Anne__ 25/01/2024
Amei tanto quanto amei a série.
Confesso que o interesse em ler o livro surgiu após assistir a série da BBC (quem não assistiu, faça um favor a si mesmo e presenteie-se), mas amei o livro em cada detalhe. Durante pouco mais da metade do livro sofri para gostar da Margaret. Sua educação, o ambiente onde foi criada e a região onde morou tiveram forte influência na construção da personalidade da personagem. Inicialmente, ela é uma moça presunçosa, preconceituosa e acredita ter conhecimento a respeito de todos os temas da vida (como a maioria dos jovens no início da vida adulta). A forma que ela vê Milton, os industriais da cidade e a população me irritaram um pouco no início. Em contrapartida, o John Thornton ganhou meu coração de primeira. Apesar de não possuir origem nobre, o seu caráter, comportamento, diálogos e ações são dignos de um bom personagem principal. Prendi a respiração durante todas as suas interações com Margaret. O encontro dos dois representa muito bem a junção de dois mundos alheios à existência um do outro, mas que conseguem se conectar de alguma forma. Os valores pessoais dos personagens são bem semelhantes e eles formam um casal, no mínimo, interessante. Gostei muito da combinação.
O enredo se desenvolve de forma levemente tensa durante boa parte do texto, já que tem como plano de fundo o mundo trabalhista em seu estágio "inicial" e levanta debates profundos a respeito das bases em que foi fundado o mundo do trabalho, da forma mais imparcial possível, mostrando as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores e pelos "patrões", além da dificuldade de estabelecer um diálogo que seja equânime para ambos. Essa tensão de fundo só tornou o livro mais fascinante.
Gostaria de ter visto os dois mais tempo juntos (apenas porque sim) e me deliciar com mais diálogos e interações primosas, maaas... É isso.
Os personagens secundários, a não ser pela mãe de John e Higgins são um pouco irritantes. Os pais de Margaret a tratam muito mal e não achei uma interação sensata ou posicionamento adequado para os papeis deles. A tia dela e a prima seguem na mesma linha: egoístas, mimados e egocêntricos. Até mesmo Bessy se tornou uma personagem enfadonha e a todos falta um pouco de senso, mas isso não tira a beleza do livro. Muito pelo contrário, traz um leve alerta para como isso reflete também a realidade de algumas pessoas.
Se você gosta de um livro com um plano de fundo social, muito respeito, personagens principais determinados e uma dose de romance, este livro é para você.