spoiler visualizarSandra Silva 29/05/2023
AnaMi já tinha plena consciência de sua finitude, e nesse último livro, por mais que ela desejasse que não, parece que ela intuía que seria o último.
Aqui, além das memórias sobre suas vivências enquanto paciente paliAtiva, como ela faz muito bem em seus dois primeiros livros, temos também dicas ótimas para enfrentarmos situações de doença, sejam elas como pacientes ou como cuidador, familiar, amigo.
Ver a pessoa além da doença faz toda a diferença.
Assim como o ser humano não se resume a sua raça, orientação sexual, escolha política, também não se resume a condição causada pela doença.
Assim como outras, o câncer vai progredindo. Às vezes de forma rápida, avassaladora, mas, no caso da AnaMi, com mais possibilidades de reorganização da rota, do tratamento.
Lembro quando meu avô recebeu o diagnóstico de Alzheimer, e em uma conversa com a minha mãe eu disse que aos poucos a doença progrediria. Um esquecimento aqui, não voltar para casa porque esqueceu o caminho, depois a dependência, até as pequenas coisas, como engolir a comida? não é fácil! É doloroso demais? para ambos os lados.
Com esse livro, AnaMi sem querer deixou uma aula de como se portar diante desse muro de dor. Como ir escalando ele aos pouquinhos? Às vezes dá pra chegar no topo e ver toda a beleza que ele esconde? mas às vezes a gente escorrega, se rala todo, mas tem que buscar forças para começar tudo de novo.
Para mim, o mais doloroso desse relato foram as decisões tomadas com a mãe. Sei nem o que dizer? o prefácio dela já me desidratou? o diálogo para escolher a última roupa?
Esse é um livro, assim como os outros dois, para ser lido, relido, relido, e lido de novo?
AnaMi, eu sei que você faz parte de tudo agora.. suas palavras provam isso!