spoiler visualizarLaís 12/03/2024
ROSA MONTEIRO
P. 16
?Sou generosa com muitas coisas, mas não com o tempo, porque é algo que já não me sobra?.
P. 17
Porque acho que todos escritores pensamos que os nossos livros são melhores do que nós, e neles falamos de coisas que são importantes para nós.
P. 19
Por isso se fala tanto da morte num livro sobre a vida, porque para aprender a viver é preciso, antes aprender a fazer algo com a morte.
p. 21
adoro viver, sou uma pessoa que desfruta muito da vida. Tenho alegria e isso não é um mérito, é algo fisiológico. Devo ter muita oxitocina no corpo, não sei como explicar. É a minha composição química.
p. 27
pois eu escrevo e leio para tentar dar ao mal e a dor um sentido que na verdade sei que não existe. Escrevo para isso, para suportar a vida, para tentar dar-lhe um sentido.
Javier cercas
p. 31
não sei, o que sei é que o escritor não está contente com a realidade, senão não escreve. A literatura é uma forma de corrigir a realidade, a literatura compensa algo, completa algum tipo de carência. Isso me parece evidente, embora ache que isso não acontece só ao escritor. Não há ninguém plenamente satisfeito e acho que lemos justamente para obter, com a literatura, coisas que não podemos conseguir fora dela. A literatura é , digamos assim, um intensificador da vida.
p. 42
A religião é uma mentira feita para conjurar o medo.
Dulce Maria Cardoso
p. 57
Na verdade acho que não há grande diferença entre as vias que vivi, as que li e as que escrevi. Na minha cabeça vão se misturando, e é bom que assim seja. Eu gosto.
Bernardo Carvalho
P. 80
Essa é a diferença da escola para a internet. A escola é o lugar do esforço, aprender física e matemática é um negócio totalmente não natural, que acaba com o prazer, e você tem que fazer um puta esforço. Isso é o princípio do alargamento do mundo, o entendimento não se alarga e você não cresce se não fizer esforço, e se você não unir prazer com esforço não vai a lugar nenhum.
p. 83
Tem uma coisa no terrorista que faz com que ver o prazer do outro seja insuportável.
P. 84
Esse negócio de gostar de viver não tem nada a ver com paz ou espiritualidade, tem a ver com a vida. Vida não é paz, mas é bom. É disso que eu estava falando. O protagonista do livro também parte desse princípio e acaba se fodendo.
Milton Hatoum
p.126
Utilidade como vantagem pratica do cotidiano, nenhuma. O que a literatura tem como força é a educação da alma, é a formação intelectual, é a indagação sobre o mundo. A sondagem da alma humana, o conhecimento do mundo, o conhecimento de nós mesmos, uma espécie de autoconhecimento através da vida dos outros.