O silêncio das mulheres", o leitor é convidado a mergulhar muitos séculos no passado, a fim de observar a reconstrução de um dos maiores conflitos da história: a emblemática guerra de Tróia!

Embora pensemos em Aquiles & Patroclo, Paris, Heitor & Helena quando o assunto é Tróia, Pat Barker, a autora redesenha o conflito de modo a levar atenção às muitas e muitas mulheres ? mães, filhas, esposas, irmãs e amigas ? que sofreram com a brutalidade da guerra.

A Guerra de Tróia é conhecida como uma guerra entre homens, onde uma mulher, levada pelo mar por amor, se torna o estopim para o conflito. O que Pat faz é levantar a dúvida: mas e as outras mulheres que foram silenciadas? O que houve com elas?

Briseida assume esse papel em "O silêncio das mulheres". Tendo seu lar destruído e pilhado pelos gregos, ela acaba sendo entregue pelos soldados a Aquiles, como um troféu ? e escrava. De rainha a escrava, Briseida passa a conviver com Aquiles, herói e semideus, enquanto também conhece Patroclo.

Pat Barker nos guia por uma jornada intensa, entre batalhas e dramas pessoais tensos. Briseida vê, cidade após cidade, mais morte, destruição e mais mulheres tomadas pelos gregos. Pelos seus olhos nos afligimos e sentimos a dor da perda, da vergonha, do medo...

Ainda que o ponto da história de Pat Barker seja dar voz às mulheres no, talvez, mais famoso conflito da Antiguidade, o que marca é a presença quase divina de Aquiles, bem como sua forte conexão com Patroclo.

Como romance mitológico, este livro certamente fará o gosto dos leitores de "A Canção de Aquiles", "Circe" e "No coração da Bruxa".

Fica a forte recomendação! Leitura fluída, intensa e reflexiva.