Alisson Augusto 03/04/2012
Insight - Roberto Campos Pellanda
RESENHA PUBLICADA NO BLOG 'UM LIVRO SECRETO': www.umlivrosecreto.blogspot.com.br
Cinco crianças misteriosamente desaparecem após um passeio no zoológico. É um acontecimento que chama de toda a comunidade e também da impressa e quando a policia de São Paulo entram no jogo fatos estranhos começam a surgir. Três delas, repentinamente, se tornaram religiosas — a ponto de usarem crucifixos e ir à igreja diariamente — e também dizem ver um homem que ninguém mais vê, alem delas, sempre — esse homem seria Gengis Khan, um famoso, e cruel, conquistador chinês. É assim que Insight, de Roberto Carlos Pellanda, nos é apresentado. Tudo leva a crer que estaremos frente a um livro cheio de mistério e descobertas reveladoras, entretanto...
Tudo no livro é instigante ao leitor: a sinopse, a capa, o nome; tudo — e foi tudo isso que levou meu interesse ao livro. A leitura, em suas 167 páginas, flui de uma maneira deliciosa. É o tipo de livro que você lê sem ver, em pouco tempo e não tem nada a reclamar sobre partes chatas, confusas, etc. Em suma, o livro é desapegado, mas isso soa estranho quando o livro instiga, em seu todo, mistério, não?
Vou começar pelos personagens principais — e os únicos que achei relevantes na trama. Paulo e Miguel, os detetives responsáveis pela investigação, me deram há impressão o tempo todo de apenas meramente ligar os fatos que outras pessoas passam para ele. É mais ou menos assim: alguém — um outro detetive, uma psicóloga, um policial — vem e conta o que tem até agora sobre o caso e bem, eles vão tomar um café e chegam a uma conclusão, simples assim. Nada de por a mão na massa, pesquisar, e quando o fazem, uma ou duas vezes, não é nada satisfatório.
Os fatos, também, parecem muitos rasos e sem explicação: simplesmente aparecem. Alguém esbarrou em algo e pronto, lá estava justamente à peça que ajuda Paulo e Miguel a ir solucionando o mistério. Em meio a isso, a ‘corrupção’ em Brasília entra no jogo e também não é relevante — é apenas uma peça que não é bem utilizada pelo autor, em minha opinião. Também há trechos da vida pessoal de ambos os detetives e esses são as únicas pontas soltas no livro; nada que estrague.
Gostei especialmente do desfecho do caso. Essa foi à parte do livro que mais me impressionou, pois não é nada convencional e nos faz pensar como as coisas acontecem e mudam quando alguém com poder — financeiro, jurídico, político — entra em jogo. Esse foi um tiro certo do autor.
Minha opinião final sobre o livro é que ele poderia ter sido mais complexo, o que só o melhoraria, claro. Ele vem, cumpre seu papel, mais sem marcas. Fatos que eu achei realmente interessantes são respondidos sem qualquer surpresa e isso me decepcionou um pouco. É um ótimo livro nacional, mas que poderia ter sido mais detalhado e que supriria interesses que ele mesmo abriu. Recomendo, sim. Leitura gostosa, fácil e bem escrita. Mas faltou aquele Q.