Flavio.Vinicius 22/03/2023
AMARGOSO
A personagem vai ganhando vida aos poucos à medida que o livro avança, e com o tempo me senti amigo confidente de Taís Dorá. As dores e as delícias, as dificuldades para aceitar-se e aceitar o que o mundo lhe fizera, a sensibilidade ao tratar dos muitos temas, os livros que leu, os aprendizados que escutou da Dona Selma, em Arraial D'Ajuda (BA).
O estilo é claro e direto, feito numa prosa lírica que lembra a sonoridade da poesia. Ao final do livro, o estilo da prosa se altera e o leitor se depara com uma surpresa advinda da mudança na voz narrativa.
A capa e a diagramação são elogiáveis, o livro é adornado pelas ilustrações de Fabiana Azeredo. O desenho lembra um cabelo, ou peruca, transformado em mulher, e o feminino surgido a partir desse cabelo (peruca). Os caracteres no interior do livro são vermelhos, assim como a capa, em combinação com o título da obra, que chama ao vermelho amargo de uma dor, uma ferida. A diagramação dá espaços para anotações, e valoriza o texto, destacando-o.
Gostei bastante do livro e da forma íntima como a história vai sendo contada, semelhante a um diário ou a um desabafo para um amigo.