Resenhas - Casas Vazias

Mari Pereira 26/04/2022

Ainda digerindo as repercussões desse livro... Doído, inquietante, verdadeiro, visceral.
O que somos nós mulheres além de casas vazias? Receptáculos que são usados, quebrados, descartados?

Me chamou a atenção a crueza com que a autora tratou a maternidade: sem meias palavras, sem romantização, pelo que ela é ou pode ser, pelos inúmeros significados que pode alcançar.
O livro nos lembrar que "cuidar também cansa". E que a maternidade, escolhida ou não, não tem possibilidade de retorno.

"Todos, todos, sem exceção, tagarelavam e ouviam a si mesmos, enquanto nós, mulheres, nos olhávamos confusas e impávidas, porque isso era o que tínhamos a fazer: sermos as casas vazias para abrigar a vida ou a morte, mas, no fim das contas, vazias."

Ah, o posfácio da Natalia Timerman é sensacional! Não deixem de ler.

-Koraline 20/01/2024

#MLV2024 - Família Aurora - Um livro comprado no impulso
Casas Vazias foi um livro que vi apenas a capa e já me interessei, sem nem ter lido a sinopse, e depois de saber do que se tratava, fiquei ainda mais curiosa, mas infelizmente não foi tudo o que eu esperava. É uma história bem "fluxo de consciência", com as situações narradas sem nenhuma ordem específica, o que não teria nenhum problema se houvesse de fato uma história, especialmente por parte da mãe que teve seu filho raptado, que foca na menina e é bastante repetitivo. Sobre a perspectiva da raptora, realmente tinha algo a ser contado, mas o que me cansou foi que focou demais nas questões sexuais do que na necessidade pela maternidade. Enfim, não é ruim, mas poderia ser muito melhor, e imagino o potencial que teria alcançado se fosse uma história desenvolvida pela Carla Madeira.

Rick Shandler 25/12/2023

Casa Vazias - Brenda Navarro
Casa vazias não é sobre a maternidade. É sobre a mulher. Brenda Navarro escreve sobre as casas vazias e não sobre quem, por ora, as habitam. Facilmente associamos o título com a ideia da criança raptada, restando sua casa vazia após o rapto. Ou até mesmo com a personagem que quer muito ter um filho e sua casa está vazia até que ela rapta uma criança. Mas, não é a isso que o título se refere. As casas vazias são as próprias mulheres! Em uma sociedade machista e patriarcal, esse é o papel que sobra as mulheres, meros receptáculos.

O que houve com a criança raptada? Qual foi seu fim? Chegamos ao final do livro e queremos essa resposta. Brenda Navarro não nos dá. O livro que ela escreveu não é sobre isso. É sobre as casas vazias. É sobre as mulheres que tem sua identidade negada. A criança raptada tem dois nomes e suas mães não tem nenhum.

A maternidade é tratada como mais um dos dilemas pelos quais as mulheres passam. O desejo de ser mãe segue um tabu, bem como a responsabilização completa da mãe pela criança. E o pai? E os avós? Os tios? Os vizinhos? A sociedade em si? Ninguém mais tem qualquer responsabilidade, então cabe a mãe assumir o compromisso de criar um novo indivíduo e para isso ela se anula. Seus interesse pessoais, seus desejos, seus anseios, nada disso importa mais. Torna-se um receptáculo. Uma casa vazia cujo único objetivo é dar suporte a outro indivíduo. A maternidade torna-se mais uma ferramenta de violência contra a mulher.

Se até mesmo a maternidade conseguiu ser deturpada, o que mais podemos esperar? Brenda Navarro nos apresenta todo um espectro de violências contra a mulher, desde as pressões vindas da sociedade e de um contexto familiar tóxico até a violência física explícita sendo que temos até mesmo um feminicídio na história. Formas e mais formas de esvaziar as mulheres.

Assim como a história do livro não tem um final, o tema tratado por ele, infelizmente, também não o tem. O ponto de vista de Brenda Navarro é impiedoso e nos ajuda a pensar melhor o problema. Já passou da hora de permitirmos com que estas casas vazias se preencham e floresçam com tudo de belo que possuem.

Bcoralli 30/08/2022

Recomendo
Não sei se é um livro para todos, não achei tão pesado da forma que falaram, mas trabalho com casos pesados então, é bastante difícil algo me chocar. Porém, é sim uma leitura com temas difíceis para digerir e nenhum personagem é aquele "água com açúcar" tão presente em vários livros, com exceção de Nagore, todos são, de alguma forma, desprezíveis em algum momento do livro. Apesar disso senti a leitura fluida e terminei o livro rapidamente. Bem escrito, lido com atenção é notável perceber particularidades que dá para pensar sobre, como exemplo as "mães" que não tem nomes, as figuras femininas X masculinas e outros tantos pontos.
Só o final que me pareceu corrido,me pareceu interrompido, como se faltasse só mais um capítulo, mas de qualquer forma valeu a leitura.

marina.siqueira 21/10/2023

Um livro doloroso de se ler. Duas casas vazias, tanto física, quanto emocionalmente. Os abusos sofridos pelas mulheres da história vêm independentemente de suas classes sociais, em diferentes apresentações e níveis. De alguma forma, sempre a culpa recai sobre a mulher, seja por um desaparecimento, um aborto, um estupro, uma agressão física, um assassinato. Mas, no final, a culpa está no ciclo de violências impostas a várias gerações por um sistema que não cuida de todas as suas mulheres.

Danielle 13/08/2022

Livro intenso
Livro intenso.
Não é uma leitura muito fácil. Trata de forma direta e alguns temas relacionados a maternidade, além de abordar temas como estupro, sequestro, violência doméstica etc. Me surpreendi positivamente com o livro.

LeonardoGS89 31/07/2022

É um livro que choca! ?
Acabei de ler esse livro e ainda estou tentando digerir tudo, a trama é muito boa, adorei o estilo da escrita e a profundidade das personagens, mas ao mesmo tempo é uma leitura muito pesada e trágica.
A sombrinha vermelha, que tem por objetivo ?proteger?, é o símbolo que estampa o romance ?Casas vazias?, mas o símbolo aqui se inverte: ela é a ferramenta utilizada no sequestro de uma criança de 3 anos, evento central da trama.
O livro, dividido em 3 partes, narra ora a história de uma mulher que tem seu filho sequestrado, ora a história da mulher que o sequestrou. Apesar de estarem em posições diferentes, as duas retratam as inúmeras angústias relacionadas à maternidade e às violências, e suas múltiplas facetas, contra a mulher, apesar do ato horrível da sequestradora, confesso que por diversas vezes torci que algo no final desse certo pra ela, fruto de uma violência, foi apenas isso que ela teve durante a vida, violência, seja da mãe que tentou afoga-la ainda criança, do companheiro que sempre agredia ela.
Recomendo MUITO a leitura, longe de uma visão romantizada sobre a maternidade, ela é apresentada de maneira crua e cruel, violências que passam por gerações, diferentes classes sociais que, ao seu modo, se distanciam e se aproximam na maternidade, tudo isso em uma leitura fluida e bem construída!

?Por isso era o que tínhamos que fazer: sermos as casas vazias para a brigar a vida ou a morte, mas, no fim das contas, vazias? (Brenda Navarro)

Daniela Botelho 21/12/2022

Triste, Triste, Triste
Não sou resenhista, busco apenas contabilizar a leitura. Sobre o livro, acho q não é indicado para quem busca uma leitura de distração. É mt trágico o tempo todo. É interessante e tudo, a leitura é fluida, a narrativa, do ponto de vista linguístico, é diferente e envolvente, mas ainda não sei se gostei. Gostei da escrita, mas procuro leituras mais alegres.

DEA 23/09/2023

Pesado!
A escrita é fluída apesar de ser pesadíssima e o livro é curto, ainda bem.
No entanto não consegui sentir qualquer empatia por alguns personagens, principalmente pela mãe biológica de Daniel. Não gosto de livros que colocam apenas a mulher como vítima da sociedade. No contexto do livro, na minha opinião, as piores vítimas foram as duas crianças, Daniel e Nagore.
Começamos a leitura com a primeira narradora, que não cita o nome, ela se casa aparentemente sem realmente amar o Fran, no entanto tem amantes, sendo um deles, Vladimir, que talvez ela ame. Quando ela perdeu o filho no parque, ela estava olhando no celular, esperando uma mensagem dele, pois ele tinha terminado com ela. O filho tinha 3 anos, é autista e a preocupação dela era o término com o amante ?. Uma pessoa se aproxima, leva o filho e ela não viu absolutamente nada. Desculpe, mas isso me mostra total egoísmo além de falta de responsabilidade e não que isso prova que a maternidade é um peso. Outro ponto, em nenhum momento foi imposto a maternidade para ela, ela simplesmente engravidou e desconfio até que seja do amante e como ela não desejava ser mãe, quando descobriu que Daniel era autista, a situação ficou pior para ela e ela faz vários comentários bem pesados sobre ser mãe.

A segunda narradora, que também não cita o nome, está totalmente fora da casinha e conforme vamos conhecendo os fatos descobrimos vários traumas, mãe que foi estuprada pelo irmão, portanto seu pai era seu tio, irmão que morreu de forma super trágica, depois ela teve um aborto espontâneo, além de ter um marido violento, que sequer queria ser pai, a traía, ela que sustentava a casa e quando ela saiu do hospital ele não cuidou dela.
Daí levanto o questionamento: ela foi proibida de seguir sua vida? foi obrigada a permanecer com ele? foi cobrado a maternidade? Não para todas as perguntas. Ela por si própria tinha um desejo imenso de ser mãe e constituir uma família e diante disso acabou roubando o filho da primeira narradora. Atitude normal? Lógico que não.
Vi inúmeros comentários dizendo como a maternidade é pesada e as mulheres precisam se virar sozinhas etc e indignadas com a situação apenas das narradoras, mas não vi por exemplo, as pessoas incomodadas como as duas tratavam as crianças.
A mãe de Daniel somente percebeu que ele tinha transtorno após seus dois anos, no entanto a Nagore, que era uma criança, percebeu bem antes. Além disso, ela tratava a Nagore com extrema frieza além de bater nela mais de uma vez e a menina ao invés de retribuir, lhe fazia carinho. O fato dela não querer ser mãe, justifica essas atitudes? Para mim não.

Pelo menos a segunda narradora logo de cara percebeu que Daniel (Leonel como ela chamava) tinha autismo, no entanto, isso não a impediu de gritar com ele, xingar e bater pois ele fazia cocô na calça ?.

Acho que o livro se salva por um único ponto, a personagem Nagore. Apesar do seu pai matar sua mãe, ser separada dos avós e ir morar em outro país com duas pessoas que não a amavam, ela era carinhosa com a madrasta mesmo sendo maltratada, cuidava do Daniel, parecia alienada às atitudes negativas dos adultos, não se "contaminando" com isso. Ela é um exemplo de força e coragem. E fiquei imensamente feliz quando ela retribuiu um tapa na madastra, sim vibrei pois ela sofreu inúmeras vezes na sua mão sem poder reagir pois era uma criança.
Por fim Nagore retornou aos avós e espero que tenha tido uma vida mais feliz, leve e com muito amor (esse final ficou em aberto pela autora). Foi a única personagem que eu me conectei.

As personagens narradoras eram egoístas ou para não dizer insanas em certos momentos, principalmente a segunda. Literalmente eram casas vazias, como diz o título.
Rafael é um escroto, acomodado e violento.
Fran não se impõe e acha que apenas fazer provisões para a casa já bastava.
O pai de Nagore que matou sua esposa e foi condenado pelo que fez (foi um ponto positivo).
Daniel infelizmente não teve um bom final e fiquei triste por isso, mas o livro é tão pesado que sinceramente não foquei muito nisso, só queria finalizar o livro.

Quero pontuar uma coisa, não sou mãe, mas cuidei de dois sobrinhos por anos e um em especial desde bebê e apesar da responsabilidade e dificuldade que obviamente tem, era prazeroso para mim. Sempre quis dar o melhor para ele, ser amiga e se pudesse teria cuidado permanentemente, então não entendo, de verdade, essa obsessão em colocar como sendo ruim ser mãe.
Será que as pessoas esperam que seja perfeito ou fácil? ? É óbvio que dá trabalho, afinal, nada na nossa vida é, mas ser monstruoso???? Achei realmente bem pesado esse ponto do livro e por esse e tantos outros motivos, não recomendo essa leitura.

Zé Guilherme 07/02/2024

Dor de mãe(s)?
O que a autora Brenda Navarro tenta fazer aqui, é construir por meio de reverberações entre duas mulheres, uma história sobre as consequências da violência física e psicológica que são impostas pela sociedade a toda mulher que já pensou em ser mãe.

Nem sempre ela acerta, mas quando o faz, o livro é um soco no estômago. Infelizmente achei que a segunda metade perde um pouco o prumo, pois o ciclo de horrores vividos pelas duas personagens torna-se exagerado demais.

Uma boa obra, mas que poderia ser menos pretensiosa, se discutisse de verdade toda a tese apresentada.

Paula A. C. 29/12/2022

Um dos melhores livros da TAG Curadoria deste ano, Casas Vazias expõe o drama de duas mulheres que lidam, de diferentes formas, com as violências do patriarcado.

Debora 17/05/2022

Um mergulho na questão da maternidade para as mulheres
O diferencial de uma feminista e cientista social escrevendo este livro é a coragem de trazer à tona muitas questões que perpassam as mulheres num mundo em que a maternidade é muitas vezes mais valorizadas do que elas próprias.
E mais não digo, para não trazer spoileres. querem uma dica: não leiam a contracapa antes de ler a 1ª parte do livro.
Visceral, profundo, real. Em algumas partes parei com náusea, em outras parei porque chorava, este livro apresenta uma boa história, bem escrita, uma voz própria para cada protagonista em uma realidade que tem de ser conhecida e debatida.

Nadia 20/03/2023

O lado vazio da maternidade!
Livro fantástico, foi impossível parar de ler, pois queria conhecer as visões das duas mulheres que têm sentimentos e versões diferentes da maternidade. E quando se veem diantes dos dilemas e das dificuldades relacionadas ao filho e família tem comportamentos e dores que as deixam tão vazias de si.

Lu Cabral 12/10/2022

a verdade nua e crua
o livro busca relatar o caso de uma mãe que tem seu filho como aparecido X a mulher que sequestra seu filho. no final, toda essa história é sobre a violência sofrida por todas as mulheres na história, em que as próprias mulheres forçam esses comportamentos machistas

o livro é pesado e triste, traz uma desesperança pois não temos um final feliz. a análise no final do livro foi muito boa para aprofundar a história

PITUCALELE 18/07/2022

Casas vazias
Livro de estreia de uma escritora mexicana, essa história mexeu demais comigo, li em dia, mas, tive que parar para digerir as passagens cruas em diversos momentos da leitura. Foi um misto de emoções, desde tristeza ao asco.