Paulo 28/01/2024
Neste romance argentino, o primeiro romance do antes contista Federico Falco, o protagonista se distancia para longe, uma fuga, para o pampa argentino, uma paisagem plana, "vazia", sem destaques. Não uma fuga social, familiar, isso já ocorreu muito antes, num passado que ele vai nos contando numa linha do tempo de ida e volta, agora é a fuga de uma perda, de uma daquelas perdas de uma vida compartilhada e amparada em conjunto, em dois, e então se tem que reaprender a viver só. Dor de fim de amor, rejeição, solidão, incompreensão. Essa fuga foi um "surto" ou uma tentativa legítima de se recuperar?
Existe muita calma no meio dessa nova terra, é o vazio afastado do pampa, mas ao contrário do que se espera quando se sabe de alguém que foi ou vai entrar em contato (mais) direto com a natureza, aqui há, a princípio, e durante um tempo considerável, muita melancolia, muita angústia, muita surra da natureza e da falta de conhecimento num novo aprendizado. Pouca contemplação, "a natureza fustiga", parafraseando o protagonista.
Às vezes, as voltas no tempo da narrativa são um pouco confusas, não as voltas ao fim da vida em conjunto, isso é dolorosamente claro, mas quando o narrador volta, por exemplo, em dois passados ao mesmo tempo, quando recorda uma época e aí já puxa uma recordação similar de outra época anterior.
As descrições e listas incessantes de plantas, frutas etc. e da forma como elas são plantadas são, talvez, um pouco excessivas e cansativas.
Romance sobre distanciamento, aceitação, renovação e perda.