Três Contos

Três Contos Gustave Flaubert




Resenhas -


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Leila de Carvalho e Gonçalves 02/07/2022

Troix Contes
Com apenas 144 páginas, "Três Contos" é considerado um importante registro da carreira literária de Flaubert. Publicado em 1877, três anos antes de sua morte, o livro levou cerca de dois anos para ser escrito, mas as narrativas que dele fazem parte foram gestadas durante boa parte da vida do escritor.

Conforme afirma Leyla Perrone-Moisés no texto de orelha que acompanha a edição, à primeira vista, não parece haver qualquer conexão entre as histórias, inclusive, elas acontecem em períodos distintos da História: o século XIX, a Idade Média e a Antiguidade. Entretanto, uma análise mais acurada comprova um interessante elo, são histórias de santos, respectivamente, uma santa ignorada, um santo assassino e um santo profeta.

Resumidamente, a primeira narrativa é ?Um Coração Singelo?. Nela, Flaubert conta a vida de Felicidade, ambientada sua Normandia Natal. A protagonista é uma reles criada que, alheia a qualquer pecado, ama tudo e a todos com o mesmo virtuosismo que um spalla toca seu violino. Colocando em pauta a devoção religiosa, no desfecho quem brilha é uma das mais conhecidas personagens do escritor, Lulu, um papagaio. A ave também serviu de inspiração para o livro "O Papagaio de Flaubert", escrito por Julian Barnes, outra boa indicação de leitura.

O segundo conto, "A Legenda de São Julião Hospitaleiro? foi inspirado nos vitrais da Catedral de Rouen, cidade onde o escritor nasceu, entretanto também é produto de uma extensa pesquisa hagiográfica no qual desponta "A Legenda Áurea" obra de Jacobus de Voragine, sendo que história é brutal. Ela enfoca a remissão dos pecados através da prática da contrição e caridade a partir da vida de um parricida e sanguinário caçador. Nas últimas páginas, quem rouba a cena é um leproso, mas há outro aspecto que merece registro: um sonho de São Julião sobre a vida dos mitos fundadores da Cristandade, trazendo à baila o Jardim do Éden e a Arca de Noé.

Já a última narrativa, ?Herodíade?, é uma releitura da decapitação de São João Batista na qual o escritor ameniza o tom religioso do episódio, a fim de revelar uma história absolutamente humana, envolvendo vingança, desejo e o valor da palavra. Discorrendo sobre a vinda de um novo Messias em meio às agitações e intrigas políticas, seu protagonista é Herodes, rei da Galiléia, um homem pressionado por Roma por conta do permanente estado de guerra da região. Se não bastasse, ele ainda precisa conter o clamor dos seus súditos, indignados por ele ter desposado sua cunhada cujo nome intitula o conto. Escrever essa narrativa deve ter sido um desafio para o escritor, pois o caráter histórico relembra ?Sallambô?, um de seus fracassos literários.

Quanto ao livro, ele reflete o cuidado que a edição mereceu da Editora 34. Em capa dura, foi impresso em papel Munken (80g/m2) e com confortável diagramação, veio acompanhado de seis cartões com ilustrações referentes às narrativas. Uma delas é a mesma da capa e exibe Lulu, um papagaio de origem brasileira.

Para finalizar, não é mencionado o tradutor, nem o autor do breve prefácio que acompanha a edição. A ausência das fontes é uma grave omissão para um livro físico ou e-book, daí, o motivo de uma única estrela na minha avaliação. Sem dúvida, caso não fosse esse problema, daria cinco estrelas e das mais reluzentes.
Michelly 02/07/2022minha estante
Flaubert e o seu domínio de fazer ver personagens marginalizados. Eu gosto.


Leila de Carvalho e Gonçalves 02/07/2022minha estante
Também gosto. Aliás, virei fã do escritor, desde que li Madame Bovary na adolescência.




Guilherme Tavares 14/02/2023

Desafio
Meu primeiro livro do autor e devo dizer: Difícil! Talvez, eu não seja um bom leitor ou o livro envelheceu mau. Em todo caso, achei a leitura difícil e arrastada.
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