Clara 01/05/2022
Muitas vezes nos julgamos tão corretos, que não vemos a realidade em sua essência. Nossos achismos nos fazem tirar conclusões precipitadas e não nos permite ver para além do nosso mundinho. É estranho pensar nessa vertente, o mundo que imaginamos e o mundo real. Nesses momentos vemos o quanto nossa visão é limitada e que estamos buscando realizações no lugar errado, ou nos satisfazendo com migalhas.
John viu o amor acontecer para os seus amigos e em sua cabeça isso era algo que não ia acontecer para ele. Tipo não aconteceu até agora, então porque esperar? Ele tem uma visão muito prática e resolveu apressar tudo. Sua ideia seria arrumar uma mulher confiável e que não atrapalhasse seu estilo de vida. Clássico, casamento por conveniência fadado ao fracasso, né? Na realidade, ele só não queria ficar sozinho e ter nem que fosse um pouquinho daquilo que os amigos tinham. Não é inveja, entende? A solidão nos faz pensar na vida como um todo e por mais pragmático que ele seja, temos nossos sonhos, desejos e expectativas. Então ele optou pela saída mais rápida. Encontrar a pessoa certa é algo raro, quando acontece somos abençoados, pois o amor não deixa as adversidades da vida sobrepujar seus sentimentos, não é uma transação comercial ou um simples tapa buraco.
De uma forma muito fora dos padrões, ele descobriu que a vida escreve certo por linhas tortas, e que o amor surge dos atos mais corriqueiros, despretensiosos ou de situações bem peculiares.
Matilda teve uma vida sofrida, aos 12 anos precisou tomar conta do seu irmão de 2, então acabou se tornando o que a vida fez dela. No pior momento de sua vida foi acolhida pela gangue do Ferman e aquilo lhe deu um propósito. Era uma visão bem anárquica, mas que com o tempo se tornou perigoso demais, porém ela já não podia se afastar, então se tornou a melhor naquilo que fazia. Transformando o ato de roubar em uma arte.
Depois de seu irmão Peter, ter se posicionado e ter ajudado na resolução do sequestro de Penelope, eles precisaram mudar de ares e fugir de Londres, só que um último roubo precisava ser feito.
Tanto ela quanto John não se achavam merecedores de amar e serem amados.
Maud foi abandonada, então acabou se tornando descrente e muito sarcástica quanto ao amor. Porque da mesma forma que o amor nos dá asas, a queda quando acontece é mortal. Então como não ter medo? Ela viu sua mãe sofrer e apesar de não saber os motivos tomou aquilo como verdade. Amar para ela era sinônimo de sofrimento.
O medo pode tanto nos paralizar, quanto nos dar motivos para seguir adiante. É muito gostoso ver os muros sendo quebrados e com as situações mais divertidas e apaixonantes possíveis. John é charmoso e muito carismático, enquanto ela é cabeça dura e obstinada.
Um dos pontos mais importantes para mim na história é a família como base de tudo. Vemos um carinho enorme entre eles. Uma amizade plena, sabe? Sem pretensões e independente de qualquer coisa eles são amigos que se importam um com o outro. O mundo pode cair ao redor, mas o amor e o companheirismo estão presentes. E um outro ponto é o aprender a perdoar e ser perdoado. Tomamos muitas vezes atitudes ruins, mas elas não definem quem somos e o que somos. Esse contraponto de valores foram muito bem pontuados na trama e nos fizeram nos questionar em muitos momentos na leitura.
É uma aventura muito divertida do começo ao fim, mas também uma busca por redenção. Provar para si mesmo e para o mundo que não somos apenas uma coisa e que o amor nos transforma.