Fogo nas Encruzilhadas

Fogo nas Encruzilhadas Rodrigo Santos




Resenhas - Fogo nas Encruzilhadas


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Luis 11/09/2022

Lona de Cinzas
Conheci Rodrigo Santos no confuso mundo virtual do Twitter. Não lembro exatamente como o achei, muito provavelmente através de algum post ou curtida de uma de nossas admirações comuns, o Mestre Luiz Antônio Simas. Passamos a nos seguir até que em abril desse ano, em uma roda de conversa (posso chamar assim ?) no selo Miudinho Meu Bem, lá na Prainha, nos conhecemos pessoalmente. No mesmo dia se deu o meu primeiro contato com a sua obra, o celebrado romance “Macumba”. Que encontro feliz.
Naquele mesmo dia, o Bardo de São Gonçalo nos deu um rápido spoiler da aventura seguinte do Detetive Ramiro, o herói de “Macumba” e, em poucas semanas, soltou na praça esse incandescente “Fogo nas Encruzilhadas” (Periferias, 2022).
Embora, como já escrito, seja uma narrativa de fatos posteriores ao livro anterior, “Fogo” pode ser lido como um romance independente sem qualquer prejuízo ao entendimento da trama e ao deleite da escrita, que não perde em nada ao ritmo vertiginoso de “Macumba”, mas que aqui traz um elemento lírico que não escapa ao leitor mais desatento e, em muitos momentos, embaça a vista.
Dessa vez Ramiro, alçado a estrela da Policia Civil após a solução das mortes nos terreiros, se vê às voltas com um serial killer incendiário, que tem como alvo pessoas em situação de rua. Assim como em “Macumba”, os acontecimentos do presente são intercalados com um passado sombrio e triste, que mais a frente se torna a chave para a solução do caso. Nessa construção, Rodrigo faz uso de um episódio trágico que marcou a história da cidade de Niterói e também da sua São Gonçalo : o incêndio em 1961 do Gran Circus Americano, no qual cerca de 500 pessoas morreram. História, por sinal, muito bem contada no excelente “O Espetáculo mais triste da Terra”, do jornalista Mauro Ventura.
Logo nas primeiras páginas, nos é apresentada a personagem Tonha, uma das crianças sobreviventes do incêndio. Tonha, uma menina pobre e negra, ganha de presente ingressos para ir com os pais ao espetáculo. Fascinada com os palhaços, os animais e toda a magia circense, é tomada de pavor quando subitamente as chamas se propagam. Seu pai a pega nos braços mas, ao tentar escapar em meio à multidão, é derrubado e Tonha segue sozinha para fora da lona onde inicia a procura por seus pais. Só consegue amparo por seu misterioso padrinho que a guia ao local onde fato seus pais podem ser encontrados : um caminhão repleto dos corpos pisoteados e carbonizados. A pequena Tonha, em choque, se aninha nos braços de ambos pela última vez. Uma das cenas mais fortes que já li.
Ao longo da vida, Tonha segue sendo orientada e protegida por seu padrinho até que sua história cruza a de Ramiro.
“Fogo nas Encruzilhadas” também é um policial fora do padrão não só pelo recursos, já trabalhados com êxito em “Macumba”, de incorporar à história elementos das religiões de matriz africana, não de forma alegórica, ressalta-se, mas como componentes fundamentais da narrativa, como também pelo final, que apesar de trazer a solução do caso, é propositadamente inconcluso quanto aos dilemas familiares de Ramiro e que abrem a brecha para um desde já aguardado terceiro volume.
Ao ser perguntado sobre os motivos de ter começado a escrever, Rodrigo respondeu que, entre outras razões, queria ver retratado os cenários e personagens que compunham a sua realidade nos livros, algo que não via até ali. Desde então,o Bardo gonçalense vem construindo uma obra que amplifica a sua voz e sua comunidade muito além dos limites da Baia de Guanabara. Ecoa por continentes, países, cidades e principalmente, pelas encruzilhadas.
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Liu 12/09/2023

Já havia lido o Macumba, obra que antecede esta e nos apresenta estes mesmos personagens.
Gostei ainda mais deste, porque, sim, há todas as questões reigiosas e "sobrenaturais" abordadas no anterior, mas como trata de um crime real, tudo parece muito mais concreto, mais palpável. Acho que as histórias de Ramiro tinham que virar série - de TV inclusive. Ansiosa pelas próximas!
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PatrAcia146 03/12/2023

Haja coração
Inspetor Ramiro mais uma vez deixando nossos corações aflitos, na caçada por um assassino cruel de pessoas em situação de rua. O final é um Deus nos acuda porque deixa um fio para o próximo! Os ansiosos, como eu, que lutem!
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