Luan 29/05/2023
Como Matrix
Quando assisti Matrix, ainda criança, minha cabeça explodiu. Achava que viver em uma realidade virtual seria incrível. Sequer pensei nas questões filosóficas. Só queria poder saber ?lutar sem treinar? e fazer o que eu quiser. Revi o filme várias vezes (amo até hoje) e mudei de opinião, é claro. No entanto, não acho que o Luan criança estava tão errado assim.
Em Parasita Eletrônicos, Pietro traz os mesmos dilemas de Matrix e me fez considerar, novamente, uma questão: seria loucura escolher uma realidade melhor do que a que temos?
Não precisamos ir longe para responder essa pergunta. Me diga: você prefere trabalhar ou ver uma série? Prefere lavar a louça ou ir ao show de sua banda favorita? Prefere fazer exames de rotina ou nunca ficar doente? Se parar para pensar, há poucos motivos para não escolher a pílula azul ? no mundo virtual, você fará apenas o que gosta. Ver a realidade como ela é, ou viver ?a verdade?, tem poucos atrativos. E, se em um determinado momento, a humanidade tiver que escolher entre viver em uma realidade virtual (uma ilusão perfeita) ou em uma realidade física (a verdade imperfeita), ela, sem dúvida, escolherá a primeira.
Veja, isso não é ser pessimista. É ser lógico e realista. Se pudéssemos, nos livraríamos do desconforto, da dor e da doença sem pestanejar, independente do ensinamento que esses conceitos podem nos trazer. A história da medicina é um combate contra morte. A história da ciência é um combate contra a ignorância. A história da religião é um combate contra a inexistência e o caos. A gente vai escolher a singularidade virtual. Não tenho dúvida.
Agora, isso vai ser ruim para quem?
Já entrei nesse mérito no meu livro, Fim das Religiões. Pietro, por outro lado, tem sua resposta. Parasitas Eletrônicos é uma história instigante, com um ritmo delicioso e que nos premia com um final, na minha opinião, incrível e original. Não é pesado ou denso; é, de certa ótica, uma obra divertida. Recomendaria para todos os públicos, inclusive para crianças e adolescentes.
Como uma boa ficção-científica, entretém e faz refletir. Exatamente como Matrix.