Erica 06/11/2022
ao espírito e à alma
Um livro curtíssimo que conta histórias sobre o que é suficiente. Cita os contos de fadas em que os personagens trocam itens para depois descobrirem que foi um ato inútil... não é sobre se desistir ou desanimar, mas sobre ver, acima de tudo o que é material, aquilo que resiste em nosso espírito.
“por maiores que fossem os males da guerra, ela não havia conseguido apagar o sol” (p.20-21)
... o dom essencial da história tem dois aspectos: que no mínimo reste uma criatura que saiba contar a história e que, com esse relato, as forças maiores do amor, da misericórdia, da generosidade e da perseverança sejam continuamente invocadas a se fazer presentes no mundo (p. 9)
É preciso que se saliente também que muitos dos remédios, ou seja, histórias mais poderosas surgem em decorrência de um sofrimento terrível e irresistível de um grupo ou de um indivíduo. Pois a verdade é que grande parte da história deriva da aflição. Deles, nossa, minha, sua, de alguém que conhecemos, de alguém que não conhecemos e que está distante no tempo e no espaço. E, no entanto, por paradoxal que seja, essas mesmas histórias que brotam do sofrimento profundo podem fornecer as curas mais poderosas para os males passados, presentes e futuros. (p.10-11)
“Como os sonhos noturnos, as histórias costumam usar a linguagem simbólica, evitando, portanto, o ego e a persona, para chegar direto ao espírito e à alma que procuram ouvir as instruções ancestrais e universais ali embutidas. Em decorrência desse processo, as histórias podem ensinar, corrigir erros, aliviar o coração e a escuridão, proporcionar abrigo psíquico, auxiliar a transformação e curar ferimentos “ (p. 37)
Não existe um jeito certo ou errado de se contar uma história. Talvez você se esqueça do início, do meio ou do final. Mas um pouquinho de sol nascendo através de uma pequena janela também anima o coração. Por isso, adule os velhos resmungões para que contem suas melhores lembranças. Peça às criancinhas seus momentos mais felizes. Pergunte aos adolescentes os momentos mais assustadores das suas vidas. Dê a palavra aos velhos. Passe por toda a roda. Force os introvertidos. Pergunte a cada pessoa. Você vai ver. Todos serão aquecidos, sustentados pelo círculo de histórias que criarem juntos.
Embora nenhum de nós vá viver para sempre, as histórias conseguem. Enquanto restar uma criatura que saiba contar a história e enquanto, com o fato de ela ser repetida, os poderes maiores do amor , da misericórdia, da generosidade e da perseverança forem continuamente invocados a estar no mundo, eu lhes garanto que... será suficiente (p. 38-39)