D.Clop: O dia que nunca existiu

D.Clop: O dia que nunca existiu João Victor Neves Fernandes




Resenhas - D.Clop


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Marcos Nandi 27/04/2023

Vale tudo pela verdade?
Ganhei esse livro do meu sobrinho hahha segundo o mesmo, o autor do livro é iniciante,tem dezesseis anos e a edição foi totalmente independente.

Apesar do livro precisar de algumas revisões ortográficas(não há menção de revisor/a no livro, porém, ele está melhor que muitos livros de editoras grandes com mais de um revisor), é um livro bem escrito, um português até adulto para um adolescente, e também tem ilustrações belíssimas feita pelo próprio autor.

Ilustrações são coloridas, o que encarece o valor final do produto.

O livro se indica como um romance de fantasia, mas eu ouso dizer que é uma distopia. Já escrevi para um blog o que distopia significa, e nada mais é do que uma história que foge do padrão de normalidade de certa realidade.

E no caso do livro, a vida dos personagens seguiam determinado fluxo, até que algo acontece ou é descoberto, e mistérios são revelados e cai o véu de uma certa ilusão. Em outras palavras, a realidade é despertada.

O autor, como ele mesmo diz ao final do livro, bebe de diversas fontes como 1984 e revolução dos bichos, mas ele bebe também de outras fontes como admirável mundo novo e Fahrenheit 451.

Exemplo: a queima de livros de determinada cena me lembrou Fahrenheit 451. A "adoração" de um suposto "Deus" chamado Klaus (Lembrou o grande irmão e o Ford de admirável mundo novo) e também as regrinhas que a república estabelece me lembrou muito a revolução dos bichos.

Acho isso interessante.

É bom saber que esse clássicos ainda reverberam em livros modernos. Não acho ruim. Mas é um alerta aos novos leitores. Não comparem as obras, pois são livros diferentes e escrito para públicos diferentes.
É aconselhável vestir sua capa de adolescente e ler o livro como se adolescente fosse. Isso é ideal para a suspensão da descrença.

Além disso, é importante ressaltar que a história principal é bem intrigante. Mas as histórias secundárias, acho que deveriam ser melhor aprofundadas ou explicadas, já que perdem o sentido. Toda a história da eleição é muito abrupta. Não há explicação de como funciona o sistema eleitoral. Me senti numa montanha russa! Do nada, o autor insere a questão eleitoral, sem preparação do chão para sustentar as consequências que advém da eleição para o presidente. Até então não havia presidente? Mesmo o universo sendo uma república? O autor tentou fazer uma coisa à lá Platão?. Essa parte me deixou confuso, mas isso não prejudica, ao meu ver a história.

Outro ponto que podia ser trabalhado, é a relação entre os personagens (pode ser spoiler: mas exemplo, personagem X que se sente atraída pelo personagem Y sem saber porquê disso. Mas depois é revelado o motivo). Mas isso vem com o autor adquirindo experiência.

Não me incomodou, mas gostaria de ver a figura da polícia. Num momento é explicado que não há tantos crimes, ok, não me incomodou. Mas seria interessante ter uma figura que representasse um poder maquiavélico e repressor.

Tenho que comentar que eu ri da personagem Hilda e de sua religião. É bem divertido.

Mas vamos falar sobre a história principal, a qual, eu gostei bastante:

Como mencionei, na minha visão, a história é uma distopia, já que aos poucos a realidade daqueles personagens vai se desconfigurando numa descoberta atrás da outra.

Numa jornada de herói, o protagonista que pertence a um universo, vai ter uma jornada para concluir, e esse protagonista, geralmente, é um "inútil" dentro daquele sistema. Um exemplo clássico, é o senhor dos anéis. Onde há uma jornada que Frodo terá que percorrer. Frodo é um Hobbit. Ou seja, dentro do universo daquela história, um ser pequeno, fraco.

O que remonta outras histórias, como a do próprio Jesus Cristo da religião judaico/Cristã e nas epopéias como Iliada e Odisseia, de Homero. E aqui não é diferente: Noah, é um jovem de dezesseis anos, que não tem talento e que também, terá que descobrir mistérios que nascerão numa jornada.

Explico: Todo ser deste livro, os chamados D.Clop, possuem talentos. Uns prevêem o futuro,outros curam, um tem habilidade de realizar acordos (achei isso genial), mas Noah não tem talento algum.

Os seres deste livro, tem uma estrutura própria, eles não possuem rostos, em seu lugar, usam máscaras (as ilustrações do autor ajudam a entender esse conceito), eles não se alimentam de forma tradicional, a fala é realizada quase de
forma mecânica. Enfim, é bem interessante essas características.

Outra característica que não passa despercebida, é a questão da saúde desses personagens. Na sua maioria, todos possuem algum distúrbio como ansiedade, TOC etc. Isso me deixou um questionamento: Será, que essas doenças psico/psiquiátricas, é o contraponto ao talentos?. Como se fosse uma fraqueza, um calcanhar de Aquiles?.

Voltando ao plot da história, o momento da revelação da jornada do herói de Noah, se dá,quando ele está numa biblioteca e se depara com um livro que até então, ele nunca havia notado. A partir daí, começa um entrevero, onde o protagonista começa a questionar as coisas e a atual estrutura daquele universo ficcional, que teve um colapso diante de um evento chamado "banquete de Klaus".

Esse banquete, a grosso modo, dividiu a estrutura que governava o país e que havia definido a proclamação da república e o sistema oligárquico (por isso não faz sentido as cenas da eleição). E muita morte. O banquete matou muita gente e realizou uma verdadeira cisão!.

Porém, esse evento foi super recente (25 anos), mas nenhum morador se lembrava. Começando assim um rebu entre os cidadãos e uma pergunta surge: o que se tem para além das montanhas?.

O autor flerta com questões filosóficas, como a fraqueza que uma democracia pode ter, o quão corrupta uma república pode ser (mesmo sendo democrática), a contradição da democracia (que ainda é o melhor regime político),etc.

E a própria questão da verdade, que é estudada desde antes de Sócrates . E que hoje em dia, com tantas informações falsas, está em eterno conflito.

Existe uma verdade universal? Válida para todo o espaço e tempo?

O Noah talvez seja um personagem que ousa ir pela linha de Aristóteles. Cuja verdade absoluta, é aquela mais próxima da verdade e que qualquer sacrifício vale a pena para descobri-la.

Enfim, essa resenha não serve para desmotivar o autor. Ao contrário! Ele deve continuar escrevendo (e desenhando), da mesma forma que deve continuar lendo, se inspirando, e crescer intelectualmente.

O moço tem talento!.
escritorjoaovictor 21/02/2024minha estante
Olá! Fico muito contente que você tenha captado a essência por trás da história e algumas ideias que eu quis passar ao leitor, fora o enredo. Só depois de ler novamente a cena da queima de livros que eu percebi a referência descarada de Farenheit 451 kk.
Realmente agradeço por você ter feito uma resenha do meu primeiro livro e concordo quanto aos defeitos que você apontou. Hoje em dia, antipatizo com o estilo de escrita, com questões não muito bem pensadas e com o desenvolvimento dos personagens, embora esses aspectos não tornem o livro totalmente ruim, especialmente considerando que foi o primeiro que produzi, com pouca experiência e conhecimento sobre o assunto. Apesar das falhas, considero-o um livro aceitável para o meu primeiro trabalho como escritor.
Se eu fosse corrigi-lo, tanto por causa dos erros de português quanto pela escrita, teria que reescrevê-lo por completo, o que acredito que faria perder a "essência" de ser o meu primeiro livro escrito aos 16 anos, ou algo assim. Mesmo assim, isso não me impede de criar uma versão mais coesa em algum outro momento.
Gostaria de aproveitar este momento para mencionar que recentemente publiquei o meu segundo livro, "D. CLOP: O Silêncio das Memórias Perdidas", que é uma prequência d'O Dia que Nunca Existiu. Tive que corrigir alguns aspectos desconexos que coloquei na primeira obra, mas consegui adaptar o segundo livro para que fizesse sentido com o anterior. Também estou trabalhando na terceira obra, que narrará a história após a primeira, já que pretendo formar uma trilogia com esses livros, a Trilogia D. CLOP.
Ressalto novamente que sou muito grato por você ter dedicado um tempo para escrever uma resenha maravilhosa do livro. De certa forma, acabo preferindo críticas a elogios, pois me incentivam a sempre melhorar como contador de histórias e escritor. Muito obrigado!


Marcos Nandi 22/02/2024minha estante
Quero comprar o segundo livro, porque realmente gostei muito do livro.




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