Claudia.livros 22/02/2024
Sou muito suspeita para falar de obra de Bulgákov, porque adoro suas histórias beirando o non sense e o absurdo. Tudo começou com O Mestre e Margarida e depois foram os contos. Amo e panfleto esse autor sempre que tenho oportunidade.
Exilado e persona non grata na União Soviética de Stálin, ele conseguia como ninguém satirizar os obsurdos de se viver num sistema totalitário, que não só queria controlar os cidadãos, mas transformá-los em coisas, em máquinas.
E Bulgákov traduz isso muito bem nessa história. Temos aqui a descrição maravilhosa de um cientista que mistura cachorro e humano. E daí nasce um ser bruto, atrapalhado, vulgar, interesseiro, ameaçador e grosseirão (traços do homem e não do cachorro, rs) e que causa reboliço por onde passa. Um ser que se achava muito melhor do que era realmente.
E gente, é genial! Além de nos mostrar o absurdo e a inutilidade dessa tentativa de modificar a natureza humana, há também cenas que refletem a vida soviética: a burocracia, a chantagem, a ameaça, a politicagem e claro, a corrupção.
Simplesmente perfeito ?