Ualace 16/03/2024
Quando Um Livro Envelhece Como Vi...nagre!!!
Essa resenha é mais pra me lembrar de nunca mais reler nada do Pedro Bandeira na minha vida do que por qualquer outra coisa. Esse livro não é muito procurado hoje em dia segundo o Skoob, e eu só posso agradecer por isso, mas isso faz essa resenha ser um pouco inútil. Mas vai que alguém pensa em dar uma chance pra esse livro e passa por aqui. Vou ficar na esperança da pessoa ler minha resenha antes e se economizar desse livro péssimo.
Há alguns anos eu reli os quatro primeiros livros dos Karas, também escritos por Pedro Bandeira, por nostalgia, e pra poder ler os dois últimos que eu nunca tinha lido. E tirando o primeiro volume, todos os restantes foram pura decepção. Tanto que eu até escrevi uma resenha sobre o desfecho da série, se você quiser pode dar uma olhada lá...
Enfim, esse mês eu estou meio que isolado em casa por conta de um assunto religioso, então estou usando esses dias pra ler bastante, já que não tem muito mais que eu possa fazer, e durante essas leituras tenho pensado em livros antigos que eu gostava na infância e na adolescência, e acabei me lembrando desse. Resolvi dar uma chance pela memória afetiva que eu tinha da história... E bem, que tragédia... Não vou me julgar nem me culpar por gostar tanto desse livro antes, porque eu era uma criança quando li. Mas tenho bastante culpa pra depositar no autor desse livro...
A Marca De Uma Lágrima conta a história de uma garota de quatorze anos que se apaixona perdidamente pelo primo que ela não via há anos em questão de trinta segundos de conversa. Logo depois que ele tira a melhor amiga dela pra dançar, a pré adolescente acha uma boa ideia se embriagar no jardim onde está acontecendo a festa de boas vindas do primo, e lá ela passa mal e é beijada, bêbada e sem consentimento, por um garoto não tão misterioso assim, mas que ela pensa pelo livro inteiro se tratar do próprio primo.
Não vou me estender mais sobre o enredo da história, porque a resenha não é pra pontuar isso. Mas quero dizer que fiquei ENOJADO com a releitura desse livro, onde Pedro Bandeira pejora e romantiza assuntos seríssimos. Não tive problemas com as cenas de masturbação e sexo implícito (essa segunda num sonho, mas aconteceu) que são descritas nesse enredo com uma pré adolescente, porque a puberdade é o momento onde a pessoa começa a descobrir seu próprio corpo e sexualidade, e não dá pra ser hipócrita com relação a isso. Mas me incomodou MUITO lembrar que essas cenas foram escritas por um homem de meia idade colocando sua personagem totalmente a mercê da figura masculina, sem a menor liberdade de expressão sexual.
Também me incomodou demais a quantidade de pejorações a respeito de uma personagem plus size, como se ser gordo fosse um crime de estado. E existem diversos momentos onde ele insinua o suicídio como um escapismo ao coração partido da personagem, como se uma desilusão amorosa fosse um fator primordial pra mais nada na vida de alguém ter sentido ou propósito, então a solução é acabar com tudo.
Além disso, é explícito que os pais da protagonista simplesmente não se importam com ela, e fim. Fica assim...
Enfim, eu teria muito mais defeitos a pontuar nessa história irresponsável, mas como sei que raramente alguém vai ler essa resenha, porque é pouco provável que alguém procure esse livro pra ler hoje em dia, graças a Deus, quero deixar essas palavras registradas aqui pra me lembrar que Pedro Bandeira é um daqueles autores que eu gostava muito na infância, mas que envelheceram pessimamente, e que ler qualquer coisa dele atualmente nunca vai ser uma boa ideia.