deborajournal 20/01/2024
Voltando ao jardim.Acabei botando água fresca para as flores
É uma história tocante. Violete é uma criança que cresceu no orfanato, passando de casa em casa para adoção. Começou a trabalhar cedo para sair de lá. Antes dos 18 anos conheceu Felipe Tussan, engravidou e a contra gosto dos sogros ficaram juntos.
Para sustentar a nova família, o Sr. Tussan conseguiu em meio aos seus contatos um emprego para o casal numa linha ferroviária, onde na verdade só Violete trabalhava levantando e baixando a cancela após os trens passarem. Vieolete sustentava a casa, o marido e a filha. Felipe Tussan era um bom vivan, saía sem dia nem hora de voltar em cima da sua moto e das mulheres que olhavam pra ele.
Sr. Tussan sempre submisso a mulher, agiam como se Violete fosse pouco para o filho. Sustentava-o também, em condições mais fartas. A sogra não aceitava sequer o nome que a moça escolherá para a criança.
Devido a automatização da cancela dos trens e acontecimentos que só são explicados ao longo do livro, o casal vira caseiros de um cemitério, não por acaso, onde mais uma vez os dois recebem e somente ela paga as contas.
Violete fez, realmente, dois grandes amigos durante a vida. Amigos estes que serviram de grande amparo nos momentos que ela mais necessitou de ajuda. Uma lhe trouxe acesso a um lugar que foram palco para grandes memórias e o outro, lhe ensinou a entender a beleza do cultivo de flores, alimentos e a suportar o peso das perdas.
Violete também conheceu um homem no cemitério dentre tantas pessoas que passam por lá, ele que veio em busca de explicações, motivos para sua mãe querer ser enterrada com um desconhecido (para ele) e acabou achando muito mais do que realmente fora buscar.
Grandes dúvidas surgem ao longo da leitura, mas devido a narrativa ir e vir entre os anos, pessoas e acontecimentos, algumas coisas realmente demoram pra serem entendidas no quebra cabeças a se montar. Não é o tipo de narrativa que me cativa, mas a história em si é belíssima.
"Então, assim como os gatos do cemitério, o sol entrou no meu quarto, debaixo dos lençóis. Eu abri as cortinas, depois as janelas. Desci para a cozinha, fervi água para o chá e arejei a sala. Acabei voltando ao jardim. Acabei pondo água fresca para as flores. Voltei a receber as famílias, a servir algo quente ou forte para as pessoas. E falei à beça."