@refugionasestrelas 22/10/2020
Uma mistura de Sherlock Holmes e Scooby Doo
Minha primeira experiência com a Rainha do Crime superou todas as minhas expectativas! Eu poderia começar com algum dos livros mais famosos dela, como “Assassinato no Expresso do Oriente” ou “Não sobrou nenhum”, mas sou uma pessoa meio do contra e escolhi o mais diferente que encontrei kkkk
Em “Os Crimes ABC”, Hercule Poirot é desafiado por cartas enviadas por um assassino, anunciando a data e o local do próximo crime, assinadas apenas como ABC. As vítimas seguem uma estranha ordem alfabética: Alice Ascher em Andover, Betty Barnard em Bexhill, e assim vai. A cada assassinato, um guia de trens conhecido como “ABC” é encontrado ao lado da vítima. Um ponto que destaca esse livro dos demais são os crimes em diferentes localidades e realizados por um serial killer, o próprio Poirot diz isso a Hastings durante a narrativa.
Questionamentos surgem a cada página. Quem é o assassino? Como e por que as vítimas são escolhidas? Ficamos cada vez mais intrigados com ABC, pois a grande questão do livro não é o “quem”, mas o “por que”. Poirot está em busca de compreender as motivações do serial killer, o que desafia o leitor nos mínimos detalhes. No crime D, o texto ganha mais agilidade e se inicia a verdadeira caçada, em um estilo mais “gato e rato”. Na minha opinião, é aí que começa o momento mais atrativo do livro, trazendo o ponto de vista do assassino de maneira muito bem pensada, vemos o crime acontecendo quase passo a passo.
O final foi surpreendente, sério. Sabe aquele momento de Scooby Doo em que a máscara do monstro é tirada e Velma faz um discurso apresentando as motivações do vilão? Ou quando Sherlock Holmes expõe toda a verdade usando de detalhes que nos passaram despercebidos? Pois então, me senti exatamente assim. O discurso final de Poirot me deixou de queixo caído, são pequenas sutilezas que no final formaram o quadro exposto pelo detetive belga. Já reli essa resenha umas três vezes, só para conferir se não deixei escapar algo que possa estragar esse momento kkkkk.
Ao longo do livro, a narração é predominantemente em primeira pessoa, pelo capitão Hastings. Alguns poucos capítulos são em terceira pessoa, porém a troca fica explícita logo no início do capítulo. Desse modo, a narração adquiriu um tom dinâmico e deu ao leitor a possibilidade de analisar diferentes pontos de vista. A trama foi muito bem construída, nos induz por um caminho apenas para nos surpreender em seguida. Com certeza a Rainha do Crime faz jus ao título!
“O mistério não era o enigma desses assassinatos, mas sim o mistério de ABC. O motivo que o levara a cometer esses crimes. Por que ele me escolheu como seu adversário?”
Leitura #3 da Creepytober 2020