Histórias

Histórias Heródoto




Resenhas - Histórias


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tiagonbraz 02/10/2022

Histórias, Livro VI - Érato, de Heródoto
"E quando souberam que Cleômenes havia efito essas coisas, os lacedemônios ficaram inquietos e permitiram que ele viesse para Esparta e exercesse as mesmas funções de antes. E imediatamente após ele ter chegado, foi acometido por uma doença delirante, porque também antes já estava um pouco louco; pois caso encontrasse qualquer cidadão espartano, ele o atacava no rosto com seu cetro. E como ele fazia isso e agia insensatamente, os seus parentes o prenderam em uma madeira."

Em território mais familiar e com significativamente menos digressões, o Livro VI das Histórias de Heródoto é uma leitura mais fluida e mais interessante, quando comparada aos volumes anteriores. O autor continua a narrativa das Guerras Persas, primeiro com a infrutífera Revolta da Iônia contra o Império Persa, passando pela expedição de Mardônio a mando do rei Dario contra a Hélade, e finalizando com a célebre Batalha de Maratona.
A partir do final do último livro (V - Terpsícore), o Rei persa Dario consegue derrotar os iônios revoltosos, escravizando-os. Assim, expande ainda mais seu império, passando a controlar a costa leste do Mar Egeu e eventualmente o território do Helesponto. Tal expansão, somada ao auxílio dos helenos aos iônios dissidentes, teve como consequência o embate direto entre Persas e Gregos.
A primeira investida persa contra a Hélade ocorre com Mardônio, que naufraga em Atos e perde trezentas naus e mais de vinte mil homens; a segunda, com Dátis e Artafernes, chega mais longe, capturando Náxos, Erétria e as Ilhas Cíclades. No entanto, ao investirem na região Ática (onde fica Atenas) contra Maratona, os atenienses partem para defendê-la e conseguem vencer o exército persa na Batalha de Maratona. Atenas, antes do embate, buscou ajuda de Esparta, que não ajudou os atenienses devido a estarem em celebrações; os espartanos chegaram na batalha após seu término, apenas para parabenizar os atenienses - o que não será ignorado pelos autores posteriores, que censuram ou zombam da atitude espartana.
A lenda da origem da prova "Maratona" diz que Filípides, mensageiro ateniense, correu 42km de Maratona a Atenas para dizer: "Nenikēkamen!" (Vencemos!), e morreu logo em seguida. Apesar de uma boa história, é provavelmente falsa, e construída séculos depois. Heródoto não faz menção alguma a tal ocorrido, e retrata Filípides como o mensageiro que foi a Esparta buscar auxílio para a batalha (240km). Ele não retrata mensageiro algum que correu a Atenas avisar da vitória; o que ocorreu foi que, após a derrota, os persas fugiram para suas naus e tentaram atacar a cidade de Atenas; os atenienses em Maratona, então, tiveram de correr os 42km que separam as duas cidades para defender Atenas.
Outros relatos interessantes no livro são a primeira descrição de petróleo de que se tem registro, e a descrição de um provável transtorno psicótico que acomete Cleômenes, citada acima, e que culmina em seu suicídio. Especificamente sobre a edição, mais uma vez belíssima, mas com alguns pequenos erros de informações nas notas de rodapé, que acabam confundindo o leitor ainda mais - o que já não é difícil, em se tratando de Heródoto. Por fim, recomendo fortemente a leitura acompanhada de um mapa das guerras persas, o que facilitará e muito a contextualização dos acontecimentos.
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