Reginaldo Pereira 20/04/2024
Loucura ou sanidade? A resposta não é simples!
Que jornada?. caramba, que looonga jornada! Foi a obra que mais demorei para terminar de ler, e não tanto pelas 1.600 páginas (já li obras maiores em menor tempo), e sim pela densidade e morosidade da leitura? Mas terminou, e a sensação é gostosa de poder dizer ?eu li Dom Quixote?!!!
É uma obra densa, pesada, muito pela escrita mais rebuscada da época - aliás, a tradução de Sérgio Molina realmente é fantástica - mas também pelo desenrolar da história.
O primeiro livro (são 2 livros, escritos com 1 década de diferença entre eles) me pareceu ser o mais enfadonho, sobretudo no princípio, quando as histórias eram muito monótonas e cansativas. Apenas quando novos personagens começam a aparecer, a obra fica um pouco mais dinâmica! O segundo livro é um pouco mais interessante e fluido, até mesmo por conta da tal história (real!) da obra fake que saiu à época e que Cervantes simplesmente destrói em sua história verdadeira!
E enfim, os personagens: Dom Quixote e Sancho Pança são únicos! O primeiro na sua loucura encantadora e o segundo na sua graciosa lealdade! Formam uma dupla de companheiros que nos dá vontade de conhecer na vida real!
A loucura de Dom Quixote é o pano de fundo desta obra grandiosa, e o mais interessante é como ela própria nos faz refletir sobre até que ponto a vida não poderia ser muito melhor vivida longe da lógica e das muralhas que nos impõe a realidade que julgamos ser sã. Talvez por isso Cervantes acabou por não ?matar? seu personagem (e acreditem, isso não é spoiler!), passando a mensagem que a vida a qual ele levou como cavaleiro andante pode sim ser a melhor de todas? inclusive eterna!