Resenhas - Sonetos

Bruno Oliveira 09/10/2023

A FLOR QUE PERDEU TODAS AS PÉTALAS AINDA É FLOR?
Sonetos, da portuguesa Florbela Espanca reúne, justamente, só esse tipo de poema em um só livrinho. Há tanto sonetos de suas publicações em vida quanto sonetos de suas publicações póstumas. E essa overdose de sonetos nos revela de forma cristalina o tipo de poetisa que ela é: trágica. Florbela é poetisa que canta (chora) de si, há um quê de romantismo, há um quê de simbolismo em seus poemas; seu eu-lírico lamenta as perdas, as mágoas, a incompletude, a falta; nós nos enternecemos com ela e bem junto dela em praticamente todos os sonetos. Florbela sangra bem ali na sua frente e quer que você a veja sangrar, convidando-te a ficar ali com ela, como se o colo dela fosse (e é) um que te entende e te aceita, sabe? Existe conforto entre os que sofrem por demais? Aqui, certamente, parece que sim. Florbela Espanca lembra Anaïs Nin e Marguerite Duras quando se trata de se expor. Narcisista? Sim. Contudo, diferentemente das outras, esta bela flor aqui anseia pela calma do sepulcro.