Resenhas - O Mito da Caverna - eBook Kindle

Rauecker 29/02/2024

O mito da caverna
Retirado do livro mais famoso de Platão ?A república?, temos ?o mito da caverna?, alegoria essa que acredito que todos conhecemos, pois faz parte da educação básica brasileira.

Pois bem, o livro é um diálogo entre o mestre Sócrates e seu aluno Glauco (também primo de Platão), e esse diálogo é bem uma aula de Sócrates onde ele começa com o famoso mito da caverna que tanto conhecemos, porém isso só dura entre as primeiras páginas e começamos os devaneios do que é o conhecimento e como devemos tratar a ciência na educação, por onde começar e que caminho trilhar, para não vivermos nas sombras do conhecimento para sempre.

Gostei muito do livro pois tomou rumos que eu não esperava, mesmo conhecendo muito bem a alegoria da caverna, deu pra ter uma ideia de que muitos que citam a passagem não fazem ideia de qual era o foco de Sócrates e tampouco pegaram a essência do raciocínio.

Muito teórico, porém não é difícil de ler. Recomendo fortemente.

Citação preferida:

?Glauco - Você me mostrou uma imagem estranha, e eles são prisioneiros estranhos.
Sócrates - Como nós.?

Mahalia 29/12/2023

Atual e com debates necessários
Gostei muito da leitura. Me surpreendeu a forma como o texto foi construído: no lugar de uma "história" que conta a "libertação" daqueles aprisionados na caverna e que vivem nas sombras, há uma reflexão de Platão - por meio um diálogo figurado entre Sócrates e Glauco -, sobre questões muito mais profundas. O filósofo traz temas sobre, por exemplo, educação, Estado, sociedade e outros. É impressionante a atualidade da discussão e a forma como essas temáticas (citadas acima) são disputadas ideologicamente, até hoje, nos dias atuais - a exemplo do que entende Platão sobre a misoginia, onde Estado deve ser capaz de abarcar tanto homens, como as mulheres de maneira igualitária! Outro debate importante é a dialética como mediação principal para analisar realidade, alcançar a verdade, criar e responder às hipóteses... Resumindo: de romper com o mundo visível/sensorial/ilusório e chegar à essência do real. Além disso, a forma como o filósofo entende o Estado é outro ponto muito interessante: aqueles que ocupam as cadeiras como governantes nos espaços de liderança (normalmente os privilegiados da elite, com acessos a estudos, por exemplo), devem se livrar das amarras do individualismo (dos favorecimentos aos interesses individuais e da busca pelo poder) e se dedicar à coletividade, ou seja, deve-se buscar a equidade na sociedade, levar educação aqueles aprisionados nas cavernas, o diálogo, pensar o bem comum, etc... Pois, somente assim, o Estado estaria cumprindo seu papel perante a sociedade, alcançando, dessa forma, a justiça. Sensacional.