No vestígio

No vestígio Christina Sharpe




Resenhas - No vestígio


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Boy Dorameiro 18/08/2023

Muito interessante
Sharpe tráz um novo olhar sobre o tema, revigora a discussões dentro da temática e mescla memórias com análise social atual do racismo estrutural (os vestígios do passado) com a história da escravidão nos navios transatlânticos (o passado-atual)
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Paulo 10/09/2023

Duas de algumas das definições que Christina Sharpe traz para "vestígio": o rastro deixado na superfície da água por um navio; uma região de fluxo perturbado.
Resumindo direto e a grosso modo e em outras palavras, o vestígio ao qual Christina Sharpe se refere é o que ficou após a escravidão. Legalmente extinta há mais de século (observação minha: ao menos na maior parte do mundo), mas ainda existente sob outras formas; mencionando a autora: é um passado que não é passado, é um passado que ainda é presente. Assim, esse não é "só" mais um livro nos dias atuais, de debates inescapáveis, sobre racismo, sobre o que é o racismo nos nossos atos e falas conscientes ou inconscientes, Sharpe consegue trazer perspectivas lógicas incríveis que penso que poucas pessoas seriam capazes de formular, principalmente se não fizerem uma relação com partes específicas da história, realmente nos deparamos com reflexões nunca expostas antes.

Baseando sua elaboração sobre esse vestígio na história, mais especificamente nos tumbeiros (navios infernais que levavam pessoas negras escravizadas e que navegavam por muitos mares), em obras de literatura e instalações artísticas, Sharpe enxerga o vestígio (da escravidão) nas situações contemporâneas que as pessoas negras ainda sofrem, além das óbvias e corriqueiras mortes por policiais e das injustiças legais, e demonstra esse vestígio, embora ele seja óbvio, fazendo relações temporais. Por exemplo, de alguns arquivos de tragédias Sharpe encontra em um sobre o terremoto de 2010 no Haiti uma foto de uma menina negra deitada com uma tira de papel colada na testa que diz "Navio", aí Sharpe traça o paralelo com a história: o negro sendo destinado pelos colonizadores aos navios, o antepassado da menina é o navio, é com uma marcação na testa que ela está destinada a um navio, é em barcos, balsas e navios que, hoje, migrantes fogem da miséria e corrupção de suas terras e quando seu precário meio de fuga afunda ou pega fogo no meio do oceano eles são deixados à deriva por horas ou dias mesmo tendo sido avistados pela marinha (não importa de qual nação) ou por turistas ricos, é a vida/desumanização do Negro (Negro/Negra/Negres, letra maiúscula da autora) após a escravização. Sharpe relata, se baseando em arquivos, sobre um tumbeiro na época da escravidão (legal) que arremessou escravos ao mar por causa de uma suposta vindoura falta de água, essas pessoas, aliás, constam em registros da época como "negro", "idem", idem, idem, não têm nomes, eram mercadorias sobre as quais os donos podiam ter seguro; outra das definições que a autora traz para "vestígio": a perturbação causada por um corpo nadando ou sendo movido na água.

Christina Sharpe se baseia em tantas obras, arquivos e fontes que praticamente todas as páginas têm notas de rodapé, o que soma para fazer a leitura mais extensa e relativamente dificultosa, também se soma a isso algumas informações que me pareceram soltas ou repentinas que não consegui entender, talvez referências que se espera que o leitor tenha, ou simplesmente é necessário um/uma nível de leitura/compreensão acadêmico/a. Apesar disso, a obra não deixa de ser certamente proveitosa e "inovadora" na reflexão da existência negra após a escravidão até a atualidade.

A editora Ubu lançou uma edição muito bonita no Brasil, e agradeço a Ana, representante da editora, por no meio de uma conversa na livraria (horário de trabalho) sobre o livro e sobre a autora ter sido convidada para a FLIP 2023 tirar um exemplar - lacrado - da bag e me dar. Eu li, Ana.
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Rodrigo Kimura 13/12/2023

Para refletir sobre racismo
A autora te apresenta argumentos que te faz sentir muita raiva pelo mundo ser injusto como é. Te mostra do que a ambição e antipatia humana é capaz. Precisamos melhorar muito como sociedade, se é que somos capazes.
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