Laura.Oliveira 21/09/2022
Não sei se estou resenhando ou desabafando
Conheci o livro através de um reels de uma influencer literária há algumas semanas e imediatamente me interessei pela premissa. Parecia o combo perfeito de tudo o que eu costumo gostar: viagem no tempo, intriga política, inimigos à amantes… Pensei que simplesmente não tinha como eu não gostar, mas fui tombada. Em parte pelas minhas próprias expectativas, admito, mas também porque o livro não entrega tudo o que propõe (e vou explicar porque penso isso sem intenção alguma de soar como hate. Estarei apenas no meu lugar de leitora dando opiniões que podem ser levadas em conta ou não, que fique claro).
Pois bem, nos primeiros 15% do livro, eu estava gostando da narrativa e crente que seria uma das melhores leituras do ano. Essa parte da história se passa nos anos 1950 e, apesar de ter uma coisinha que estava me incomodando e que eu ainda não sabia direito o que era (só fui perceber mais para a frente), fiquei envolvida pela expectativa de quando a “viagem no tempo” da protagonista aconteceria pra realmente dar início à trama, então praticamente “engoli” essa parte do livro.
Quando finalmente a passagem de tempo ocorre e a protagonista passa a viver no ano de 2014, os 15% seguintes do livro continuam envolventes pelo fato dela ter que se situar nesse novo contexto e em território inimigo com o inimigo em si a perturbando, primeiro como uma fonte de ódio e depois de atração. Além disso, toda a questão em volta da Ironm4x atrai para uma trama bem diferenciada, que deixa você com expectativa pelo que virá. Afinal, a perspectiva da filha de um antigo presidente dos EUA ter sido sequestrada e usada como cobaia de um experimento revolucionário e de sucesso (mas contra os direitos humanos) abre a imaginação do leitor para a ideia de uma nova possível guerra, até porque a Emily (protagonista) não parece nada disposta a ficar presa como uma cobaia obediente.
Todavia, a rebeldia da Emily é puro falatório. Ela tenta fugir uma vez para nunca mais e o romance sai da zona inimiga para amorosa bem rápido. Depois disso, a história começou a desandar para mim. Senti que todos os plots referentes ao contexto político simplesmente foram jogados de lado para que o foco fosse apenas o romance e, nisso, o livro que poderia ter sido algo incrível começou a parecer bobo e repetitivo com as brigas infantis seguidas de conciliações da Emily e do Nicholas (sério, eles brigam e voltam incontáveis vezes. 400 das 600 páginas do livro devem ser só em volta desse drama infernal).
Nisso, como a única coisa que parecia ir para a frente era o romance e ele estava me entediando e fazendo enrolar na leitura, comecei a reparar em TUDO que estava me desagradando na leitura e fiquei ignorando até então. A primeira coisa (a que citei no início da resenha que eu não conseguia definir) é que a autora não conseguiu me convencer a “aceitar” a ideia da Alemanha iniciar uma Terceira Guerra Mundial. No início eu tentei ignorar a aceitar o livre-arbítrio da imaginação autoral quanto a esse mundo paralelo, mesmo sabendo que na vida real seria impossível por todas as condenações que o país teve após a Segunda Guerra, mas o “problema” é que a autora nem tenta explicar como a Alemanha fictícia consegue isso, sabe? Não há uma resposta para como ela se recupera rápido da Segunda Guerra, não há uma explicação sobre Yan Hoffman e a família Hoffman, não há uma explicação sobre como a Alemanha conseguiu a IronM4x… É tudo jogado e você que aceite ou não. Posso estar sendo chata ao não conseguir aceitar, mas sinto que a autora nem tentou…
Da mesma forma, o contexto de 2014 também não é desenvolvido. Só lá para os 80% finais é que a gente entende o que seria o Ministério, mas nada mais sobre o contexto dessa Alemanha fictícia é explicado. Outra vez a gente só tem que aceitar que o Ministério é uma monarquia que passa de avô para pai e para neto e que eles mandam em tudo. Pronto. Não se fala sobre a guerra ao longo do livro (apenas no início e no final), os impactos dessa guerra para a Alemanha e os EUA, os perigos que existiriam se a IronM4x se tornasse de conhecimento mundial… Absolutamente tudo se torna step para o romance ou é deixado de lado, o que me frustrou muito, porque o romance é chato e desnecessariamente complicado.
Ainda nessa questão sobre contexto, outra coisa que me frustrou é que a Emily aceita as coisas rápido demais e ela simplesmente não busca saber se as pessoas que ela conheceu morreram ou não, nem luta pela própria liberdade. Ela simplesmente fica no ministério, nunca mais tenta fugir e vive o romance chato, aceitando migalhas das pessoas hipócritas que a cercam, porque, MEU DEUS, simplesmente não consegui deixar de refletir na hipocrisia que era aqueles cientistas (e o Nicholas) falando que amavam a garota, mas deixando ela cativa contra à vontade, sabendo que ela já teve a vida roubada. Antes fossem tiranos honestos, que prendem ela e pronto,
Enfim, para encurtar, vou resumir que não gostei do livro porque esperava algo mais elaborado e de acordo com a proposta, que prometia algum contexto político interessante, e recebi um romance que não curti. Partindo disso, não vou ler a continuação, porque acho que não sou o público alvo da história, e é isso. Desejo todo o sucesso do mundo para a autora, que escreve bem o suficiente para ter me feito ler 600 páginas, mesmo não curtindo a trama.