Michele Soares 25/01/2024
A palavra rascante [ou you know i'm not good]
Ouvi falar de Diane di Prima por acaso, num evento literário. Uma colega me falava que era incrível, que eu precisava conhecê-la. E realmente eu precisava. Todos precisam. Quando comprei o livro, um poeta que admiro, Cesare Rodrigues, falou que esse era o livro favorito dele. E lendo percebo que essa frase estava longe de ser um empurrãozinho amigo para fazer uma vendinha e ajudar uma editora independente que admiro [eu teria levado de qualquer jeito, rs]. É poesia de alto nível. Depois de ter contato com a poesia dela me espanta que alguém que tenha publicado tanto, que tenha versos à altura dos que foram publicados aqui en edição bilíngue, seja tão pouco conhecida, conte com tão poucas traduções. A Jabuticaba foi grandona em publicar essa poeta por aqui e a tradução da Fernanda Morse é linda. Você lê hipnotizada pelo seu ritmo, pela disposição das palavras na página, pela beleza atroz, cortante, que me lembra tanto a Sylvia Plath. O jeito dela de falar de amor e de desejo com uma crueza lírica. A elaboração da maternidade, do ser mulher no mundo. O ímpeto revolucionario, o lirismo urbano que desmonta a linguagem por dentro, viola, abrevia, corrompe onde achar certo segundo a liturgia do coloquial. Tudo me encantou. Amei conhecer e vou amar continuar lendo di Prima.