Vitor.Gabriel 13/04/2024
MEMÓRIAS SÃO FANTASMAS AGUARDANDO ORDEM.
Memórias são fantasmas aguardando ordem ou a voz de Marina: ?Memórias pesam, mas nos tornam quem somos?; foi uma cota de conclusão que tive ao fim dessa história de leveza profunda relativa à identidade do leitor com a obra.
Introspecção, meu primeiro contato com a prosa de Marina Stolfi, narra uma história que julguei de auto-perdão de uma personagem ilhada à própria cabeça; uma garota que acorda em si mesma, mas sem ego suficiente para tal. O pontapé da história: ?O que te define quando não há mais lembranças??
Por fantasmas quis dizer além das memórias que por si são a dor do acordo das suas experiências, falo dos elementos míticos presentes nesse palácio mental sobre a dita cuja jornada de autoconhecimento e entendimento das falhas suas e alheias. Ora, ?O que a dor te ensina quando você finge não ouvir??.
Artio, Fenrir e Airavata ajudam a responder para essa garotinha convicta, mesmo que não pareça. E se não, essa história de liberdade de si estaria estagnada.
Ainda por fantasmas detalho as lutas contra si mesmo. Um negacionismo a uma identidade imoral inerente a ser, existir, viver. Posto nossas dificuldades, inseguranças e pior: injustiças impostas. Introspecção fala sobre esses temores quando expostos demais, explodidos que em reação, Marina usa da amnésia como metáfora para fuga da realidade. Mas esse estopim não é todo desnecessário, pois
como Len, acredito na intuição intrínseca à verdade. Que no fato doloroso de estar às minhas próprias maneiras, conjecturo razões de bom costume. Enfrento minhas imperfeições com valores universais - ou tento. Destarte, além da minha cabeça, uma amanhã chega seja eu sentado ao algodão ou concreto.
Sempre ambígua, a narrativa segue por ousadas divagações introspectivas que pouco respondem, mas respondem à consciência. Pois as respostas do Eu não te darão, mas as achará sob uma doçura salgada aventura junto dos que acreditam em você.
Enfim, uma história que recomendo para pessoas grandes e pequenas, crianças e adultos, pois crescer é mancar até a velhice.
Aos que se sentem vazios, Marina responde : ?A beleza contida no vazio, é a possibilidade, o que poderá surgir depois?; como sempre verá, caro pensabundo, com palavras juvenis que tocam gentis sombras velhas de mau agouro.