Kauê 02/12/2023
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?Os deuses não pagam o preço pelos seus erros. Os mortais sim. Os deuses, tal como os ricos do mundo, impõem as suas agendas àqueles cujas vozes não são suficientemente altas para falarem por si próprios. As mulheres. Os fracos. Os indesejados. E ninguém grita por quem mais precisa. Por que eles fariam isso? Gritar por outro é arriscar-se a perder algo. E o homem não consegue ver além da profundidade do seu próprio reflexo."
Uma releitura do famoso mito das Górgonas, criaturas monstruosas capazes de petrificar qualquer pessoa que olhe para ela. Uma história que faz justiça à Medusa, que sempre foi retratada injustamente como uma criatura cruel e implacável: os monstros criaram a Medusa, mas ela não nasceu deles, lemos no prólogo. E de fato é clara a impotência da Medusa diante das decisões divinas e o seu mal-estar, a ponto de levá-la a pensar que só com a morte poderá ter paz. A Medusa não tem fome de vítimas e estas são apenas o resultado da sua autodefesa. Hannah Lynn conta o mito dando espaço a duas figuras: principalmente Medusa e depois Perseu, e depois alternando seus pontos de vista na narração dos acontecimentos. O estilo é simples e fluido. Senti um pouco de pressa no epílogo e também teria gostado de um final que incluísse o destino das outras Górgonas, que desapareceram completamente. No entanto, acabou sendo uma leitura agradável. Recomendo!