Daniel432 15/03/2024
Fim do Império, Fim da Escravidão
Neste terceiro volume, o cerco vai se fechando. Os navios ingleses patrulham o Atlântico Sul em suas duas costas, a africana e a brasileira. Mas para quem deu a volta em Napoleão, engambelar os ingleses é fácil.
O nascente império brasileiro tem no escravizado a sua única “indústria”, a sociedade é ociosa, improdutiva. Para manter o status quo a nova elite, constituída pelos grandes cafeicultores do Vale do Paraíba, alinha-se com a família imperial. Um lado mantém o financiamento da máquina e outro concede títulos e honrarias.
O tempo passa e a pressão inglesa aumenta. O tráfico negreiro é proibido, mas ainda chegam navios carregados à costa brasileira. O comércio fica mais difícil e o preço da “peça” sobe. Alternativamente, aumenta o comércio entre as regiões do país e escravizados de Minas e do Nordeste são vendidos para o Rio de Janeiro e interior de São Paulo.
Num esforço de diminuir a dependência do negro, colonos pobres europeus migram para o sul do Brasil e são agraciados com aquilo que nunca chegará aos futuros libertos, acesso à terra. A Lei do Ventre Livre não tem efeito prático pois a “cria” é dependente e levará anos para “sair de casa”.
Irrompe a Guerra do Paraguai e a hipocrisia está de volta com inúmeros escravizados sendo alforriados na condição de lutarem na guerra.
Por muito tempo o Brasil postergou a decisão de abolir a escravidão e quando o fez, fez de forma atabalhoada, sem atender os anseios de nenhum dos lados. Os escravocratas ficaram sem o “patrimônio” e não foram ressarcidos. Os escravizados ficaram sem nenhum apoio para iniciarem uma nova vida.
Resumo: o império, com certeza, acabou com a abolição da escravatura, mas a escravidão, não.
Pode até parecer interessante ler os três livros em seguida, mas eu não repetiria. A distância entre um lançamento e outro fez com que o autor voltasse a citar certos assuntos e situações, fato que torna a leitura um pouco repetitiva quando se lê todos em sequência.