spoiler visualizarMariana 04/04/2023
Se eu tivesse ficado só com o ebook, como foi meu plano inicial pra ler esse livro, ainda estaria perdida até agora, mas peguei o audiobook e só aí fui entender que eram dois personagens diferentes e só porque eram dois narradores.
Em momento nenhum somos apresentados aos personagens pelos nomes, eles são "o cara de Shobrakheit" e a "mulher americana", a história dos dois é bem rasa individualmente e ainda sim eles são personagens que são fáceis de se odiar. Ela sai de Nova York pra se "descobrir" no Egito, pra se conectar com as origens dela e a todo momento é perguntada a razão disso, já que as pessoas de lá estão se matando pra sair e nem ela mesma sabe se explicar. Ela é do tipo de mulher que acha que está se revoltando contra a sociedade não se depilando e raspando a cabeça, e se comportando como uma estrangeira fica se questionando como as pessoas sabem que ela não é de lá, por que será né?
Ele também se mudou da cidade natal, mas acha que egípcios que se mudaram do país pra tentarem uma vida melhor valem menos que merda, já que eles deveriam continuar no país e sofrerem como todo mundo, se alguns não conseguiram, ninguém pode também. Ele é uma redflag ambulante, desde o primeiro momento que temos contato com ele dá pra ver isso, e a americana consegue ver também e mesmo assim se envolve com ele. E ela fica "eu sei que ele é misógino, mas ele é sensível e gosta de ser a conchinha menor depois do sexo", procurando problema pra ela mesma.
O relacionamento já começa ruim, na primeira vez que eles "dormem juntos" ele estupra ela, ela várias vezes pede pra ele parar e ele continua e como é ponto de vista dele, ele acha que ela tá amando e só tá se fazendo de difícil porque é estrangeira. Depois disso ela ainda tem coragem de continuar esse "relacionamento" e deixar ele ficar dentro da casa dela, ele não trabalha, não move um músculo pra ajudar ela em nada e ainda é viciado em drogas. Obviamente depois de um tempinho ele começa a controlar ela, não pode chegar um minuto que seja mais tarde em casa, quer mandar no que ela vai vestir e como deve agir na casa que ela paga e se vira pra sustentar os dois. Quando eles tem alguma discussão, fica bravinho e quebra as coisas dela, etc. E ela não tem um amigo pra alertar ela, os dois da cafeteria/restaurante fingem não saber que algo tá errado ou não se importam com ela o suficiente.
Um dia ele decide ir embora, porque ele "não é assim violento", aí ele rouba as coisas dela. Ele começa a perseguir ela todo dia e planejar como vai voltar pra vida dela já que ele "ama ela", até que o momento de salvador dele chega, ela fica grata/com pena, já que ele não está nas melhores condições e ajuda ele novamente dentro da casa dela, mas ela já estava conhecendo outro homem e quando ele descobre tenta matar ele e dá errado.
Até eu que nunca estive no Egito sei que a autora exagerou muito na miséria (e também vi muitos criticarem), e mesmo se fosse assim, o cara fica bravo e faz protestos contra os que estão tentando uma vida melhor ??? É completamente louco. O final é completamente desnecessário, podia ter encerrado o livro quando ele morre.