Lucas 10/06/2023
É bom. Mas esperava mais.
Antes de começar esta resenha, uma pequena contextualização é necessária: a cada trimestre, cristãos da Assembleia de Deus debruçam – se em um tema exposto em treze lições a serem estudadas nos domingos. Como forma de ajudar os professores e alunos com um conteúdo adicional, a cada nova lição as Casas Publicadoras das Assembleias de Deus publicam um livro com subsídios... como este aqui.
Ao longo de treze capítulos, o doutor Douglas Baptista caminha com os leitores apresentando as ameaças que se apresentam ao ensino ortodoxo da Palavra de Deus: deturpações de ensinos bíblicos, banalização da vida e questionamento acerca da visão bíblica do corpo. E nesse ponto, é preciso ser justo: no geral, o autor consegue transmitir a sua mensagem com uma combinação de clareza e erudição singulares.
Mas a questão é que não há nada de novo aqui. Sério: se você tem livros de apoio como o “Valores Cristãos”, do mesmo autor ou o “Os Ataques Contra a Igreja de Cristo” do José Gonçalves, você não precisa tanto deste material. É impossível escapar da sensação em diversos momentos de “eu já li isso aqui” e isso estraga um pouco a experiência de leitura. Além disto, é inegável que em alguns momentos o autor adota posições um tanto quanto problemáticas: a título de exemplo, na página 123, como forma de comprovar a existência de uma perseguição religiosa institucionalizada em nosso país, Baptista conclui algo de um decreto sancionado recentemente pelo governo que não pode ser encontrado nesse decreto, nem pode ser inferido diretamente deste; é uma possibilidade extraída do autor que é vendida como um fato concreto – e isso, particularmente, causou certo incômodo.
Em todo o caso, apesar dos percalços, a leitura até vale a pena. Mas, a sensação de que poderia sair mais daqui é algo que vai acompanhar o leitor até depois da leitura desta obra.