spoiler visualizarNusa 31/03/2024
O homem de palha
A história se passa numa cidade do interior do Alasca em dezembro de 1993.
O detetive Gustavo Prado é designado para uma ocorrência - o velho bêbado da cidade atropelou algo.
Gustavo é o primeiro a chegar à cena da ocorrência. O velho bêbado está desacordado no volante e o para-choque do seu carro está com sangue. A priori, Gustavo acha que o velho atropelou algum animal na estrada e dormiu no volante de tão bêbado que estava. Mas, com uma averiguada mais minuciosa, enxerga no chão, encoberta pela neve, uma jovem ensanguentada e com várias fraturas expostas e cortes profundos na pele. E no volante o velho não está dormindo, mas morto. E na sua boca tem um pequeno boneco de palha.
Depois da autópsia, descobre-se que a jovem atropelada, na verdade, já estava morta e desaparecida há 10 anos.
A narrativa faz alternância entre o passado e o presente.
No passado narra o desaparecimento da noiva de Gustavo que é encontrada semanas depois completamente irreconhecível. É reconhecida apenas pelos objetos e roupas que usa.
A narrativa serve para explicar o homem amargurado em que Gustavo se tornou. Por causa disso, a característica de um homem bem humorado que o autor tenta incorporar no personagem não convence.
Gustavo é incorporado à equipe de investigação do caso do "atropelamento": Alegra Green, no comando do caso, e os agentes Lakota Lee e Lena Turner.
Após esse incidente, várias jovens grávidas desaparecem e aparecem novamente assassinadas e com um boneco de palha no ventre. Então dá-se início a cassada do assassino em série - O homem de palha.
O que se espera e geralmente se encontra em narrativas de assassinos em série? Detetives que se diferem dos demais por conta da sua sagacidade e inteligência a fim de capturarem o assassino, por mais inteligente que ele seja. É o que se encontra? Por incrível que pareça, não!
Por outro lado, parece ser o propósito do autor, pois em um trecho ele descreve: "Não demorou a concluir que todas as ideias seriam barradas sempre no mesmo ponto: não tinha nada a que agarrar-se. Tinha passado uma dezena de dias investigando com a polícia, correndo para diferentes lugares, supondo coisas como se fossem videntes, para que no fim a amarga realidade fosse que não tinha feito avanço nenhum a não ser o fato de terem farejado uma trilha de cadáveres."
É exatamente o que acontece em toda a narrativa, o assassino comanda e direciona todos os passos da polícia, como se fossem meros fantoches. Ficam correndo de um lado para o outro e não chegam a um desfecho. Lhes faltam urgência, comprometimento, sagacidade, inteligência...Eles não conseguem chegar nem perto de salvar alguma vítima ou descobrirem o seu paradeiro. Contudo, parece que não é o que querem, já que resolvem seguir pistas que não vão além dos namorados da vítima.
Lena Turner é a única sagaz da equipe, pois é a única que encontra as pistas da investigação. Contudo, a falta de inteligência de Gustavo e Allegra, que são os que investigam as pistas, os levam sempre a um beco sem saída. Isso também pareceu ser proposital, pois em um trecho Allegra e Gustavo admitem que foi Lena que conseguiu pegar o assassino e que ela se mostrou melhor investigadora do que eles.
Se a história fosse narrada sob o ponto de vista de Lena, certamente a história teria adquirido mais emoção.
Apesar da falta de inteligência de Gustavo e Allegra, a narrativa é boa. Tem algumas conveniências pra se chegar ao fim. Algumas coisas ficaram sem explicação. Os personagens não são de todo ruim. E o final foi bom, mas desnecessário e clichê, se não houver intenção de continuidade.
Por tudo isso, minha nota é 4 estrelas.