Isabella.Wenderros 25/10/2022“Garota ama garoto ama garota”.No Vietnã, My trabalha incansavelmente pelo sustento da família. O emprego é monótono, mas é a única fonte de renda que permite que ela crie a filha pequena e pague as contas de casa. Sua vida muda drasticamente quando é convidada por uma desconhecida para ir até os Estados Unidos conhecer seu filho e, se tudo der certo, chegar ao altar com ele até o fim do verão. Incentivada pela própria mãe e pelo sonho de um futuro melhor, ela parte com o objetivo de conquistar esse homem. Para facilitar a adaptação nesse novo país, My recebe o nome de Esmeralda.
Khai tem sua rotina perfeitamente projetada, mas isso muda quando sua mãe entra pela sua casa carregando caixas de frutas e afirmando que encontrou a mulher ideal para ele. Apesar de ser uma ideia absurda, a moça já está chegando e ele não tem escolha além de ir até o aeroporto e deixar que ela fique na sua casa até que o prazo termine. O problema é que a presença de Esme bagunça sua vida e se antes Khai estava satisfeito em seu universo particular, agora percebe que aquela mulher de sorriso fácil se encaixa perfeitamente no seu mundo.
Na nota, a autora fala sobre como a ideia original era fazer da Esme a terceira parte desprezada de um triângulo amoroso – ela seria a mulher contratada pela mãe de um homem para se casar com ele, disposta a tudo para agarrar esse marido, mas que acabaria sozinha. Fiquei muito contente que a Helen decidiu seguir por outro caminho. Não amei esse aqui como aconteceu com o anterior, gostei dos personagens individualmente, mas o casal não me conquistou.
Casamentos arranjados fazem parte do meu pódio de clichês favoritos, fiquei bem empolgada quando vi que o livro gravitava ao redor disso, então foi decepcionante notar que não estava gostando. Senti alguma conexão com a protagonista, mas, principalmente nos primeiros capítulos, fiquei com a sensação constante de que o Khai estava sendo manipulado. Mesmo quando ela decide andar com as próprias pernas e construir para si uma vida independente dele, ainda não curti de verdade a leitura. Toda a interação entre eles – justamente por eu ficar vendo manipulação em cada toque – me deixou com a sensação de superficialidade. Tentei demais deixar essa impressão de fora, procurei entender os motivos que faziam com que Esme mentisse sobre várias coisas – Jade, principalmente –, porém, não deu certo. Como é essa mulher que está lutando para se encontrar, foi ela que ganhou destaque para mim, mas Khai é ótimo de acompanhar enquanto descobre mais sobre si e seus sentimentos conforme a relação entre eles vai se desenvolvendo.
O que eu gostei foi o fato dessa mocinha ser alguém que nasceu em um país pobre, que vivenciou a verdadeira pobreza, que não teve nem a chance de terminar os estudos, mas que era esforçada e sabia que tinha valor. Assim que uma chance aparece, não é desperdiçada. Quando essa oportunidade se mostra incerta, ela não desiste e procura por outra direção que possa levar até um destino melhor – a determinação dela é inquestionável. Quando é dito que Esme foi inspirada na mãe da própria autora, fiquei ainda mais impressionada.
Posso não ter amado, mas o ponto positivo foi me deixar ainda mais interessada em Quan e ansiosa pelo momento de conhecer esse personagem de perto.