Camila 07/10/2023
Ciranda de Pedra
Primeiro romance de Lygia Fagundes Telles, escrito na década de 50. Segundo livro dela que leio e ainda mais envolvente do que As Meninas (que é espetacular). Seja pela época em que foi escrito, seja por retratar um universo machista sob o cândido olhar feminino, Virgínia, personagem principal da obra, toca o leitor. Divido em duas partes, o livro traz a história de uma família cindida pela traição e desestruturada pela criação. Na primeira parte Virgínia, ainda criança, observa o duro mundo a sua volta e tenta, desesperadamente, obter os afetos que lhes são tão duramente negligenciados.
Como bem destacou Silviano Santiago no Posfácio da obra, ?o processo de inclusão de Virgínia na família será, na verdade, a forma mais terrível de aniquilamento de sua personalidade em formação.? Na segunda parte, já jovem adulta, mas ainda bastante inocente, Virgínia retorna ao núcleo familiar do qual sempre se sentiu excluída com o objetivo de desmascarar a farsa familiar.
Nesta fase, Virgínia é apresentada a dureza da vida e descobre, com grande tristeza, que ninguém é bom ou mal o tempo todo. Todos carregam uma pequena parte de cada lado dentro de si.
Lygia desenhou uma heroína que cativa e encanta o leitor, ao mesmo tempo que nos desperta a vontade de protegê-la.
??Já que é preciso aceitar a vida, que seja então corajosamente?.
?Não há gente completamente boa nem gente completamente má, está tudo misturado e a separação é impossível. O mal está no próprio gênero humano, ninguém presta. Às vezes a gente melhora. Mas passa?.